O músico, compositor e arranjador Toninho Ferragutti é conhecido (e reconhecido) como um dos mais inventivos e talentosos acordeonistas atualmente. Em 35 anos de carreira, gravou inúmeros álbuns, teve três trabalhos indicados ao Grammy e tocou com importantes músicos nacionais e internacionais, além de orquestras. Este novo álbum é mais um passo em sua carreira, com composições inéditas escritas especialmente para uma formação pouco explorada no universo musical, o quinteto de cordas – com violinos, viola, violoncelo e contrabaixo – e o acordeon. E o resultado desse encontro está registrado em De Sol a Sol, lançado agora pela gravadora do SESC São Paulo.
“Eu me sinto um melodista e a minha música, na verdade, é popular com muitos códigos e elementos da música erudita: dinâmicas, sonoridades e sofisticação harmônica. Em outras palavras, ela se aproxima da música erudita, embora beba da fonte da música popular. E é muito bom fazer isso”, afirma Toninho Ferragutti sobre as doze faixas do álbum com choros, forrós, valsas e jazz.
O trabalho nasceu com a proposta de ter composições em que os seis instrumentos são protagonistas. Segundo Ferragutti, há pouco material feito especialmente para esta formação. “O acordeon se presta muito a esse tipo de formação com cordas. Ele se dá bem com as dinâmicas e com os timbres. Embora seja um instrumento de ar, de sopro, ele sustenta os sons como as cordas. Eu me sinto em casa”, revela o compositor.
De Sol a Sol também levou em consideração os músicos parceiros com os quais Ferragutti dividiria o estúdio: Luiz Amato e Liliana Chiriac (violinos), Adriana Schincariol (viola), Adriana Holtz (violoncelo) e Zé Alexandre Carvalho (contrabaixo), todos eles com carreiras sólidas na música erudita e passagens pelas principais orquestras brasileiras, como a Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e a Sinfônica Municipal (OSM), mas que trazem grande compreensão da música popular, de seus códigos e sua linguagem. “Eu componho e penso na formação, nas pessoas que vão tocar. O disco me deixou feliz porque conseguimos um resultado de que gosto”, diz o acordeonista.
As doze faixas foram arranjadas por um time que entende do assunto, como o clarinetista, saxofonista e compositor Nailor Azevedo ‘Proveta’, fundador da Banda Mantiqueira, e o pianista e compositor Tiago Costa, regente da Orquestra Jovem Tom Jobim. Proveta arranjou Valsa Dura, Pedro e Névoa; já Tiago trabalhou a peça título do álbum De Sol a Sol e ainda Medusa, Bétula e Valsinha de Salão. Completam a lista os arranjadores Alexandre Mihanovich, que assina Moinho e Redentora; Rafael Piccolotto, em Forró Campeão e Adail Fernandes com Um chorinho em Aquiraz; além do próprio Toninho Ferragutti, que arranjou Reloginho.
O álbum teve ainda algo importante para o grupo. “Fiz de uma maneira que sempre quis, fomos para um lugar longe de São Paulo e ficamos mergulhados na gravação, com o foco voltado ao trabalho. Isso também influenciou o resultado”, finaliza o músico. Para ouvir, clique aqui.
Repertório
De Sol a Sol – Toninho Ferragutti e Quinteto de Cordas
Todas as composições são de Toninho Ferragutti
1 – De sol a sol | Arranjo: Tiago Costa
2 – Valsa dura | Arranjo: Nailor Azevedo ‘Proveta’
3 – Medusa | Arranjo: Tiago Costa
4 – Bétula | Arranjo: Tiago Costa
5 – Moinho | Arranjo: Alexandre Mihanovich
6 – Pedro | Arranjo: Nailor Azevedo ‘Proveta’
7 – Valsinha de salão | Arranjo: Tiago Costa
8 – Névoa | Arranjo: Nailor Azevedo ‘Proveta’
9 – Reloginho | Arranjo: Toninho Ferragutti
10 – Forró Campeão | Arranjo: Rafael Piccolotto
11 – Redentora | Arranjo: Alexandre Mihanovich
12 – Um chorinho em Aquiraz | Arranjo: Adail Fernandes
Toninho Ferragutti | Músico, compositor e arranjador, nasceu em Socorro, no interior do Estado de São Paulo, onde foi incentivado pelo pai, Pedro Ferragutti, também músico saxofonista e compositor de valsas, choros, dobrados e marchas. Fez sua formação acadêmica no Conservatório Gomes Cardin, em Campinas, acrescentada de aulas particulares de acordeon, com Dante D’Alonzo, e harmonia, com Claudio Leal Ferreira. Também credita sua formação às inúmeras rodas de choro, grupos de baile, de música gaúcha e de gafieiras dos quais participou. Antes de se profissionalizar, Toninho Ferragutti cursou três anos de veterinária na Unesp, em Botucatu, curso que abandonou no último ano para se mudar definitivamente para São Paulo, em 1983.
