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Museu das Minas e do Metal oferece programação virtual sobre arte, ciência e tecnologia ao longo do mês de janeiro

Belo Horizonte, por Kleber Patricio

Fachada do MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal. Crédito da foto: Leonardo Miranda.

Abrindo o ano de 2021 com uma programação cultural rica, o MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal retoma as atividades com a sustentação de uma ação muito especial: a exposição CoMciência – Cristais do Tempo, que segue com programação virtual ao longo de janeiro. Outra notícia de destaque é que nos dias 14 e 21 de janeiro, duas quintas-feiras consecutivas, o Museu realizará dois bate-papos, respectivamente, com os artistas Bruno Alencastro e Felipe Carelli, que compartilharam suas experiências como realizadores de arte digital e aprofundaram nos debates propostos por suas obras e, claro, pelo recorte curatorial do Edital CoMciência.

A montagem teve como tema proposto aos artistas Cristais do tempo: emergências nas fissuras do presente. A definição de um futuro a partir de um presente demasiadamente complexo nos leva a refletir que é necessário pensar um tempo mais propositivo, reconstruindo nossa proposta de humanidade e coletividade, sendo a arte e a tecnologia meios legítimos para isso. Para isso, os curadores do edital Tadeus Mucelli e Alexandre Milagres selecionaram nove obras inscritas no Edital CoMciencia que inspiram e refletem o momento que vivemos, modificam nossa relação com o tempo presente, mudam nossa percepção com os outros, com o planeta, com o visível e o invisível e, sobretudo, com as memórias que construímos e compartilhamos. A exposição é o resultado de um edital que recebeu 269 inscritos dos seis continentes do mundo, sendo 20 % de inscrições estrangeiras e 75%, de propostas inéditas.

Artista Felipe Carrelli, responsável pela obra “Estrelas no Deserto”. Crédito da foto: Felipe Carrelli.

Os interessados podem acompanhar todas as nove obras propostas por meio de um tour virtual completo em realidade aumentada e extremamente imersivo, sendo três delas de artistas brasileiros e outras três de nomes internacionais de destaque. São elas: Reflexion: In Sync/Out of Sync, da colombiana Claudia Robles-Angel; Vegetal Reality Shelter (VRS), do brasileiro Guto Nóbrega e Emancipacíon Microbiana, da mexicana Maro Pebo; Estrelas no Deserto, de Felipe Carrelli; obs-cu-ra, de Bruno Alencastro; O Ceú na Terra, de Luciana Ohira e Sérgio Bonilha; Untangling Noises of Matter, do holandês Louise Braddock Clarke; Silver Tree: the sounds of wind through the crystalline forest, Saturn’s Breath e Think Like a Mountain, da australiana Penelope Cain e The universe according to Dan Buckley, do canadense Roberto Santiaguida. Basta visitar o site: https://2020.programacomciencia.org.br/ e mergulhar no tour virtual pela exposição.

DEBATES VIRTUAIS

No dia 14 de janeiro, às 18h, por meio do YouTube do MM Gerdau, o público poderá acompanhar a conversa com Bruno Alencastro, artista responsável pelo projeto Obs-cu-ra, que está presente na exposição CoMciência: Cristais do Tempo. Bruno irá abordar um pouco dos processos artísticos e principalmente a rede colaborativa que se organizou para a realização da obra.

Já na quinta-feira seguinte (21 de janeiro), no mesmo horário, será a vez da conversa com Felipe Carrelli, que assina a obra Estrelas no Deserto. Ao longo da conversa, Carelli abordará um pouco sobre sua pesquisa do mestrado, o grupo de divulgação de astronomia GalileoMobile, o projeto Amanar – do qual Estrelas do Deserto faz parte – a experiência do projeto no uso de tecnologias para experiências em realidade virtual e sobre como o resultado alcançado é fruto de um processo de co-criação e pesquisa.

Artista Bruno Alencastro, responsável pela obra “obs-cu-ra”. Crédito da foto: Bruno Alencastro.

A exposição CoMciência – Cristais do Tempo materializa a proposta do edital de fomentar um debate ao apresentar obras criadas e pensadas a partir do convite e da provocação artística de se construir questionamentos e reflexões para mudarmos o mundo em que estamos vivendo, para que seja possível viver um futuro distinto. O edital conquistou um crescimento representativo em relação a primeira edição, realizada em 2019, chegando a receber inscrições de 28 países, além de projetos de artistas de 17 estados das 5 regiões brasileiras.

