Jorge Alexandre Moreira começou a escrever aos 12 anos e nunca mais parou. Lançou seu primeiro livro de forma independente, em 2003, quando essa não era uma prática comum no mercado. Este ano, lançou o romance Numezu, que foi um dos 10 finalistas do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes do país. Foi a primeira vez que um livro de terror constou da lista. E parece ser só o começo dessa trajetória.
Seu primeiro livro, Escuridão, um terror ambientado na Amazônia, com um conflito entre Brasil e EUA como pano de fundo, foi considerado por diversos sites como um dos melhores livros do gênero já publicados no Brasil. Para levá-lo às livrarias, Jorge fez um trabalho de formiguinha. “Eu achava que o pior era publicar, mas eu não tinha ideia do quanto era difícil distribuir um livro. Quase não se comprava pela internet naquela época. Eu ia de porta em porta, oferecendo nas livrarias. Apesar da trabalheira, considero que foi um sucesso, pois consegui colocar o livro em mais de 20 livrarias. Acho que o tema ajuda muito. A Amazônia evoca uma aura de mistério, de lendas, de seres desconhecidos. Ao mesmo tempo, essa possibilidade de uma invasão de países estrangeiros é algo que sempre está na mente do brasileiro.”
Leitor voraz desde os primórdios da infância, se diz devoto de Stephen King, Jorge Amado, Clive Barker e Rubem Fonseca. Em 2018, lançou Parada Rápida, um thriller sobre o desaparecimento de uma mulher em um posto de gasolina, durante uma viagem.
Para Jorge, escrever foi algo orgânico, natural. “Eu lia boas histórias e tinha vontade de escrever daquele jeito. Não houve um momento em que eu respirei fundo e falei, ‘vou escrever um livro’. Eu comecei escrevendo histórias de uma ou duas páginas em folhas de caderno, elas foram virando histórias de dez ou 15 páginas e seguiram aumentando, em tamanho e complexidade”. Sobre escrever terror, o autor confessa que seus medos ajudam: “Aquilo de que você tem medo sempre é um bom ingrediente para a trama. Eu comecei tendo medo de monstros, de vampiros, de alienígenas. Quanto mais o tempo passa, cada vez eu tenho mais medo é das pessoas. Com exceção dos ETs. Até hoje morro de medo de ETs.”
Segundo ele, o terror provoca emoções fortes e questionamentos profundos, especialmente sobre a alma humana: “Além do componente de mistério, que sempre me cativou, desde criança, eu gosto de fazer as pessoas se perguntarem sobre as outras e sobre si mesmas. O bom livro de terror incomodará o hipócrita”. Jorge Alexandre Moreira participou das duas edições do Ghost Story Challenge, um evento em que escritores de terror passam um final de semana isolados, participando de oficinas de escrita, interagindo e escrevendo contos. Desses dois eventos, nasceram as antologias Confinados e Numa Floresta Sombria, nas quais Jorge participou.
Seu lançamento deste ano, Numezu, já está sendo consagrado pela crítica e pelos leitores do gênero. Para 2021, o escritor promete novidades: “Eu nunca falo sobre o que estou escrevendo, mas posso adiantar que já tenho algumas coisas muito boas na manga, que só precisam de revisão, e umas outras que ainda estão na cabeça, mas que acho que vão ficar muito boas. Vamos ver”.
Sobre Numezu
Mais do que um livro de terror, Numezu é um mergulho nas sombras do comportamento humano. A história traz Laura e Raoul, um casal em crise, isolado num barco e que encontra uma antiga estatueta – a imagem de uma entidade perversa, ardilosa, que manipula as fragilidades humanas para conseguir liberdade. Agora, os fantasmas pessoais, desejos secretos e disputas de poder que já assombravam Laura e Raoul ganharão um componente violento e sombrio.
Sexo, violência, drogas, terror. Numezu é um livro tenso, claustrofóbico, não destinado aos estômagos fracos. Mesmo transitando pelo sobrenatural, ele não nos deixa esquecer que os piores monstros são humanos. Uma leitura de tirar o fôlego, do começo ao fim.
Numezu – Monomito Editorial
Onde comprar: https://www.amazon.com.br/Numezu-Jorge-Alexandre-Moreira/dp/6580505079
Valores: R$24,90 (físico) e R$9,90 (e-book com conto inédito Águas Mortas).