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Paciente conta desafios para manter estudos em dia durante tratamento de câncer

Campinas, por Kleber Patricio

Lara contou com o apoio pedagógico do Boldrini e voltará para escola em agosto. Fotos: divulgação.

Passar por um longo tratamento, como o de câncer, é extremamente desgastante. Para uma criança na fase escolar, o processo pode ser ainda mais desafiador. No entanto, o estímulo à continuidade aos estudos fortalece a perspectiva de futuro e a certeza da continuidade da vida. Um exemplo de caso em que o aprendizado escolar foi mantido no hospital é o da jovem Lara Fernandes Cavalcanti, de 13 anos. Em setembro do ano passado, ela descobriu que estava com Leucemia e já no dia seguinte começou o seu tratamento no Centro Infantil Boldrini, hospital filantrópico infantil, localizado em Campinas, que é referência em tratamento onco-hematológico na América Latina. Como mora em Catanduva, a quase 300 km de Campinas, Lara precisou se afastar da escola, onde cursava o 7º ano.

Como a jovem é apaixonada pelos estudos, sua mãe, Sônia, entrou em ação e, com a ajuda da Sala de Apoio Pedagógico do Centro Boldrini, garantiu que Lara não perdesse o ano. “A Lara é extremamente estudiosa e tem paixão pela escola; então, a diretora, as amigas mandavam as tarefas para ela pelo Whatsapp para ela poder fazer com o auxílio da equipe de pedagogia do Boldrini. Muitas vezes, eu mesma conseguia trazer a lição de Catanduva para o Hospital para ela estudar”, conta Sônia.

Durante meses, foi assim a rotina da estudante. “No começo, foi muito difícil, mas fui acostumando. Não perdi o contato com os meus amigos, nem professores. Até a diretora da escola tenho no meu Whatsapp. Cheguei até a fazer uma prova de matemática enquanto estava internada no Boldrini e fui bem, viu”, lembra Lara. Lara entrou no estágio de manutenção, quando passará a visitar o Centro Boldrini com menos frequência. A partir de agosto, ela volta a frequentar a escola e se diz pronta para o desafio. “Foi muito importante eu ter o apoio pedagógico do Boldrini enquanto eu estava internada. Não parei de estudar e vou voltar para a escola preparada para acompanhar a turma”, finaliza.

DEBATES

Pensando em ajudar cada vez mais crianças como Lara a seguirem com os estudos, mesmo com o tratamento de uma doença grave, o Centro Infantil Boldrini realiza o evento O Hospital como Espaço Educacional, voltado para educadores, a fim de promover debates sobre educação, saúde e inclusão. Em pauta, temas como: a importância do vínculo nos pacientes portadores de doenças crônicas; distúrbios visuais na infância; o olhar do professor nos primeiros sintomas do câncer infantil; vivência hospitalar da criança e do adolescente e perspectivas de futuro para crianças e adolescentes com condições especiais de saúde.

De acordo com Luciana Mello, pedagoga do Boldrini, o objetivo, com a realização do encontro, é capacitar os profissionais da educação para que voltem seus olhares também para a saúde da criança. “Os professores e educadores são parceiros do hospital nos cuidados com a criança. Primeiramente, quando nos alertam para os primeiros sinais e possíveis sintomas das doenças e, posteriormente, quando os alunos já são pacientes, os educadores passam a ser também cuidadores. Então nada melhor do que estreitarmos nossos laços profissionais, entre ambas as áreas”.

O encontro é organizado pela equipe de Pedagogia do hospital e acontece ao longo de todo o dia (das 8h às 18h), no próprio Boldrini. As inscrições custam R$55,00 e podem ser feitas pelo site pedagogiaevento.vouparticipar.com.br. Toda a renda do evento será revertida ao Centro Boldrini.

Confira a programação:

Manhã:

8h – Credenciamento

9h – Solenidade de abertura com Dr. Amilcar Cardoso

9h30 – Conferência: A importância do vínculo nos pacientes portadores de doenças crônicas. Dra. Mônica Veríssimo.

10h30 – Conferência: Distúrbios visuais na infância. Dra. Maristela Palazzi

11h30 – Mesa redonda: Educação, Saúde e Inclusão. Participantes: pedagoga Cibelle Bittencourt, psicóloga Sarah Silva, enfermeira Gerusa Mendes. Mediadora: Paula Takaezu

12h30 – Almoço

Tarde:

14h – Contação de História com Griots : O sumiço dos tomágicos

14h30 – Conferência: O olhar do professor na compreensão dos primeiros sintomas de câncer pediátrico. Dra. Camila Daiggi

15h30 – Mesa redonda: Caminhos da educação na vivência hospitalar da criança e do adolescente. Participantes: pedagoga Débora Ciotto, artista plástica Nina Mazzon, assistente social Virgínia Morais e paciente convidado. Mediadora: pedagoga Paula Takaezu

16h30 – Coffee break

17h: Conferência: Perspectiva de futuro para a criança e o adolescente em condição especial na saúde. Pedagoga Luciana Mello

18h – Encerramento: Dra. Silvia Brandalise.