Descritivo das obras que integram a exposição CoMciência – Cristais do Tempo

Reflexion: In Sync/Out of SyncArtista, de Claudia Robles-Angel (Colômbia/Alemanha)

Sobre a obra: A obra Reflexion: In Sync/Out of Sync é um convite ao público a sentir empatia pelo outro. Duas pessoas são convidadas a sentar-se frente a frente e, rodeadas por uma estrutura leve com fios eletroluminescentes e som em tempo real, têm sua frequência cardíaca medida por meio de sensores de pulso aplicados ao dedo de suas mãos. Quando os dois participantes não compartilham a mesma frequência cardíaca, a instalação está fora de sincronia e o som fica dissonante. Já quando as frequências são sincronizadas, a instalação reage em estado In-Sync, com um som agradável e harmônico.  O conceito principal da obra de Claudia Robles-Angel é baseado em pesquisas que mostram que nossos batimentos cardíacos podem ser sincronizados, aprofundando a percepção dos outros, na interação entre os indivíduos e seu impacto em suas respostas fisiológicas, baseados em conceitos do psicólogo Michael Richardson.

Sobre a artista: Claudia Robles-Angel é uma artista audiovisual nascida em Bogotá, Colômbia, atualmente morando em Colônia, Alemanha, bastante atuante no mundo todo. Seu trabalho e pesquisa abrangem diferentes aspectos da arte visual e sonora. Possui pós-graduação em Cinema e Animação (1992-1993) no CFP (Milão-Itália); M.F.A. em (1993-1995) em École Supérieure d’Art Visuel/HEAD (Genebra- Suíça) e Arte Sonora e Composição Eletrônica na Universidade Folkwang Essen (Alemanha) com o Prof. Dirk Reith (2001-2004). Ela era artista residente na Alemanha, tanto no ZKM em Karlsruhe quanto no KHM, em Colônia. Seu trabalho é constantemente apresentado não apenas na mídia, festivais e conferências, mas também em exposições coletivas e individuais ao redor do mundo como, por exemplo, o ZKM Center em Karlsruhe; Enter3, em Praga, nas capitais europeias da cultura em Luxemburgo e na Roménia (2007), no KIBLA Multimedia Center em Maribor; no ICMC em Copenhagen, Montreal e Utrecht; no Skulpturenmuseum Glaskasten Marl, o SIGGRAPH Asia em Yokohama (2009), ESPACIO Fundación Telefónica em Buenos Aires, Festival de Música Eletroacústica de Nova York, a NIME Conference Oslo (2011), ISEA Istanbul, Manizales, Durban e Gwangju, no LEAP Space for media Art em Berlim,  o Audio Festival de Arte da Cracóvia, Harvestworks Digital Arts Center de Nova York, no Nabta Art Center Cairo, Museu de Arte Contemporânea de Bogotá, em MADATAC Festival Madrid, IK Stichting em Vlissingen, ICST ZhdK Zurique, Festival de Arte Digital ADAF Atenas, Museu de Antioquia, Eletromuseu em Moscou e, mais recentemente, na estação Kunst Sankt Peter Cologne.

Vegetal Reality Shelter (VRS), de Guto Nóbrega (Brasil)

Sobre a obra: Vegetal Reality Shelter (VRS) é um sistema imersivo criado com base em sons e imagens da natureza e na interação com plantas. Este trabalho é fruto de uma vivência na Floresta Amazônica organizada pelo LABVERDE, ocorrida durante os 10 dias do programa de residência artística na Reserva Florestal Adolpho Ducke. Trata-se de um pequeno domo imersivo (abrigo) com base na geometria de guarda-chuvas que contém um pequeno sistema hidropônico com plantas, seis canais de áudio e projetor de vídeo, combinado ao espelho esférico para projeção em domo. No interior desse abrigo, plantas são monitoradas quanto à resposta galvânica de suas folhas, que se altera segundo a respiração do visitante quando este entra no espaço e interage com o sistema. Os dados monitorados nas plantas são utilizados para modificar a paisagem sonora e imagens da floresta em formato espelhado. A ideia desse “abrigo de realidade vegetal” é criar um sistema que permita ao visitante uma experiência virtual da natureza a partir de imagens e sons. Algo que remetesse à dimensão da floresta e o efeito que ela exerce sobre nós quando a adentramos. Contudo, trata-se também de um diálogo mediado pelo contato direto com uma planta, posto que esta é o principal mediador desta experiência, que ocorre a partir da presença do visitante dentro do domo e o ato de sua respiração.

