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Casa de Cultura do Parque promove a II Mostra Audiovisual em formato híbrido

São Paulo, por Kleber Patricio

Júlia Katherine, curadora da II Mostra Audiovisual da Casa.

A Casa de Cultura do Parque, centro cultural localizado no Alto de Pinheiros, apresenta a II Mostra Audiovisual da Casa, em formato híbrido e com recorte político. A Mostra ocorrerá de 1º a 4 de junho, com exibições on-line pelo YouTube da Casa e encerramento especial no sábado, com o filme “Como Ar, Sempre Nos levantaremos” seguido de debate presencial e música ao vivo – duo de sax e guitarra – em parceria da Casa de Cultura do Parque com a Emesp Tom Jobim. Os filmes on-line ficarão 24 horas no ar e começam sempre às 19h. No sábado, as atividades têm início às 15h.

Para a cineasta trans Júlia Katharine, “Meu Amigo Cláudia”, “São Paulo Hi-Fi”, “Assim Como o Ar, Sempre Nos Levantaremos” e “Jéssika” são filmes importantes, ainda mais relevantes nos dias de hoje. “Vejo neles um pouco da história da nossa inserção no cinema brasileiro. Dácio, Lufe, Clara Angélica e Jô apresentam nos seus documentários personagens reais que construíram o que hoje somos, uma comunidade, que apesar de muitas vezes negligenciada, segue lutando por seu espaço na sociedade”. Júlia já foi homenageada com o prêmio Helena Ignez na Mostra de Cinema de Tiradentes e realizou filmes com importantes diretores da nova geração, dentre eles “Gustavo Vinagre”, premiado este ano em Berlim.

“Jéssika”, com direção da cineasta Galba Gogóia, é o único filme ficcional da Mostra. “Galba conta a história de muitas de nós, mulheres trans e travestis, que retornam para suas origens em busca de afeto e entendimento. É uma pequena amostra do quanto somos muitas e diversas, de uma comunidade que cresce e não vai ceder a nenhum retrocesso imposto”. A potência e a beleza da narrativa fizeram com que Júlia, de certa forma, rompesse com a coesão das escolhas e colocasse uma ficção no meio dos documentários: “é uma ficção sobre a possibilidade de retomada da relação entre mãe e filha, interrompida no passado. Um filme que faz um gesto para um provável recomeço”, conta a curadora.

Ano passado, a Mostra Audiovisual da Casa de Cultura do Parque teve como curadora a crítica pernambucana Priscila Urpia, com obras realizadas somente por mulheres. Seus filmes foram exibidos on-line por conta da pandemia. Para esse ano, porém, a expectativa é que a Casa possa acolher presencialmente um público plural, interessado em conhecer suas atividades e refletir coletivamente sobre a cultura e a atualidade política do país. “Espero que o conhecimento de quem somos e de qual cinema estamos propondo fomente diálogos e afetos para construir pontes, estimular conversas sobre uma sociedade mais justa. Para isso, nada melhor que a Casa de Cultura do Parque, uma instituição educacional, artística, que agrega e acolhe a todes”, disse Katharine.

Júlia Katharine | Diretora, roteirista e atriz brasileira. Foi a primeira cineasta trans do Brasil a entrar no circuito comercial como diretora de um filme, o curta-metragem “Tea for Two”, em 2019, também exibido na Casa de Cultura do Parque.

Sinopses

“Meu amigo Cláudia” – Direção Dácio Pinheiro | “Meu Amigo Claudia” retrata a trajetória de Claudia Wonder (1955-2010), uma das artistas mais importantes da cena “underground” brasileira durante as décadas de 80 e 90. Transexual que ficou conhecida por suas performances e apresentações musicais na noite de São Paulo, Wonder também ganharia notoriedade por sua militância em prol do livre exercício da diversidade sexual. Além de seus shows, ela atuou em filmes da Boca do Lixo de São Paulo e também participou de espetáculos dirigidos por Zé Celso Martinez Corrêa no Teatro Oficina.

“São Paulo em Hi-Fi” – Direção Lufe Steffen | Documentário histórico que resgata a era de ouro da noite LGBTQIA+ paulistana, fazendo uma viagem pelas décadas de 1960, 70 e 80 – a bordo das lembranças de testemunhas do período, trazendo à tona as casas noturnas que marcaram época, as estrelas, as transformistas, os heróis, e até os vilões: a ditadura militar e a explosão da Aids, que marcou o fim dessa era, modificando os rumos da história.

Curta ficcional sobre uma viagem de reencontros e memórias. Anos após deixar sua casa, a travesti Jéssika retorna para sua cidade natal e para a casa de sua mãe. O filme é dirigido e protagonizado por travestis e dialoga diretamente com as discussões de representatividade e de lugar de fala leva. Jéssika se propõe a lançar um olhar diferente sobre as histórias das travestis contadas no cinema (em sua maioria dirigida por pessoas cis): não é mais um filme sobre prostituição; nem sobre disforias e procedimentos médicos e nem sobre violência e situações marginalizadas da população trans. Jéssika busca humanizar a vida de uma travesti. Existe para Jéssika o afeto, a família e a esperança.

“Assim como o ar, sempre nos levantaremos” – Direção Clara Angélica | Documentário sobre existência e resistência de mulheres LGBTs contra o fascismo no Brasil pós 2018, que lidera uma triste estatística: é o país que mais mata LGBTs no mundo, realidade que se agrava a partir do resultado das eleições. Diante desse cenário nasce “Assim como o ar sempre nos levantaremos”, filme documental de longa metragem que dá visibilidade às mulheres lésbicas, bissexuais, trans e travestis, retratando suas angústias e medos; além de mostrar, na rotina de suas vidas e nas relações familiares, a resistência, a luta por seus direitos, por suas vidas. Um filme que fala sobre o amor.

Casa de Cultura do Parque

A Casa de Cultura do Parque, localizada em frente ao Parque Villa-Lobos, no Alto de Pinheiros, em São Paulo, é um espaço plural que busca estimular reflexões sobre a agenda contemporânea, promovendo uma gama de atividades culturais e educativas que incluem exposições de arte, shows, palestras, cursos e oficinas.

A Casa de Cultura do Parque tem como parceiro institucional o Instituto de Cultura Contemporânea — ICCo, uma OSCIP sem fins lucrativos. As duas iniciativas, de natureza socioeducativa, compartilham a mesma missão de ampliar a compreensão e a apreciação da arte e do conhecimento.

Serviço:

II Mostra Audiovisual da Casa de Cultura do Parque

Quando: de 1º a 3 de junho, às 19h (on-line no YouTube da Casa de Cultura do Parque).

Exibição presencial no sábado (4), a partir das 15h, com debate da curadora e realizadores. Filmes recomendados para maiores de 16 anos.

Local: Casa de Cultura do Parque – Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 1300 – Alto de Pinheiros – São Paulo (SP)

Horário de funcionamento: de quarta a domingo, das 11h às 18h

Entrada gratuita mediante apresentação de comprovante de vacina.

Site da Casa de Cultura do Parque | Instagram | Youtube | Facebook.

(Fonte: Assessoria de imprensa | Casa de Cultura do Parque)