E se a história de Medeia, de Eurípedes, ganhasse novos contornos? Esse foi o ponto de partida para que a diretora, dramaturga e atriz Grace Passô subvertesse o texto clássico, ampliando as discussões sobre a condição da mulher hoje. O resultado pode ser visto no espetáculo “Mata teu Pai, ópera-balada”, que estreia no Espaço Cênico do SESC Pompeia na quarta-feira, dia 17 de agosto, às 20h30. Com direção de Inez Viana, a peça segue em temporada até sexta-feira, dia 9 de setembro, com apresentações de terça à sexta, às 20h30. Entretanto, a sessão da sexta, dia 19 de agosto, será transferida para o sábado, dia 20 de agosto, às 20h30.
O trabalho marca a estreia da cantora baiana Assucena no teatro. É ela quem interpreta a icônica Medeia, dividindo o palco com outras quatro atrizes e cantoras: Aivan, Eme Barbassa, Joana dos Santos e Warley Noua.
Dessa forma, a obra amplia as reflexões sobre o feminino e o sentimento de pertencimento, em um período fortemente marcado pelas reivindicações das minorias sociais. “Causas como preconceito, discriminação racial e de gênero, xenofobia e sexismo passaram a pautar o cotidiano. E, na peça, Medeia vivencia tudo isso, além da transfobia. Precisamos olhar para o passado para analisar e/ou criticar comportamentos sob uma nova ótica e, com isso, trazer à tona reflexões para provocar mudanças efetivas na sociedade”, defende Inez.
Um olhar expandido sobre o feminino
Na trama de “Mata teu Pai, ópera-balada”, Medeia peregrina entre os escombros de uma cidade e sente na pele a condição de imigrante e excluída. Seu caminho é atravessado por outras mulheres expatriadas de diferentes culturas e localidades – uma síria, uma cubana, uma judia e uma haitiana –, de maneira que se cria uma forte cumplicidade entre elas. Esse grupo unido passa a questionar a sociedade, com sua violência e intolerância institucionalizadas.
A encenação também envolve uma personagem paulista, que representa o conservadorismo e o capitalismo. Ela não é interpretada por nenhuma atriz e sim, por um coro.
Essa jornada se destaca por um processo de autoconhecimento. “Ao contrário do texto original, Medeia entende que Glauce, a filha de Creonte, é tão oprimida quanto ela, por isso não merece a morte. Afinal, ambas foram fundamentais para os homens da narrativa crescerem como seres humanos, e, mesmo com os seus sacrifícios, foram usadas e traídas por eles. Por isso, quem deve morrer é Ele, fazendo uma alusão direta ao patriarcado”, conta a diretora.
Outra importante mudança introduzida por Grace Passô está relacionada às filhas da trágica personagem grega. Na montagem, as meninas não são representadas por nenhum objeto, atriz ou boneca, quem cumpre esse papel é o público. “Os espectadores da Medeia assistem ao espetáculo com a expectativa de vê-la ‘matando’ as crianças, porque é nesse momento que acontece a catarse. Mas, desta vez, o impacto do ato será muito maior, pois as pessoas verão o trabalho sabendo que irão ‘morrer’ em algum momento”, acrescenta.
Uma ópera-balada
A peça é um desdobramento de “Mata teu Pai”, espetáculo que estreou em 2017 com Debora Lamm no papel principal. Desta vez, a música ganhou muita importância, tornando-se quase uma protagonista.
A obra se transformou em uma ópera-balada, gênero que se originou no início do século 18 e mescla melodias em estilo popular (pré-existente ou recém-composta) com diálogo falado.
Assim, parte do texto de Grace se tornará um libreto criado pelo compositor Vidal Assis. Ele compôs 11 movimentos, executados ao vivo pelo musicista Barulhista junto às atrizes e cantoras.
Sinopse | Grace Passô concebeu uma livre adaptação do mito da feiticeira grega, Medeia, subvertendo-o e criando um debate sobre a condição da mulher na atualidade. Na trama, a personagem-título, interpretada por Assucena, vive em meio aos escombros de uma cidade por onde peregrina e encontra outras mulheres de diferentes nacionalidades – síria, cubana, judia, haitiana e paulista – e vê a si mesma na condição de imigrante e excluída. Nessa jornada, ela percorre um caminho interior, onde decide que quem tem que morrer é Ele, fazendo uma alusão direta ao patriarcado.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Grace Passô
Direção: Inez Viana
Composições originais: Vidal Assis
Direção Musical e músico convidado: Barulhista
Performance Medeia: Assucena
Participação Especial: Aivan
As Vizinhas: Eme Barbassa, Joana dos Santos e Warley Noua
Interlocução Artística: Fabiano Dadado de Freitas
Iluminação: Sarah Salgado
Cenário: Ailton Barros
Figurino: Kleber Montanheiro
Programação Visual: Andre Senna
Assessoria de Imprensa: Marcia Marques, Canal Aberto
Direção de Produção: Bem Medeiros
Produção Executiva: Marco Chavarri
Realização: Eu + Ela Produções Artísticas Me.
Serviço:
Mata teu pai, ópera-balada
De 17 de agosto a 9 de setembro*
De terça à sexta, às 20h30 | Exceto a sessão da sexta, dia 19/08, que será transferida para o sábado, dia 20/8
* sessão com tradução em libras no dia 8 de setembro.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo/SP
Duração: 60 minutos | Classificação: 14 anos | Capacidade: 60 lugares
Ingressos: R$5 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes), R$15 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira).
Vendas de ingressos pelo portal do SESC SP (sescsp.org.br), a partir do dia 9/8, às 12h e nas bilheterias das unidades do SESC São Paulo e pela Central de Relacionamento Digital (centralrelacionamento.sescsp.org.br), a partir de 10/8, às 17h.
O local não dispõe de estacionamento.
Protocolos de segurança
O uso da máscara, cobrindo boca e nariz é recomendado. Se você apresentar os sintomas relacionados à Covid-19, procure o serviço de saúde e permaneça em isolamento social.
Para informações sobre outras programações, acesse o portal sescsp.org.br/pompeia.
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(Fonte: Assessoria de Imprensa SESC Pompeia)