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Professor da USP ministra em Campinas palestra sobre impactos da tecnologia na infância e na adolescência

Campinas, por Kleber Patricio

Valdemar Setzer orienta sobre o uso excessivo da internet e alerta sobre o alto risco de criação de dependência, o perigo de predadores e o excesso de liberdade. Fotos: divulgação.

Conhecido pelos alertas que tem feito sobre os impactos negativos dos meios eletrônicos no desenvolvimento e na vida social das crianças, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Valdemar W. Setzer ministra no sábado, 17 de agosto, na escola Aldeia Akatu, em Campinas, a palestra O impacto dos meios eletrônicos na educação, no lar e na escola, e a pedagogia Waldorf, o que fazer? Entrevistado nos programas Roda Vida e Provocações, ambos da TV Cultura, Setzer propõe reflexões profundas sobre o momento atual da sociedade e sobre como o homem precisa estar consciente das implicações desencadeadas pelo uso excessivo da tecnologia. Os ingressos devem ser adquiridos na secretaria da escola Aldeia Akatu.

A Escola Associativa Aldeia Akatu oferece a pais, educadores e pessoas interessadas no tema uma reflexão a respeito da relação entre os impactos dos meios eletrônicos e o desenvolvimento do ser humano. Esse enfoque alinha-se com a proposta da escola, que segue a Pedagogia Waldorf, fundamentada na Antroposofia – um método de conhecimento do ser humano e da natureza introduzido pelo austríaco Rudolf Steiner no início do século XX.

A Pedagogia Waldorf comemora mundialmente 100 anos e nunca esteve tão atual diante das questões que acercam a contemporaneidade. As escolas Waldorf são verdadeiras ilhas de respeito ao ser humano e ao desenvolvimento da criatividade social, artística e intelectual. Como pedagogia, procura integrar de maneira holística o desenvolvimento físico, espiritual, social intelectual e artístico dos alunos, com o objetivo de desenvolver indivíduos livres, integrados, socialmente competentes e moralmente responsáveis. Uma de suas características marcantes é o fato de não se exigir do aluno o cultivo precoce do pensamento abstrato. As aulas são um preparo para a vida, a fim de que cada um, dentro da sua autonomia, tenha capacidade para lidar com a vida adulta com flexibilidade, capacidade de questionamento e responsabilidade. Desse modo, o ser criança, o brincar e a criatividade – longe dos celulares, videogames e computadores – são estimulados o tempo todo, para que a curiosidade natural da criança e do jovem seja trabalhada, favorecendo seu desenvolvimento intelectual e de autonomia para encontrar soluções e o impulso de conquistar o mundo por intermédio da sua própria vontade.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicada em junho de 2017 pela revista científica PLoS ONE indicou que atualmente 43% dos alunos têm propensão a se tornar viciados ao uso de smartphones; entre estes, 35% são de fato dependentes e utilizam o aparelho de forma excessiva. Dentre os problemas causados por esse excesso, estão o distúrbio de sono, dores de cabeça, dificuldade de concentração, ansiedade, depressão, transtornos comportamentais e queda do rendimento escolar e, como pesquisa publicada na revista científica Nature em 2018 demonstrou, até mesmo problemas de postura que antigamente só apareciam na velhice.

Entre outros impactos negativos, estão a dessensibilização social, excesso de peso e obesidade, indução ao consumismo, diminuição do rendimento escolar, prejuízo para a criatividade e perda da capacidade de concentração, que já são apontados como preocupação mundial e entre os principiais problemas causados pelo uso excessivo ou precoce da tecnologia. Sobre a dependência, até o Ministério da Saúde já vem fazendo campanhas sobre o tema, assunto que em alguns países já é identificado como doença.

Segundo Setzer, o papel das famílias e da escola é fundamental para verificar cada aparelho quanto à sua utilidade e forma de utilização educacional, o prejuízo que pode causar e que atitude pais e professores devem tomar frente a ele, especialmente em relação ao comprometimento do pensar, sentir e querer, base da pedagogia Waldorf, e tomar consciência de suas reais influências no ser humano.

Sobre Valdemar W. Setzer

Professor titular aposentado, mas ainda ativo, no Departamento de Ciências da Computação da USP. É autor de 12 livros técnicos e educacionais no Brasil e no exterior. Tem ministrado inúmeras palestras sobre temas relacionados aos rumos da educação, filosóficos e técnicos. Membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Sociedade Antroposófica no Brasil. Mais detalhes, artigos e entrevistas em seu site: www.ime.usp.br/~vwsetzer.

Serviço:

Palestra O impacto dos meios eletrônicos na educação, no lar e na escola e a pedagogia Waldorf: o que fazer?

Artigo:  https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/meios-e-pedago-Waldorf.pdf

Data: sábado, 17 de agosto

Horário: das 9h às 12h30

Local: Escola Associativa Aldeia Akatu – Rua João Batista Grigol, 80 A – Barão Geraldo, Campinas

Contribuição: R$30 (individual) – ingressos na secretaria da escola

Informações e inscrições: (19) 99643-7381 com Silvia.