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Nuno Ramos apresenta releitura cênica de “Iracema, uma Transa Amazônica” no SESC Avenida Paulista

São Paulo, por Kleber Patricio

“Iracema Fala”. Foto: Ricardo Ferreira.

Entre os dias 13 e 15 de agosto, o SESC Avenida Paulista será palco da estreia de Iracema Fala, performance que integra o projeto A Extinção É Para Sempre, de Nuno Ramos — trabalho multilinguagem idealizado pelo artista e realizado pelo SESC São Paulo com apoio do Goethe-Institut. O público poderá acompanhar a performance ao vivo de forma virtual por meio dos canais do Instagram do SESC Ao Vivo e YouTube do SESC SP (sexta) e canais do SESC Avenida Paulista (sábado e domingo).

O trabalho é uma releitura cênica de Iracema: Uma Transa Amazônica, filme de 1976 de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, que agora inverte os papéis. Quem comanda a cena é a atriz Edna de Cássia, que interpretou a protagonista do longa — a personagem é uma indígena que se esquece de suas origens e segue num percurso de prostituição, abusos e decadência.

“Iracema Fala”. Foto: Ricardo Ferreira.

Edna, que era adolescente quando participou da obra, chegou a vencer o prêmio de atuação no Festival de Brasília, mas nunca mais filmou. Nesta releitura, é a atriz quem dirige, interferindo, paralisando, mandando repetir, comentando — criando, em suma, sua própria versão da história.

Chama | O projeto A Extinção É Para Sempre está com inscrições abertas para o público participar da obra Chama. Criada como um monumento virtual de luto, uma chama eterna e ininterrupta em memória aos mortos que permanecerá acesa durante um ano, a obra agora está aberta a colaborações de pessoas públicas ou anônimas, artistas, coletividades ou instituições do mundo inteiro. Por meio do formulário de inscrição disponível no site SESCsp.org.br/aextincaoeparasempre, o público opta por uma data e horário para transmitir sua chama, que pode ser produzida da forma que preferir e transmitida ao vivo pela plataforma do projeto.

A ideia dessa alternância de chamas é utilizar o fogo como um ritual e também um chamado, uma convocação geral ao luto, à pausa e à dignificação de cada perda. Como explica Nuno Ramos, Chama é um memorial aos mortos”. Há um fogo principal — a “chama-mãe”, criada pelo artista —, que nunca se apaga, instalado no SESC Avenida Paulista. A obra está sendo transmitida ao vivo no site do projeto desde o dia 25 de maio desse ano, no mesmo espaço virtual onde serão veiculadas as demais chamas.

A Extinção É Para Sempre | Trata-se de um projeto que une diversas linguagens artísticas e busca expressar uma resposta urgente às incertezas do presente: o momento político e social e a situação pandêmica que o mundo atravessa. O projeto multilinguagem e inédito é idealizado pelo artista, compositor, diretor e escritor Nuno Ramos e realizado pelo SESC São Paulo com apoio do Goethe-Institut. Organizado em sete episódios e com colaboração de nomes das artes visuais, da dança, do teatro, da música e do cinema, o laboratório teve início em janeiro de 2021 e seguirá com desdobramentos ao longo de um ano.

“Iracema Fala”. Foto: Ricardo Ferreira.

“Estamos vivendo um misto de queda sem fim com ataque por todos os lados. O projeto é uma tentativa de reagir, com balas múltiplas, a um ataque múltiplo, de manter a linguagem viva em vários níveis”, afirma Nuno Ramos. “É também uma forma de fazer arte ‘a quente’, uma produção em movimento que vá contra o atual estado de apatia e responda aos assuntos que percorrem o espaço público hoje — como o luto, a violência, a ameaça às instituições e a relativização da nossa história”, completa.

“Em meio à imprecisão e complexidade do momento atual, realizar tal proposta com apoio do Goethe-Institut é matizar possibilidades para uma travessia coletiva mais acolhedora, abastecida pelas múltiplas camadas que envolvem o fazer artístico-cultural e as descobertas infindas que a arte proporciona”, reflete Danilo Santos de Miranda, diretor do SESC São Paulo. Configurado como um laboratório artístico, o projeto tem promovido diálogos sobre as proposições com artistas de diversas origens e linguagens, como a escritora Noemi Jaffe, o cineasta Jorge Bodanzky, a diretora Tarina Quelho, a atriz Edna de Cássia, o coreógrafo Eduardo Fukushima e o encenador Antonio Araújo.