Em mais de 35 anos de carreira bem-sucedida, participou de shows e álbuns de importantes artistas no Brasil e exterior, como Gilberto Gil, Edu Lobo, Antonio Nóbrega, Elba Ramalho, Mônica Salmaso, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Chico Cesar, Sivuca, Dominguinhos, Oswaldinho do Acordeon, Lenine, Paulo Moura, Marisa Monte, Elza Soares, Dory Caymmi, Joyce, Nelson Ayres, Nico Assunção, Hermeto Paschoal, Lenine, Elza Soares, Grupo Corpo, Mario Adnet, Proveta, Maira João e Mario Lajinha (Portugal), Seigen Ono (Japão) e Antonio Placer (França).
Também já tocou com diversas orquestras sinfônicas como a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo, Orquestra Petrobras Pró-Música, Orquestra de Câmera da Universidade da Paraíba, Orquestra Sinfônica do Recife, sob a regência de Claudio Cruz, Ciro Pereira, Nelson Ayres, Wagner Tiso, Karabtchevsky, João Maurício Galindo, Carlos Anísio e Osman Gioia e vem interpretando toda obra escrita pelo compositor e Acordeonista Sivuca para esta formação.
Tem 15 álbuns solo e em parceria, com indicações ao Grammy Latino, Prêmio Tim e Prêmio Governador do Estado de São Paulo pelo trabalho apresentado no decorrer do ano de 2011. Foi vencedor do 28º Prêmio da Música Brasileira (2017) na categoria Música Instrumental como Melhor Solista, por sua atuação no álbum A Gata Café. Possui músicas gravadas pela Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo e pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Seu CD Sanfonemas foi indicado ao Grammy Latino no ano 2000 como melhor CD de música regional; Nem Sol nem Lua, disco de 2006, foi considerado um dos 10 melhores trabalhos de música instrumental do ano e O Sorriso da Manu integrou a lista dos 10 melhores CDs de 2012, na opinião do crítico musical Carlos Calado. É professor, promove oficinas musicais em sua casa e é devoto de Dominguinhos, Hermeto Pascoal e Gilberto Gil.
Luiz Amato – 1º violino | Natural de São Paulo, é violinista e professor. Bacharel pela USP, é mestre e possui o Graduate Diploma pelo New England Conservatory de Boston (EUA). Doutor pela Universidade da Califórnia (EUA), foi membro do quarteto de cordas em residência desta universidade, com o qual participou de vários festivais e concertos pelos Estados Unidos, Europa e Brasil. No Brasil, integrou, entre outros, o Quarteto Municipal da Cidade de São Paulo – com o qual ganhou o prêmio APCA na categoria Melhor Grupo de Câmara do Ano. Foi spalla da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, da Amazonas Filarmônica e da Orquestra Jazz Sinfônica. Ex-diretor Artístico da Orquestra de Câmara da Unesp, atualmente é professor da universidade.
Liliana Chiriac – 2º violino | Nasceu em Chishinau, Moldávia. Iniciou seus estudos aos sete anos na Escola de Música C. Porumbesco e participou de diversos concursos para jovens instrumentistas. Em 1989, conquistou o primeiro lugar no Concurso de Jovens Violinistas da Moldávia e, no mesmo ano, iniciou seus estudos na Academia de Música G. Musiceuscu. Integrou a Orquestra Sinfônica de Teleradio, da sua cidade natal. Em 1993, integrou o naipe de primeiros violinos da Orquestra Filarmônica Nacional da Moldávia. Fez curso de aperfeiçoamento com a professora Esfir Caplun, discípula de Y. A. Yankelevich, nas áreas de música de câmara e prática pedagógica. Mudou-se para o Brasil em 1998 para exercer a função de “concertino” na Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Também participou do Quarteto de Cordas Tchaikovsky, do São Paulo Arte Trio e da Orquestra Bachiana Filarmônica. Desde 2002, integra a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo e a Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo. Desde 2007, é professora da Emesp Tom Jobim. Trabalhou ao lado Toninho Ferragutti em O Sorriso da Manu.
