Tudo começou durante a pandemia, quando a artista visual brasileira Virgínia Pirondi, morando em Portugal desde 2018, se deparou com um estado de inquietude gerado pelo retrocesso político no Brasil, bem como pelo fechamento de fronteiras que a impedia de se encontrar com seu filho, estudante de filme em Los Angeles. “Questões que já há muito deveriam estar superadas começaram a sair de ‘porões mofados’ com força violenta em forma de discursos de ódio, preconceitos e negacionismo, o que foi causando em mim uma enorme angústia”, relata a artista.
Sensibilizada com o impacto desses momentos de incertezas, especialmente para os jovens, Virginia teve a ideia de criar um projeto que trouxesse um pouco de esperança e conexão entre artistas de diferentes lugares – talentos despatriados, com ausência de espaços para veiculação de produções artísticas. “O que seria de nós sem a possibilidade de transcender os limites da nossa própria realidade? Através da arte, conseguimos nos transportar a novos campos de ideias, possibilidades de ser e estar no mundo. Sem os livros, pinturas, esculturas, fotografias, danças, teatros, filmes ou músicas, a vida se torna triste. A gente não vive só de pão”, diz Virgínia.
Desenhava-se então o protótipo da Galeria Mola. O projeto levou oito meses até a inauguração, em maio deste ano, no Centro Histórico de Braga, um lugar estrategicamente posicionado para acolher a população local e turistas.
A Galeria Mola é uma iniciativa privada sem fins lucrativos que conta com apoios e parcerias de profissionais que acreditam ser de vital importância fomentar as trocas transcontinentais e dar visibilidade às produções dos artistas de diferentes nacionalidades.
Assim foi com o curador Sandro Leite, também brasileiro, que, ao ser convidado para fazer parte do projeto, não hesitou e tem promovido trabalhos de artistas contemporâneos cujas trajetórias trazem importantes reflexões e críticas sociais. “Nossa proposta não é comercializar as obras dos artistas. Isso não significa que, por meio das exposições e veiculação midiática das produções, seja despertado interesse comercial, cujos trâmites de negociação ainda estão em processo de sistematização. Temos grande liberdade para buscar nosso próprio caminho e nosso intuito é aproximar a arte do público e promover reflexões a partir das obras desses artistas”, explica Virgínia.
A arquitetura da galeria – um cubo de vidro – por si só favorece a interação com o público. Com projeto dos arquitetos Filipa Russell e João Pereira Silva da ÁGA Arquitectos, o espaço foi moldado para dinamizar vários tipos de propostas artísticas.
A programação é variada e segue um fluxo próprio, com exposições em intervalos diferentes, o que contribui para que ocorram eventos culturais e artísticos simultaneamente.
Serviço:
Galeria Mola – Praça Conde de Agrolongo, 126 – loja 5, Braga, Portugal.
(Fonte: àsClaras Comunicação)