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Fotos x vídeos: coexistência harmônica dita parceria

Brasil, por Kleber Patricio

Um dos lagos do Aldeia do Vale retratado por Alessandra Portela.

Em agosto de 1839, a Academia Francesa de Ciências anunciava uma nova invenção: o daguerreótipo, considerado o primórdio da máquina fotográfica. O francês Louis Jaques Mandé Daguerre queria levar a fotografia, criada por seu compatriota Joseph Nicephore Niepce, para mais pessoas e começou a estudar os métodos dele para inventar um mecanismo que até os leigos pudessem utilizar em casa para capturar momentos especiais. Séculos depois, o desejo de Daguerre está concretizado – fotos e máquinas fotográficas passaram por uma grande evolução e, atualmente, a fotografia está amplamente difundida entre a população, sendo as imagens capturadas, principalmente, por meio de aparelhos celulares.

Durante todo esse período, a foto encontrou um concorrente, o vídeo, que também passou por largo desenvolvimento e popularização. Assim como aconteceu entre rádio e televisão, muitas pessoas pensaram que as imagens em movimento tomariam o lugar da fotografia, mas ambas seguem convivendo em harmonia. Professora de fotografia e fotojornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Déborah Borges também acredita que há espaço para as duas vertentes.

Professora Déborah Borges acredita na convivência de fotos e vídeos. Foto: arquivo pessoal.

Ela acredita que a foto não perderá seu espaço. “A fotografia mudou muito desde o surgimento da câmera digital e estamos em um momento de mudança no uso das imagens com redes sociais que utilizam as duas formas – mas tem dois aspectos que propiciam o uso das fotos: um como comunicação imediata; o uso efêmero em aplicativos de mensagens, por exemplo, é muito forte. E o segundo, o registro como memória”, salienta.

Déborah conta que, desde que surgiu a possibilidade de capturar instantaneamente uma imagem, isso se tornou um atrativo entre as pessoas, mas que antes era complexo e caro, não sendo acessível a todos. “Com a simplificação e o barateamento do processo, as pessoas não dependiam mais de um fotógrafo e podiam usar também em seu dia a dia. Isso contribuiu com o encantamento pela fotografia”, ressalta a professora, que dá aulas há dez anos.

Hobby

Alessandra Portela criou Instagram para retratar as belezas do Aldeia do Vale. Foto: arquivo pessoal.

Para a dona de casa Alessandra Aparecida Portela, a arte de fotografar é um hobby que ela colocou em prática há cerca de um ano. “O encantamento que tenho pela fotografia é a sensibilidade que ela retrata, o sentimento mais profundo, seja de felicidade, tristeza ou qualquer outro. E tenho encantamento especial pela natureza, com sua fauna e flora. Ela é sempre tão bela, se renovando a cada dia e a cada estação”, destaca ela, que gosta de registrar aquilo que muitas vezes não é percebido no cotidiano. “Eu sempre tive um olhar diferenciado para as coisas; andava e percebia a beleza de um pássaro, uma flor. Então criei o @lugarondemoro para registrar esse olhar”, explica Alessandra sobre a página que fez no Instagram para mostrar para seus seguidores as belezas do Residencial Aldeia do Vale, em Goiânia, onde mora há 12 anos com o marido e três filhos. “A natureza aqui é belíssima e o cerrado é um bioma muito rico; até no tempo seco tem sua beleza. Sei admirar um jardim bonito, mas prefiro in natura –  aqui vejo o macro”, afirma.

Outro ponto destacado pela professora Déborah Borges para a permanência da fotografia é o fato dela ser a materialização de um sonho da pessoa. “E isso acontece tanto para um registro histórico, quando se quer guardar a recordação, quanto com as redes sociais, pelas quais as pessoas querem imagens mais bonitas. É um meio privilegiado de materializar uma expectativa; por isso os filtros são tão populares para fazer com que a foto cumpra esse papel de materializar um ideal. E vale lembrar que os efeitos não são exatamente uma novidade; desde o século XIX os estúdios de fotografia tinham recursos para incrementar uma foto, como cenário, mobiliário e roupas”, conta.