Adriana Schincariol – viola | Violista e professora. Iniciou seus estudos musicais no Conservatório de Tatuí aos 7 anos com piano, passando posteriormente para viola, em que se formou na classe do Professor Paulo Bosísio. É professora de viola e música de câmara no Conservatório Dramático e Musical de Tatuí, Faculdade UNI-FIAM, FAAM, Instituto Baccarelli e na Emesp Tom Jobim. Foi violista da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Orquestra Bachiana, do Quarteto de Cordas Aureus e do Quinteto D’Elas. É violista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e do Quinteto de Cordas com Toninho Ferragutti. Ganhou o Prêmio Carlos Gomes do Governo do Estado de São Paulo de Melhor Grupo de Câmara com o Quinteto D’ Elas (1998). Foi coordenadora pedagógica de Música de Câmara no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão de 2006 a 2011 e da Emesp Tom Jobim de 2009 a 2020.
Adriana Holtz – violoncelo | Natural de Sorocaba. Iniciou seus estudos de violoncelo em 1987 no SESC Consolação e cursou o Conservatório Dr. Carlos de Campos em Tatuí. Participou dos Festivais de Música de Curitiba, Londrina, Tatuí e Campos do Jordão. Formou-se no curso de Licenciatura em Música pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, tendo estudado com Robert Suetholz e Antonio Lauro Del Claro. Foi primeiro violoncelo da Orquestra Experimental de Repertório (1994-1997), integrante da Orquestra Jazz Sinfônica, da Camerata Fukuda, do Grupo Cello em Sampa e da Orquestra de Câmara Villa-Lobos. Foi professora da ULM – Universidade Livre de Música e do Conservatório Musical Villa Lobos em Osasco, onde formou-se pianista. Atualmente é integrante da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).
Zé Alexandre Carvalho – contrabaixo | Contrabaixista, arranjador e professor, atua em diversos estilos e formações, tanto na área do popular como do erudito. Já acompanhou artistas como Eliete Negreiros, Mônica Salmaso e Ná Ozzetti, entre outros. Na música instrumental, trabalhou ao lado de nomes como André Mehmari, Nelson Ayres, Paulo Moura, Ulisses Rocha, Proveta, Mozar Terra, Léa Freire, Hector Costita, Nivaldo Ornellas, Maestro Branco e Toninho Ferragutti, entre outros. Participou das Orquestras Sinfônicas de Campinas e Santo André. Realizou temporadas com a Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo e Orquestra Sinfônica da USP (Osusp). Como arranjador e diretor musical, trabalhou com os grupos Heartbreakers, Havana Brasil, Divina Caffé e Orquestra Paysandú. Foi diretor pedagógico da Escola do Auditório do Ibirapuera e atualmente é professor titular da Faculdade de Música da Unicamp. É Bacharel, Mestre e Doutor em música pela Faculdade de Música da UNICAMP. Atualmente toca com a Banda Savana, com Toninho Ferragutti e banda, com a cantora Ná Ozzetti.
Ficha técnica
Em todas as faixas:
Toninho Ferragutti – acordeon
Luiz Amato – violino
Liliana Chiriac – violino
Adriana Schincariol – viola
Adriana Holtz – violoncelo
Zé Alexandre Carvalho – contrabaixo
Produção: Toninho Ferragutti
Direção Musical: Luca Raele e Toninho Ferragutti
Gravação: Thiago Monteiro (Estúdio Riviére, Ribeirão Preto – SP), de 20 a 25 de janeiro de 2020
Mixagem e masterização: Thiago Monteiro (Estúdio Riviére, Ribeirão Preto – SP)
Pintura da capa: Cínthia Camargo
Fotografia: Tarita de Souza
Produção gráfica: Alexandre Calderero
Imagens Making Of: Guilherme Monteiro
Edição Making Of: Renan Abreu
Produção executiva: Gisella Gonçalves (Borandá Produções)
Assistente de produção: Lígia Fernandes (Borandá Produções).
Serviço:
Selo SESC lança o álbum De Sol a Sol de Toninho Ferragutti e Quinteto de Cordas
No SESC Digital e nas demais plataformas de streaming a partir de 21 de julho
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