Sobre o artista: Carlos Augusto Moreira da Nóbrega (Guto Nóbrega) é Pós-Doutor pela UnB, linha Arte e Tecnologia do PPGAV/UnB (2019), é Doutor (2009) em Interactive Arts pelo Programa de Pós-Graduação Planetary Collegium, University of Plymouth, UK, onde desenvolveu pesquisa sob orientação do Prof. Roy Ascott. É artista, pesquisador, Mestre em Comunicação, Tecnologia e Estética pela ECO-UFRJ (2003) e Bacharel em gravura pela EBA/UFRJ (1998). É professor associado da EBA/UFRJ, onde leciona desde 1995 e professor permanente do PPGAV/UnB (2018-atual). Fundou e atua como um dos coordenadores do NANO – Núcleo de Arte e Novos Organismos, espaço de pesquisa para investigação e criação artística. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais / EBA/UFRJ (2015-2017) e, atualmente, atua como representante da linha Poéticas Interdisciplinares no mesmo programa. Desde 2019, é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 2.

Emancipacíon Microbiana, de Maro Pebo (México)

Sobre a obra: A obra Emancipación Microbiana pretende tornar visível a relação profunda entre humanos e bactérias. Uma bactéria ancestral engolida por um micro-organismo foi capaz de sobreviver em simbiose, fornecendo ao hospedeiro energia e genes úteis, transformando-se em mitocôndrias. Na obra de Maro Pebo, as mitocôndrias são extraídas das células da artista e exibidas ao público em um receptáculo de admiração. A mitocôndria fora do organismo não consegue sobreviver por conta própria, o que prova nossa relação profunda com os micro-organismos. Em torno do relicário, um vídeo mostra o processo de simbiogênese, liberação e sacrifício da mitocôndria. A artista deseja enquadrar e visualizar o fato bem conhecido de que nosso relacionamento com os micro-organismos é mais profundo. As bactérias não estão apenas em toda parte, mas também, de alguma forma, dentro. A vida animal e vegetal é possível graças a essa relação profundamente íntima.

Sobre a artista: Nascida na Cidade do México, Mariana Pérez Bobadilla é uma historiadora de arte e bióloga DIY que se preocupa com as interseções entre arte, ciência e tecnologia. Ela recebeu uma Bolsa Erasmus Mundus para fazer um Mestrado em Estudos de Gênero na Universidade de Bolonha, Itália, pesquisando Epistemologia Feminista e Arte Contemporânea. Apresentou seu trabalho no ISEA, 2012, e esteve envolvida no Pavilhão Mexicano da 56ª Bienal de Veneza. Sua formação acadêmica inclui cursos com Rosi Braidotti, Magali Arreola e o curso de curadores internacionais da Bienal de Arte de Gwangju, 2014, na Coreia do Sul. Concedida pelo Hong Kong PhD Fellowship Scheme, sua pesquisa na School of Creative Media gira em torno de Arte e Biologia, Epistemologia, História da Ciência, histórias de representação em tempos profundos, Novo Materialismo, Biohacking, Wetware e bactérias. A obsessão de Maro Pebo são bactérias e outros micro-organismos e seu interesse é na tradução do discurso acadêmico em experiências reflexivas. Sua preocupação particular é produzir discurso sobre as (bio) tecnologias que moldam a vida das pessoas.

Estrelas no Deserto, Felipe Carrelli (Brasil)

Sobre a obra: A obra apresenta um trabalho de co-criação do documentário em realidade virtual Estrelas do Deserto,  que busca, por meio da divulgação da cosmovisão do povo saaraui, denunciar a situação de refúgio dessa população do Saara Ocidental desde 1975. Assim, o usuário será transportado ao universo virtual imersivo (360) da obra e dos depoimentos, em um pátio circular localizado em um dos campos de refugiados, sob uma linda noite com céu estrelado. Na sua frente, estará uma mulher saaraui, vestindo sua Melfa, preparando um chá. Ela, então, começa a contar lendas e contos sobre a cosmovisão saaraui, vinculando essas histórias à situação política e social na qual os refugiados estão submetidos desde 1975.