Nuno, que costuma trabalhar com diversos registros, explica que, aqui, o instinto “foi logo ir juntando muita gente. Temos de fazer, na cultura, o que a representação política não tem conseguido fazer, que é uma abertura, uma capacidade de contaminação entre o que pareceria incongruente. Isso tudo tem de somar agora, mostrar a força que as diferenças têm quando pisam num mesmo chão”, ele pontua.

“Iracema Fala”. Foto: Ricardo Ferreira.

Em cada um dos sete episódios, a equipe artística é reorganizada. Há participações pontuais e também um núcleo que perpassa todo o projeto. Ele é composto por Tarina Quelho, coreógrafa e diretora Tarina Quelho, o músico Romulo Fróes e os performers Allyson Amaral, Tenca e Leandro Souza. Esse grupo fixo, que nasceu de uma busca por novas parcerias, também irá ajudar a criar um diálogo entre todas as obras. “As ideias são muito diferentes entre si, mas formam um todo, e a gente vai carregando as ideias de um episódio para outro”, explica Nuno.

Os três primeiros episódios, o monumento virtual Chama e as performances Chão-Pão e Os Desastres da Guerra podem ser vistos pelo site do projeto (SESCsp.org.br/aextincaoeparasempre). Já os próximos trabalhos — Monumento, Helióptero e A Extinção É Para Sempre — seguem em desenvolvimento no laboratório artístico e seus desdobramentos públicos estarão sujeitos às possibilidades de interação que as mudanças no contexto da pandemia venham a permitir nos próximos meses.

Ficha técnica – Iracema Fala

Criação e direção: Nuno Ramos

Com: Edna de Cassia, Allyson Amaral, Joy Catharina, Gilda Nomacce, Giovanna Monteiro, Tenca

Sonoplastia ao vivo: Ricardo Chuí

Assistência de direção: Vicente Antunes Ramos

Direção de Arte: Eduardo Climachauska

Direção técnica: André Boll

Desenho e operação de luz: Wagner Pinto

Projeto cenográfico: William Zarella Jr.

Direção de palco: Carolina Bucek

Produção de figurino: Victoria Constantino

Criação de Figurino Edna de Cassia: Angélica Chaves

Sonoplastia e Consultoria audiovisual: Rodrigo Gava e Daniel Maia

Assistente técnica e operação de vídeo: Giovanna Kelly

Direção de filmagem: Pedro Nishi

Steadycam: Daniel Lupo

Execução cenográfica: Pará Movimentos

Assessoria jurídica: José Augusto Vieira de Aquino

Assistência de assessoria jurídica: Paula Malfatti

Produção executiva: Giovanna Monteiro, Luiza Alves e Paulo Gircys

Direção de produção: Marisa Riccitelli Sant’ana e Rachel Brumana

Gestão e Produção: Superfície de Eventos

Realização: SESC SP

Apoio: Goethe-Institut

Trechos de diálogos apresentados neste espetáculo constam originalmente em “Iracema Uma Transa Amazônica”, filme de Jorge Bodanky e Orlando Senna.

Ficha técnica do projeto A Extinção É Para Sempre

Realização: SESC São Paulo

Apoio: Goethe-Institut

Idealização e direção artística: Nuno Ramos

Assistência de direção: Vicente Antunes Ramos

Direção de produção: Rachel Brumana

Gestão e coordenação de produção: Marisa Riccitelli Sant’ana

Assistência de produção: Giovanna Monteiro e Luiza Alves

Direção técnica: André Boll e William Zarella Jr.

Artistas convidados e performers: Romulo Fróes, Tarina Quelho, Noemi Jaffe, Edna de Cássia, Eduardo Fukushima, Antonio Araujo, Allyson Amaral, Tenca.

Serviço:

Performance Iracema Fala

13/8, sexta-feira, às 20h30 nos Instagram @SESCAoVivo e no YouTube do SESCSP

14/8, sábado, às 20h30 nos canais do SESC Avenida Paulista (YouTube e Instagram)

15/8, domingo, 17h nos canais do SESC Avenida Paulista (YouTube e Instagram)

Classificação indicativa: 16 anos.