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Artigo: “Do limão à limonada: instituições sofrem para manter projetos sociais”

Belo Horizonte, por Kleber Patricio

O diretor presidente do IBHF, Leonardo Coelho. Foto: divulgação.

A nova realidade instaurada após a pandemia transformou o ano de 2020 no ano mais atípico do século. Muitas coisas mudaram com uma velocidade incrível e a área de projetos sociais não foi diferente – passamos por um processo de muita adaptação. Projetos sociais são todos aqueles trabalhos desenvolvidos sem fins lucrativos, que têm como objetivo o desenvolvimento social, econômico e ou cultural de um grupo de pessoas ou de uma comunidade.

Entre as transformações provenientes da pandemia, o uso de plataformas digitais e online se destaca. Muitas empresas, organizações e indivíduos precisaram se adaptar ao momento de reuniões, trabalhos, entregas e controle através da internet.

O desenvolvimento da área social está intrinsecamente ligado no apoio e ajuda voltados para indivíduos que são excluídos das oportunidades; tanto na área social, quanto relacionado ao mercado de trabalho, estudo ou até mesmo esporte. Grupo que nem sempre consegue do Estado o suporte necessário para garantir seus direitos. Por isso, o setor sofreu grandes dificuldades para se adaptar ao momento digital. Podemos discutir primariamente dois fatores que colaboram diretamente para esse empecilho.

Em primeiro lugar, para se fazer uma limonada, são necessários limões. No caso de projetos sociais, precisamos de investimento. O momento de recessão originário das dificuldades e gastos extras da pandemia dificultou o investimento em desenvolvimento social. Ainda que os gastos fossem menores, visto que atividades presenciais foram canceladas, projetos que começariam ou estavam em andamento também tiveram que ser abandonados por falta de verba.

O segundo ponto se dá diretamente porque grande parte dos beneficiários dos projetos sociais não tem acesso à internet. Estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que um em cada quatro brasileiros não tem acesso a internet, todos esses das classes mais baixas. Posso usar o Instituto BH Futuro como exemplo, não atingimos cerca de 10% dos nossos atendidos através das plataformas online.

Posso ainda ressaltar que o primeiro ponto também influencia no segundo. O desenvolvimento social é uma maneira indireta de se investir na economia em longo prazo. Pense: plantando uma semente, cuidando e regando, crescerá uma árvore, que dará frutos, com mais sementes para que se repita o ciclo. O mesmo acontece aqui: investindo no social, formamos pessoas mais capazes, que poderão produzir mais e retornar o investimento para a sociedade.

É importante dizer que esse processo não acontece apenas no Brasil; em diversos países, o investimento social vem sendo foco das empresas e empreendedores. Tais grupos entendem a necessidade do crescimento orgânico da sociedade.

O período é de transformação e de instabilidade também; a economia vem retomando em passos curtos. E não podemos deixar de lado os projetos de desenvolvimento social, que colaboram para o desenvolvimento do país como um todo.

Leonardo Coelho é relações públicas, especialista em elaboração de projetos internacionais e mestre em Administração. É CEO da LC4 Comunicação, Marketing e Estratégia e diretor presidente do Instituto BH Futuro, que atende mais de 1.000 crianças e adolescentes na região do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. Leciona na Fundação Dom Cabral, nas áreas de marketing, posicionamento digital e sustentabilidade. Na PUC Minas, atuou como professor por 16 anos. Como empreendedor, é sócio fundador da escola de mergulho (5 stars Padi) Alto Mar e consultor para projetos de pesquisa no Instituto Ver. Foi presidente da Fundamig (Federação Mineira de Fundações e Associações de Direito Privado) de 2014 a 2018.