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Da favela para as telonas: conheça a história do dublê de ação Bruno Santana

São Paulo, por Kleber Patricio

Bruno Santana nasceu em 1989 em uma comunidade carente do Jaguaré, localizada na Zona Oeste da cidade de São Paulo. Foto: divulgação.

Muita habilidade, garra, força e superação são características primordiais para enfrentar os desafios diários da carreira de quem quer seguir a carreira artística. O dublê e ator Bruno Santana é um desses exemplos de dedicação e empenho. Formado em teatro, pratica esportes e atua desde criança e foi na adolescência que deu seus primeiros passos na dança de rua.

Logo cedo na contramão dos outros jovens, dividia seu tempo entre frequentar aulas na Casa de Hip Hop de Diadema e se dedicar a atividades físicas, artes marciais, acrobacias e até mesmo parkour. Nascido em 1989 em uma comunidade carente do Jaguaré, localizada na Zona Oeste da cidade de São Paulo, ingressou profissionalmente na carreira artística gravando um comercial para a televisão com participação da atriz Giulia Gam. O contato com as câmeras despertaram em Bruno o interesse em ser ator e, a partir daí, decidiu fazer cursos de teatro e aperfeiçoamento profissional.

Na capital paulistana, realizou diversos entre eles de cinema e TV e chegou a gravar algumas campanhas publicitárias. Mas em 2012 decidiu ir para o Rio de Janeiro tentar a sorte, acreditando que a cidade maravilhosa lhe proporcionaria melhores oportunidades na televisão e na telona. Na bagagem, carregava o sonho de fazer cinema e, ao desembarcar em solo carioca, o paulista teve a oportunidade de ingressar em uma das mais conceituadas escolas de teatro da cidade, o Instituto Nossa Senhora do Teatro. Esse curso abriu muitas oportunidades profissionais e no ano seguinte começou a participar de um grupo de estudos teatral coordenado por Camila Amado, uma das maiores de atrizes do teatro brasileiro. Nesse mesmo ano, foi convidado para atuar no curta-metragem O olhar, de Sandra Lima e Tiago Medeiros, filme de alta sensibilidade que aborda o racismo no Brasil.

Nesse meio tempo, dividiu suas atividades entre Rio e São Paulo e, na TV Record, gravou uma participação no programa Tudo é Possível, apresentado por Ana Hickmann. Na ocasião, fez papel de um dos músicos da Turma do Pagode, encenando momentos da carreira dos integrantes antes da fama. Realizou algumas participações para a emissora carioca, como o programa Na Moral, com Pedro Bial, atuando em um clipe com o humorista Marcelo Adnet e aparições nas novelas Saramandaia e Gabriela.

No teatro, Bruno fez a peça Inquietude e participou de uma das cinco montagens feitas no Brasil do espetáculo teatral contemporâneo Valere Novarina. Atuou também em Procura-se gentileza, peça sobre a vida do profeta de rua Gentileza, figura folclórica do imaginário carioca que se dedicava a escrever mensagens de amor, fé e esperança em pilastras espalhadas pela cidade. Ainda no teatro, peças como Graves Encontros, de Ricardo Andrade Vassíllievitch, Beijo no asfalto e no monólogo Maria Stuart.

Atualmente, é sócio e coordenador de ação do Centro de Treinamento Tático Dublês e Atores, fundado em São Paulo em janeiro de 2017, que, apesar do pouco tempo de criação, já está causando alvoroço no meio artístico nacional. Com o objetivo de formar profissionais do setor e agenciar carreiras (ver casting), a agência ensina diferentes vertentes artísticas, que vão muito além da interpretação tradicional de textos para a dramaturgia. Dependendo do objetivo do aluno, a agência desenvolve técnicas corporais, de dança, canto e até mesmo o aprendizado de esportes radicais como skate, patins e parkour, além de lutas. Todas as atividades são coordenadas por professores experientes. “Algumas conversas com produtores de elenco de TV e cinema me mostraram que, embora este mercado de atores com habilidades extras seja muito rentável, não há uma preparação adequada e boa oferta de cursos de qualidade. Nessa lacuna é que surgiu a ideia de criarmos a agência”, conta o diretor, revelando que a diária de um dublê gira, em média, em torno de R$2.000, porém, segundo ele, não haveria muitos dublês/atores disponíveis.

“Não é fácil, é um mercado demasiadamente competitivo. Mas temos muitos contatos e batalhamos diariamente para treinar e lançar esses novos talentos, direcionando a carreira dos nossos contratados em bons projetos e oportunidades para TV, teatro, cinema ou mesmo no mercado publicitário”.

www.dublesatores.com.br.