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Obra inédita no Brasil do britânico Cornelius Cardew será apresentada de forma integral na Unicamp no próximo dia 9

Campinas, por Kleber Patricio

Composição de 193 páginas será interpretada de forma integral por alunos da pós-graduação em Música da Unicamp, coordenada pelo professor Manuel Falleiros (direção e saxofone).

Composição de 193 páginas será interpretada de forma integral por alunos da pós-graduação em Música da Unicamp, coordenada pelo professor Manuel Falleiros (direção e saxofone).

Pela primeira vez no Brasil, será apresentada uma obra conhecida como “o Monte Everest das partituras gráficas” – Treatise, do compositor Cornelius Cardew (1936-1981). A composição, de 193 páginas, será interpretada de forma integral pelos alunos da disciplina Livre Improvisação e Processos Criativos do curso de pós-graduação em Música da Unicamp, coordenado pelo professor Manuel Falleiros. O concerto acontece na Casa do Lago (Unicamp), no próximo dia 9, às 19h, com entrada gratuita.

O grupo de músicos é formado por Alberto Ferreira (piano), Nando Penteado, (violão extendido), Carlos Roberto (vibrafone), Cássio Moreira (percussão), Diego Assis (violão), Paulo Flores (flauta e escaleta), Marcelo Pereira (saxofone barítono), Ronalde Monezzi (saxofone tenor) e Manuel Falleiros (direção e saxofone).

Conhecida como o Monte Everest das partituras gráficas em razão do volume de páginas e da diversidade de símbolos, a obra é um tratado que reúne, basicamente, figuras geométricas, números, linhas e alguns símbolos musicais. Foi escrita entre 1963 e 1967. Cardew nunca deixou instruções específicas para a obra, mas sugeriu que cada intérprete ou grupo construísse sua própria interpretação questionando as possibilidades de significado.

“O Tratado de Cardew foi inspirado no trabalho do filósofo Ludwig Wittgenstein Tractatus Logico-Philosophicus, que examina os limites da linguagem humana. De forma similar, Cardew buscou explorar os limites da notação musical utilizando símbolos não convencionais. Estes símbolos não têm significado prévio. O músico ou o grupo cria para cada performance um significado único a cada elemento desta partitura”, explica Falleiros.

Cardew esperava que o próprio músico construísse um significado específico para os elementos desta partitura. Foto: divulgação.

Cardew esperava que o próprio músico construísse um significado específico para os elementos desta partitura. Fotos: divulgação.

O compositor Cornelius Cardew nasceu em 7 de maio de 1936, em Winchcombe, no Reino Unido. Estudou piano, violoncelo e composição na Royal Academy of Music em Londres. Aos 21 anos participou da estreia inglesa da peça Le marteau sans maître, de Pierre Boulez.

Entre 1958 e 1960 trabalhou como assistente do compositor Karlheinz Stokhausen no Estúdio de Música Eletrônica, em Colônia (Alemanha). Em 1958, toma contato com a obra de John Cage e com outros compositores norte-americanos, o que o leva a abandonar o formalismo e optar pelo experimentalismo e indeterminação em suas obras. Desta fase destacam-se as suas composições Treatise e The Great Leaning.

Em 1966, é nomeado professor de composição na Royal Academy of Music.  Em 1968, como professor do London’s Morley College, funda a Scratch Orquestra, um grande grupo voltado à improvisação e criação coletiva. Cardew desconfia do elitismo da música de vanguarda e passa a criar composições acessíveis de temática revolucionária.

Serviço:

O Tratado Completo: a música de Cornelius Cardew (Unicamp)

Quando: 9 de junho (quinta)

Horário: 19h

Onde: Casa do Lago – Unicamp

Entrada gratuita.