Sobre o artista: Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC/UFRJ) e co-coordenador do projeto de divulgação científica GalileoMobile, Felipe Carrelli é graduado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar-2010) e especialista em Divulgação e Popularização da Ciência (Fiocruz-2019). Tem experiência na área de Audiovisual com ênfase em documentário. Dirigiu e editou três documentários de longa-metragem: Ano-Luz (2015), Leila (2016) e Feijão (2018). Também atuou como editor-chefe nas produtoras Filmes para Bailar (São Paulo, 2011-2014) e Grão Filmes (São Paulo, 2015), além de diretor e editor na MATV (Montreal, 2016).

obs-cu-ra, de Bruno Alencastro (Brasil)

Sobre a obra: obs-cu-ra é uma série de fotografias concebida pelo fotógrafo Bruno Alencastro, inicialmente, da janela do 4º andar do apartamento onde vive no bairro Copacabana, no Rio de Janeiro. De lá, a ideia de um ensaio fotográfico passou para as residências de mais 12 fotógrafos(as) brasileiros(as), também em isolamento social e dirigidos por Alencastro, que aceitaram transformar suas casas em câmeras obscuras de grande formato e capturaram a vida em tempos de pandemia. Cada qual com a sua singularidade. Conquistas e perdas. Anseios e privilégios. Medos e esperanças. Um lugar que passa a ser ressignificado por diferentes artistas contemporâneos ao redor do mundo em tempos de Covid-19. Nos dias de hoje, a janela passa a representar a fronteira e o abismo entre o mundo exterior e o interior. A liberdade e o confinamento. O resultado é um ensaio fotográfico caracterizado por uma atmosfera sombria e enigmática, tal como o indecifrável futuro, que ninguém sabe ao certo como será. Até lá, o contato com o mundo exterior segue acontecendo através dessa moldura limitada do real, a representação de uma vida em mutação. Um presente que nos faz pensar sobre o passado em busca de respostas para quando tudo isso passar.

Sobre o artista: Bruno Alencastro é especialista em narrativas visuais com experiência em fotografia, vídeo e produção de conteúdo digital. Mestre em Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, autor da dissertação Das ruas para as redes: usos, apropriações e práticas cidadãs desenvolvidas pelos fotógrafos populares da Favela da Maré. Professor nas graduações de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Design e Fotografia da Unisinos entre 2014 e 2018. Em 2018, concluiu a especialização Fotojornalismo e Fotografia Social no Centro de Fotografía y Medios Documentales de Barcelona – CFD Barcelona. De 2010 a 2018, foi repórter fotográfico nos jornais Sul 21, Correio do Povo e Zero Hora, onde também exerceu o cargo de editor de Fotografia.

– Obra: O Céu na Terra, de Luciana Ohira e Sérgio Bonilha (Brasil)

Sobre a obra: O Ceú na Terra é uma instalação que utiliza dispositivos do cotidiano (mobiliário urbano, redes telemáticas e sistemas de vigilância) para construir pequenas áreas de descanso dedicadas à observação de aves. A obra combina camadas físicas e virtuais, acontecendo simultaneamente em ambas. A instalação física está no campus da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMS), em Campo Grande. Fisicamente, constitui-se de um alimentador para pássaros equipado com um sistema de vídeo-vigilância e, virtualmente, oferece uma interface de visualização das imagens obtidas pelo referido sistema. No ambiente virtual será possível ver uma versão 3D da estrutura física da obra; porém, as imagens serão geradas pela estrutura que está em Campo Grande. Assim, é possível observar pássaros silvestres, em vez de guardar a propriedade. Considerando o conceito de commons (comum), abordado por Michael Hardt em O Comum no Comunismo, as aves silvestres são um claro exemplo de comum. Sendo assim, O Ceú na Terra propõe o questionamento de dinâmicas sociais estabelecidas pela naturalização da noção de propriedade (seja ela privada ou estatal) e pretende funcionar como um ponto de desaceleração e contato com camadas discretas da cidade, tais como o som e imagem de uma ave alimentando-se. O objetivo dos artistas é criar uma metáfora imanente do livre viver.

Sobre os artistas: Luciana Ohira (São Paulo, 1983) e Sergio Bonilha (São Paulo, 1976) são graduados em Artes Visuais e têm mestrado em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Sérgio tem doutorado em Poéticas Visuais, também pela Universidade de São Paulo e leciona desde 2016 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

– Obra: Untangling Noises of Matter, Louise Braddock Clarke (Países Baixos)

