Em meio à pandemia, o sentimento de esgotamento se tornou expoente do isolamento social. Como refúgio, 24% dos brasileiros escolheram aumentar seu consumo de álcool durante a quarentena por se sentirem tristes ou deprimidos. Os dados são de pesquisa realizada pela Unicamp em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz.
A escolha pela bebida alcoólica como ferramenta para superar as dificuldades pessoais é explicada pelo diretor do Centro Terapêutico Nova Aliança e especialista na reabilitação de dependentes químicos, Marcelo Barbato, pelo caráter facilitador do álcool. “Trata-se de uma droga depressora do sistema nervoso central, por isso o relaxamento”, explica.
O profissional do Centro, localizado em Amparo/SP, acrescenta também um motivo cultural para o aumento da ingestão de bebidas alcoólicas diante o momento enfrentado mundialmente: a cultura alcoolista do Brasil. Barbato alerta que, assim como em diversos países, é comum as pessoas escolherem o consumo de álcool por “não ter o que fazer”.
Entre os perigos provocados pela ingestão compulsiva de álcool, o responsável pelo Centro Terapêutico Nova Aliança destaca a capacidade de perder o controle da própria vida. “O indivíduo passa a viver para usar e usar para viver e, assim, perde o senso crítico e os reflexos, o que pode levar a brigas e acidentes”, explica Barbato. Além disso, o profissional destaca os riscos de AVC, problemas cardíacos e pressão arterial.
Diante a problemática, o Nova Aliança trabalha para reverter um cenário caótico. Segundo dados da Organização Mundial da Sáude, aproximadamente 3% da população brasileira acima de 15 anos de idade é considerada alcoólatra. Entre as técnicas utilizadas no tratamento no Centro, estão os 12 passos e Terapia Cognitiva Comportamental atrelada à parte médica, terapêutica, psicológica, nutricional e esportiva.