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Museu do Ipiranga inicia restauro de quadros do Salão Nobre por meio de doação

São Paulo, por Kleber Patricio

“Independência ou Morte” (1888), de Pedro Américo. Obra restaurada no ano passado receberá aplicação de verniz. Imagens: divulgação/Museu do Ipiranga.

Nem só de engenharia e arquitetura se faz o Novo Museu do Ipiranga. Além da modernização, restauração e ampliação do Edifício-Monumento, o público vai encontrar, em 2022, grande parte do seu acervo restaurado. Por meio de um programa de fomento artístico do Bank of America, dos Estados Unidos, o Museu do Ipiranga adquiriu o montante necessário para o restauro de nove quadros que residem no Salão Nobre, espaço de destaque da instituição, e a aplicação de verniz na tela Independência ou Morte, de Pedro Américo, cujo restauro foi realizado no próprio salão, devido à grande proporção da tela, e finalizado no primeiro semestre do ano passado.

O trabalho conta com uma equipe de dez profissionais e será iniciado ainda em julho; a previsão é de que dure dez meses, com a conclusão em maio de 2022. Está prevista, também, a produção de um livro com os bastidores do restauro e a história das obras. A operação inclui procedimentos como remoção de verniz, sujeira, preenchimento de perfurações, planificação, reentelagem, renovação de molduras e chassis, restauro de dourações, retoques e, por fim, aplicação de vernizes de proteção.

“Sessão das Cortes de Lisboa” (1922), de Oscar Pereira da Silva.

“O Museu do Ipiranga tem uma grande quantidade de obras que precisariam ser restauradas para a reabertura das exposições em 2022 (são 43 no total), com um custo total aproximado de 1,3 milhão de reais. No entanto, a sua concretização dependia efetivamente de verbas para a sua realização”, conta Rosaria Ono, diretora da instituição.

“Tínhamos, em nosso orçamento, cerca de 20% dessa verba garantida; portanto, a doação recebida do Bank of America foi importantíssima para contemplar o restauro de mais obras e também fundamentou um pleito de verba adicional do Museu à Universidade de São Paulo para que todas as obras pudessem ser restauradas”, conclui.

Espaço mais importante do Museu, o Salão Nobre, com seus 182 metros quadrados e mais de 10 metros de pé-direito, foi projetado para abrigar a tela de Pedro Américo, que figura o momento em que se anunciou a ruptura política com Portugal. O ambiente é o ponto culminante do chamado “Eixo Monumental”, que começa no saguão, no piso térreo, passa pelas escadarias, até chegar neste espaço, que fica no ponto mais central do edifício. Todo o acervo artístico do Eixo Monumental é patrimônio cultural tombado e será conservado em sua integridade na reabertura.

Em 1922, ano em que se comemorou o Centenário da Independência do país, o historiador e diretor do Museu na época, Afonso d’Escragnolle Taunay, encomendou diversas pinturas de história; dentre elas, as nove telas que passaram a ladear a de Pedro Américo. Realizadas pelo pintor brasileiro Oscar Pereira da Silva e pelo italiano Domenico Failutti, as pinturas retratam episódios políticos que antecederam a declaração de Independência e personagens que atuaram no processo de Independência. Entre esses personagens, estão o Imperador Pedro I de Bragança, diversos políticos e cenas icônicas, e duas personagens femininas – Leopoldina de Habsburg-Lorenz, primeira imperatriz do Brasil, e a combatente Maria Quitéria de Jesus, mulher que aderiu às tropas militares que expulsaram os portugueses da cidade de Salvador da Bahia. O conjunto de pinturas do Salão Nobre sofreu consideráveis desgastes ao longo de quase 100 anos de exibição. A restauração prevista permitirá que o ambiente tradicionalmente mais visitado do Museu do Ipiranga recupere a qualidade visual de seu acervo artístico de pinturas que integram o imaginário nacional e são conhecidas em todo o país.

“O Príncipe Regente Dom Pedro e Jorge de Avilez a Bordo da Fragata União” (1922), de Oscar Pereira da Silva.

“Esse patrocínio faz parte do programa chamado Bank of America Art Conservation Project, que demonstra nosso apoio estratégico à arte em todo o mundo e reflete parte de nossos compromissos em ambiental, social e governança (ESG). O objetivo do Bank of America, neste caso, é promover o Museu do Ipiranga, as obras em restauro e os seus artistas, e incentivar outras empresas a também contribuírem para conservação do riquíssimo patrimônio artístico e cultural que temos no Brasil e que carece de apoio financeiro”, afirma Thiago Fernandes, responsável pela área de Meio Ambiente, Social e de Governança do Bank of America (Bofa) na América Latina.

Museu do Ipiranga – USP | Fechado desde 2013, o Museu do Ipiranga é sede do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e seguiu em atividade com eventos, cursos, palestras e oficinas em diversos espaços da cidade. As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura. A gestão do Projeto Novo Museu do Ipiranga é feita de forma compartilhada pelo Comitê Gestor Museu do Ipiranga 2022, pela direção do Museu Paulista e pela Fundação de Apoio à USP (FUSP). As obras se iniciaram em outubro de 2019 e a expectativa é de que o museu seja reaberto em setembro de 2022 para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. Para mais informações sobre o restauro, acesse o site museudoipiranga2022.org.br.

O edifício, tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade.

As obras do Novo Museu do Ipiranga são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura. Patrocinadores e parceiros: BNDES, Fundação Banco do Brasil, Vale, Bradesco, Caterpillar, Comgás, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, EDP, EMS, Itaú, Sabesp, Santander, Banco Safra, Honda, Raízen, Postos Ipiranga, Pinheiro Neto Advogados, Atlas Schindler e Novelis.