Sobre a obra: Untangling Noises of Matter é um documentário que entra no plano de um depósito de minério de ferro, onde uma geoferramenta projetada mapeia a paisagem artificial. Os dados magnéticos armazenados em tempo profundo são interrompidos pela escavação, extração e realocação de metais, que calibram novas coordenadas eletromagnéticas. Louise Braddock desenvolveu uma ferramenta para tornar os campos invisíveis audíveis. O filme mostra o território vivo de minério de ferro se movendo além de suas partículas físicas, em uma cacofonia de ruído e informação. Isso orienta o observador no espectro perceptivo de pássaros, que possuem sensibilidades para sintonizar essas frequências ecológicas, assim mudando suas navegações. Como um filme que documenta o movimento global do metal no planeta, do Brasil para o Holanda, as colaborações ocorreram dentro de empresas de metal privadas no Maasvlakte (Europort Rotterdam), Institutos de Ciências, Conservatórios e Museus de Minerais. Ouvindo e lendo as estruturas metálicas do nosso tempo, uma abertura ao passado, emergem filosofias presentes e futuras.

Sobre o autor: Louis Braddock Clarke trabalha como pesquisador e profissional criativo interpretando noções dos domínios da arte, geografia, física e filosofia. Através desta abordagem multidisciplinar, uma investigação experimental se desdobra mesclando teorias científicas e conceituais para materializar nos meios contemporâneos. A relação de Braddock Clarke com as artes geográficas está embutida em seus anos de formação em Cornwall, Reino Unido, onde ele foi cercado por charnecas, quoits de granito, isolinhas móveis, minas de estanho etc. Estas energias da Terra tornaram-se fundamentais para seus métodos de pesquisa em curso relacionados com tecnologias e terrenos. Através da produção de geoferramentas que ele mesmo desenvolve, Braddock Clarke mede e registra superfícies antigas, atuais e futuras da Terra. O encontro de espectros de superfície e ferramentas tecnológicas é central para a prática artística de Louis Braddock Clarke. Seu trabalho foi mostrado em museus e galerias, bem como em sites locais específicos de armazéns, portos marítimos, topos de colinas e cinemas em todo o Reino Unido, Holanda e China.

– Obras: Silver Tree: the sounds of wind through the crystalline forest, Saturn’s BreathThink Like a Mountain, de Penelope Cain (Austrália)

Sobre as obras: As obras de Penepole Cain são multimídia (esculturas e vídeos) e frutos de um projeto de pesquisa do caminho da mineração de prata, cunhada em dólares de prata espanhóis que acabaram sendo enviados para Austrália na década de 1790 para finalidade de primeira moeda local da colônia australiana. Este dólar colonial espanhol, feito no México da prata da América Latina, foi enviada da Índia para a Austrália para fazer uma moeda local e moeda fiduciária.

Grande parte da prata usada nessas moedas foi extraída de Potosí, na Bolívia, local do maior depósito de prata do mundo. Pó de chumbo liberado da mineração, esta prata soprou pelos Andes, sendo o chumbo, com a impressão digital isotópica única, encontrado na gálea de Potosí e detectado em amostras de calota de gelo icecores em Quelccaya, Peru, a maior calota de gelo tropical e local de extensas pesquisas climáticas. Os icecores são colunas verticais de gelo extraídas da massa de gelo. O gelo contém ar preso pela queda de neve, que é depois comprimido ao longo de anos e séculos. A atmosfera, a poeira e as impurezas do ar estão embutidas no gelo. Portanto, a mineração e a produção econômica da mina de Potosí ao longo de centenas de anos podem ser mapeadas nos níveis de chumbo detectado nessas colunas verticais de gelo de uma geleira remota a centenas de quilômetros de distância. A poética da conectividade do mundo pelos séculos, escrita em água e poeira. Essa massa de gelo glacial está encolhendo com as mudanças climáticas e a previsão é que seja totalmente perdida em 50 anos. Toda a história dessa prata e chumbo, em 2019, foi mapeada por Penelope Cain, da Austrália ao Peru, e depois até a Dinamarca, de onde os dados de chumbo de amostras de Quelccaya icecore foram analisadas. Como parte desta pesquisa, também foram mapeadas as margens ocidentais da calota polar, como teria sido entre os anos de 1798 e 1998, uma janela de 200 anos, do ano em que a moeda na Austrália foi cunhada até o ano em que o protocolo de Kyoto foi assinado. Esta linha, inscrita na terra por gelo em rochas, denota o efeito das mudanças climáticas nesta paisagem, por meio desta janela de 200 anos de atitudes, colonizações e pensamento econômico em relação ao meio ambiente.

