Canções densas e repletas de poesia, que versam sobre o amor ausente em diferentes ritmos, gêneros, épocas e culturas — é o que aguarda o público no show Canção do Amor Distante, da maestrina e cantora Ana Salvagni e do violonista Eduardo Lobo, na próxima terça-feira, dia 14 de maio, a partir das 20h, no Instituto Pavão Cultural, em Barão Geraldo, Campinas. O ingresso custa R$30 por pessoa.
O show é composto de 12 arranjos para voz e violão que constituem uma “saudade cantada”, como definiram os músicos à época do lançamento do álbum homônimo, em que interpretam produções nacionais e de artistas de outros países. Um destaque é a Canção I, inusitada parceria de Zeca Baleiro e Hilda Hilst, baseada em Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio, uma série de poemas da escritora que faz parte do livro Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974). “Que não venhas, Dionísio/ Porque é melhor sonhar tua rudeza/E sorver reconquista a cada noite/Pensando: amanhã sim, virá” é um dos versos, magistralmente interpretado pela dupla.
O repertório conta ainda com Adeus, Eulina, de Catullo da Paixão Cearense, Chora Coração, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim e Contrato de Separação, de Dominguinhos e Anastácia. O trovador nordestino é evocado em Cantiga de Amigo (Elomar Figueira Melo). O samba canção e a marcha são representados por Punhal (Guinga e Paulo César Pinheiro) e Entrudo (Carlos Lyra e Ruy Guerra). Com ritmo mais marcante, destacam-se Morna (Vinicio Capossela), Apaga o Fogo, Mané (Adoniran Barbosa), Viajera del Rio (Manuel Yánez) e Chequerê (Sinhô).
“O Pavão foi concebido como um espaço para as mais diversas artes, mas começamos com as visuais, por serem mais próximas do nosso universo como arquitetos atuantes em expografia. É, portanto, um privilégio recebermos Ana Salvagni e Eduardo Lobo para esse show. São artistas premiados, com carreiras consolidadas, que vêm mostrar seu trabalho num espaço novo que agora se abre para a música. Apostamos que será um espetáculo lindo, tendo por cenário nosso espaço expositivo, as telas do Sérgio Niculicheff (cuja mostra Etérea Concretude está atualmente em cartaz) e o entusiasmo em começar uma nova fase com novas propostas e parcerias”, comenta Teresa Mas, responsável, junto com Mario Braga, pela programação do Pavão.
“Canção do Amor Distante foi totalmente produzido em Campinas e lançado em 2016 pela Tratore. O álbum teve direção musical de Eduardo Lobo, produção de Ana Salvagni e a participação dos músicos Matteo Ricciadi (clarinete), Chico Santana (percussão), Paulo Freire (viola), Fernanda Vieira (marimba), Carlinhos Antunes (cuatro venezuelano) e Thibault Delor (contrabaixo). A gravação foi viabilizada numa bem-sucedida campanha de financiamento coletivo. O conteúdo está disponível nas plataformas digitais Spotify, Deezer, iTunes e similares.
Sobre os músicos
Graduada em Regência pela Unicamp em 1994, Ana Salvagni atua como cantora e regente de corais. Iniciou sua carreira no ano da formatura, integrando o Trio Bem Temperado, ao lado de José Eduardo Gramani e Patrícia Gatti, grupo com o qual participou do CD Trilhas. Em 1998, passou a atuar no duo Viola e Voz com o violeiro Paulo Freire, com quem também montou o espetáculo infantil Cantigas, Histórias e Brinquedos de Roda.
Em 2017 e 2018 participou, como professora e regente, do projeto Oficinas de Música Caipira com o violonista Ricardo Matsuda e o violeiro João Paulo Amaral, desenvolvido na Escola Estadual Francisco Barreto Leme, em Campinas. É regente dos corais locais Da Quinta e Avis Rara. Também se dedica a escrever crônicas e poemas, tendo publicado os livros Janela sem Tranca (2006, com prefácio de Chico César) e Fotos do Espelho (2013, com texto de apresentação de Carlos Vogt).
Tem quatro CDs gravados: Ana Salvagni (1999), Avarandado (2005), Alma Cabocla (2009) e Canção do Amor Distante (2016). O terceiro CD, Alma Cabocla (direção musical de Edson Alves), é fruto de uma pesquisa sobre o compositor Hekel Tavares, selecionado pelo programa Petrobrás e posteriormente premiado como Melhor Álbum na categoria Regional na 21ª Edição do Prêmio de Música Brasileira.
Violonista, guitarrista, compositor, arranjador e doutor em música pela Unicamp em 2018, Eduardo Lobo mescla as vivências artística, acadêmica e docente. Integra o Quatro a Zero, um dos grupos vencedores do 7º Prêmio VISA (em 2004), com o qual tem cinco discos lançados, duas turnês europeias (Portugal, Holanda e França), uma passagem pelo Guimarães Jazz Festival e turnês nacionais ao lado do bandolinista Joel Nascimento.
Participou do grupo de música instrumental Ideia de Antes, com o qual lançou um disco homônimo em 2014 e tocou no Brasil e Uruguai. Desde 2011 faz dueto com o pianista e pesquisador Rafael dos Santos, com quem lançou o disco Viajante (2016) e se apresentou, em 2012, no Club du Choro de Paris e, em 2018, no encontro da American Musicological Society em San Antonio e na Universidade da Flórida.
Tem se apresentado ao lado de importantes nomes da música, como Toninho Ferragutti, Nailor Proveta, Carlinhos Antunes e Nelson Latif. Pesquisador, no doutorado, da obra do compositor Radamés Gnattali, realizou a digitalização, a revisão e a interpretação dos Concertos Cariocas 1 e 3, lançados em CD em 2016 com a Orquestra Sinfônica de Campinas. Publicou livros didáticos para cavaquinho elaborados em parceria com educadores do Projeto Guri, de São Paulo.
Canção do Amor Distante
Ficha técnica
Voz: Ana Salvagni
Violão: Eduardo Lobo
Arranjos e direção musical: Eduardo Lobo
Produção: Caju Cultura | Produção executiva: Júlia Conterno
Duração: 60 minutos
Serviço:
Data: 14 de maio
Horário: 20h
Local: Instituto Pavão Cultural (Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708, Cidade Universitária, Barão Geraldo. Campinas, SP)
Ingresso: R$30
Telefone: (19) 3397-0040 (atendimento das 10h às 18h)
Outras informações:
Facebook: @cancaodoamordistante
CD Canção do Amor Distante – Ana Salvagni & Eduardo Lobo