Depois de participar do EP Amor, de Milton Nascimento e Criolo, o pianista pernambucano Amaro Freitas, considerado uma das melhores revelações do jazz brasileiro contemporâneo por fazer a revolução na ponta dos dedos pela fusão do gênero com ritmos tradicionais pernambucanos, lança, em junho, seu terceiro trabalho, Sankofa. O álbum, que tem patrocínio de Natura Musical, realização da 78 Rotações Produções e sairá também no exterior pela inglesa Far Out Recordings, é uma busca espiritual por histórias esquecidas, filosofias antigas e figuras inspiradoras do Brasil negro.
Sankofa é um símbolo Adinkra – conjunto de símbolos ideográficos dos povos acã, da África Ocidental –, que representa um pássaro com a cabeça voltada para trás. Quando se deparou com ele em uma bata à venda em uma feira africana no Harlem, Nova York – bairro que historicamente foi palco de grandes pianistas do jazz, como Thelonius Monk e Art Tatum –, compreendeu a importância do seu significado e fez dele o conceito fundamental para o seu novo álbum. “O símbolo do pássaro místico que voa de cabeça para trás nos ensina a possibilidade de voltar às raízes para realizarmos nosso potencial de avançar. Com este álbum, quero trazer a memória de quem somos e homenagear bairros, nomes, personagens, lugares, palavras e símbolos que vêm de nossos antepassados e comemorar de onde viemos”, comenta ele.
O primeiro single, Baquaqua, destaca a história raramente contada do africano Mahommah Gardo Baquaqua, que foi trazido para o Brasil como escravo, mas fugiu para Nova York em 1847, onde aprendeu a ler e escrever. Sua autobiografia foi publicada pelo abolicionista americano Samuel Moore e hoje é o único documento conhecido sobre o comércio de escravos escrito por um ex-escravo brasileiro. Ouça Baquaqua aqui.