Para finalizar sua pesquisa e mapeamento, a artista foi auxiliada por cientistas do clima e geólogos em cinco instituições ao redor do mundo, incluindo o Instituto Nacional de Pesquisa sobre Geleiras e Ecossistemas de Montanha, no Peru. As obras multimídias de Cain com vídeos e esculturas do processo pretendem apresentar também, por meio de um 3D, a representação da paisagem e o som da respiração, além do som do canto de uma canção popular tradicional quechua contra o tamanho da massa de gelo em regressão.

Sobre a artista: Penelope Cain é uma artista interdisciplinar que trabalha entre fotografia, vídeo e instalação de uma forma ampliada e de modo a contar histórias. Ela tem um MFA da University of Sydney (2016) e formação em ciência da pesquisa. Expôs e realizou projetos baseados em pesquisa em Sydney, Roma, Londres e Broken Hill. Mais recentemente, recebeu a Bolsa de Viagem Artistas do Memorial Fauvette Loureiro (2018) para realizar pesquisa de campo no Peru e na Dinamarca documentando a paisagem antropogênica de uma calota polar em recuo. Também foi finalista do Prêmio Sulman, Galeria de Arte de NSW (2016), do Glenfiddich Contemporary Art Prize (2017) e realizou residências premiadas em Paris, Taipei, Peru e Roma.

– Obra: The universe according to Dan Buckley, de Roberto Santiaguida (Canadá)

Sobre a obra: No começo não havia nada. Você pode conseguir nada facilmente. A obra é um filme, narrado e escrito por Dan Buckley, que abre o véu sobre as origens e o futuro do universo. Ele investiga a desordem e o deleite que proliferam no meio, os mundos e ideias que se chocam uns contra os outros e, às vezes, colidem. Uma reflexão sobre a atribuição de sentido e o afastamento de preconceitos em queda livre.

Sobre o artista: Desde que concluiu seus estudos em produção de filmes na Universidade Concordia de Montreal, os filmes de Roberto Santaguida foram exibidos em mais de 300 festivais internacionais. Ele participou de residências artísticas em vários países, incluindo Irã, Romênia, Alemanha, Noruega e Austrália. Roberto é o destinatário do K.M. Hunter Artist e bolsista da Akademie Schloss Solitude, na Alemanha.

Sobre o MM Gerdau– Museu das Minas e do Metal |@mmgerdau | O MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, integrante do Circuito Liberdade desde 2010, é um museu de ciência e tecnologia que apresenta de forma lúdica e interativa a história da mineração e da metalurgia. Em 20 áreas expositivas, estão 44 exposições que apresentam, por meio de personagens históricos e fictícios, os minérios, os minerais e a diversidade do universo das geociências.

O Prédio Rosa da Praça da Liberdade, sede do Museu, foi inaugurado em 1897, juntamente com Belo Horizonte. Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), o edifício passou por meticuloso trabalho de restauro que constatou que a decoração interna seguiu o gosto afrancesado da época, com vocabulário neoclássico e art nouveau. O projeto arquitetônico para a nova finalidade do Prédio Rosa, que já foi Secretaria do Interior e da Educação, foi feito por Paulo Mendes da Rocha e a expografia, que usa a tecnologia como aliada da memória e da experiência, é de Marcello Dantas.

O Museu funciona de terça a domingo, das 12 às 18h, e na quinta, das 12 às 22h, entrada franca. Para além da exposição permanente, o MM Gerdau oferece uma programação diversa e para todas as idades. Todas as atividades são gratuitas.

O MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal é patrocinado pela Gerdau, via lei Federal de Incentivo à Cultura, com o apoio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).

Programação e informações completas: http://programacomciencia.org.br/

Exposição CoMciência – até 14 de março de 2021. Link do site para o tour virtual: https://2020.programacomciencia.org.br/.

Bate-papo virtual Processos Artísticos na Exposição CoMciência: Cristais de Tempo

Convidado: Bruno Alencastro, autor do obs-cu-ra

Quando: 14 de janeiro

Horário: 18h

Onde: Youtube do MM Gerdau Museu das Minas e do Metal (https://www.youtube.com/channel/UCe3cyY5I8-dWQ1ID7eZVOEg)

Bate-papo virtual Processos Artísticos na Exposição CoMciência: Cristais de Tempo

Convidado: Felipe Carrelli, autor do Estrelas no Deserto

Quando: 21 de janeiro

Horário: 18h

Onde: Youtube do MM Gerdau Museu das Minas e do Metal (https://www.youtube.com/channel/UCe3cyY5I8-dWQ1ID7eZVOEg).