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Sete grupos de estudantes representam o Brasil em conferência global em Roma

Roma, por Kleber Patricio

para ajudar a combater a violência contra a mulher, alunas de Sapiranga (RS) criaram o clube feminista “E se fosse com você?”. Foto: divulgação.

Encontrar mais de 1.500 crianças e jovens para pensar novas formas de transformar o mundo – é isso que sete grupos de estudantes do Brasil irão fazer em Roma, de 27 a 30 de novembro, na Conferência Global “Eu Posso”, organizada pelo Design For Change, rede presente em 65 países e da qual faz parte o Criativos da Escola, programa do Instituto Alana. De projetos de laboratório de Ciências na Floresta Amazônica a iniciativas de combate à violência de gênero, meninos e meninas do Brasil irão mostrar para alunos de mais de 40 países como eles próprios têm criado estratégias para transformar a escola e a comunidade onde vivem, por meio do protagonismo estudantil, da empatia, da criatividade e também do trabalho em equipe.

O intercâmbio cultural para o país italiano é uma das premiações do Desafio Criativos da Escola 2019 que, em agosto deste ano, elegeu os representantes brasileiros para o encontro mundial. A delegação brasileira chega à Itália no dia 26 e participa da abertura da conferência no dia 27. Entre os dias 28 e 29, os estudantes terão a chance de apresentar seus projetos e também conhecer iniciativas de outras partes do globo. Já no dia 30, ocorre uma celebração de encerramento, quando os alunos irão ter um encontro com o Papa Francisco e demais lideranças globais e artistas.

Faltando uma semana para o embarque desta grande experiência, educadores e educadoras orientadores dos projetos contam quais são suas expectativas com a viagem e como isso irá colaborar com a construção de novos caminhos para a continuidade de suas iniciativas.

Amazônia: um laboratório natural, em Barreirinha (AM) – na ausência de um laboratório de ciências, um grupo de estudantes resolveu fazer da Floresta Amazônica um grande laboratório natural. “Nossa participação será um marco para a escola e para a cidade. Nós carregamos muitas responsabilidades e estamos mostrando que, apesar de todas as dificuldades que enfrentamos, seja como professor ou aluno aqui no interior da Amazônia, conseguimos realizar feitos impossíveis, conseguimos fazer com que a educação aconteça”, afirma o professor orientador do projeto Jonailson Xisto.

E se fosse com você, em Sapiranga (RS) – para ajudar a combater a violência contra a mulher, alunas de Sapiranga (RS) criaram o clube feminista E se fosse com você?. O projeto ganhou visibilidade e conseguiu engajar os poderes executivo e legislativo para aprovar a lei que prevê a abordagem da violência contra a mulher no ambiente escolar. “Nosso município conseguiu voltar seu olhar para o tema que estamos desenvolvendo desde o ano passado, causando uma comoção quanto à preocupação para a preservação da vida das mulheres e combatendo o feminicídio”, comemora a professora que acompanha a iniciativa, Denise Groff.

Para mostrar a importância da identidade negra e valorizar a história da população quilombola, alunos criaram o projeto Consciência, Cor e Arte. Foto: divulgação.

Consciência, Cor e Arte, em Triunfo (PE) – as práticas racistas e a negação da identidade eram atitudes constantes na cidade. Para mostrar a importância da identidade negra e valorizar a história da população quilombola, alunos criaram o projeto Consciência, Cor e Arte. Para Jefferson Pereira, professor responsável, a viagem irá fortalecer o esforço realizado pelo grupo em prol do sentimento de pertencimento a uma cultura e história. “Ao tomar a cultura local como ponto de partida, o projeto tornou-se universal em interdisciplinaridade. A partir dessa experiência e das novas que, com certeza, os alunos vivenciarão em Roma, eles poderão contribuir com a forma de pensar a educação em todo o município”.

Missão Galo: um resgate cultural, em São Gonçalo do Amarante (RN) – O monumento Galo Branco, peça artesanal com 12 metros de altura no centro de São Gonçalo do Amarante (RN), é o marco central da cidade. Como muitos moradores desconheciam a origem do Galo, alunos desenvolvem jogo de tabuleiro Missão Galo: em busca de nossa história. Wesley Silva, professor orientador da iniciativa, acredita que essa participação pode ser decisiva na vida dos jovens e, por extensão, para suas comunidades. “Participar de um evento como este os leva à visibilidade, além de possibilitar a eles uma abertura no modo de ver o mundo, a partir do intercâmbio que ocorrerá com jovens protagonistas de outras partes do mundo”, afirma.

Células Motivadoras: conectando-se com o futuro, em Santana do Cariri (CE) – preocupados com a evasão escolar e para ajudar a incentivar os alunos a retomar a rotina de estudos, estudantes criaram essa iniciativa. Para o educador Moaci Junior, a ida para Roma proporcionará aos alunos ver o que está sendo feito nas escolas em outras partes do mundo. “Isso é uma oportunidade de trazer novas experiências para o nosso cotidiano”.

 

O monumento Galo Branco, peça artesanal com 12 metros de altura no centro de São Gonçalo do Amarante (RN). Foto: divulgação.

Resgate histórico: os filhos do deserto, em Rio do Antônio (BA) – para valorizar a história dos negros e combater preconceitos na região, alunos criaram essa iniciativa. A professora Eloísa Martins acredita que a viagem a Roma pode promover um momento de aprendizagem sem igual. “Espero que haja interação de ideias e experiências incríveis e que esse momento fique marcado na vida e na história de cada estudante”, conclui.

Fora da Bolha, em Itabira (MG) – depois de constatarem a prática constante de bullying e preconceitos, alunos se reuniram para propor formas de ampliar as diferentes vozes na escola: era o começo do projeto. Kele Frossard, educadora responsável pela iniciativa, espera que a materialidade histórica da cidade de Roma desenvolva noções de temporalidade, de processo histórico-social e, principalmente, a compreensão da necessidade de preservação história e cultural.

Sobre o Instituto Alana

O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão “honrar a criança”.