A memória afetiva é uma parte substancial do desenvolvimento de crianças e adolescentes. É por meio daquele brinquedo querido na infância ou de lembranças simbólicas com amigos e familiares que entendemos os sentimentos, as emoções e criamos o registro de sensações agradáveis. Esse processo é uma etapa fundamental para o crescimento saudável de meninos e meninas. Entretanto, nem todos têm a oportunidade de experienciar uma infância com condições ideais de afeto. Diante dessa problemática e com o objetivo de promover e registrar bons momentos, a Aldeias Infantis SOS iniciou o projeto “Memórias e Afetos” em Campinas (SP), voltado para crianças e adolescentes em acolhimento.
Realizada desde 2021, a iniciativa busca registrar, por meio de áudio e vídeo, as atividades significativas desenvolvida com as crianças e os adolescentes, como passeios anuais de caráter lúdico e cultural e festas que marquem o momento de emancipação do jovem na Aldeias Infantis SOS, entre outras atividades.
O projeto é mais uma forma de promover o cuidado e a estabilidade emocional e física de meninos e meninas que lá estão, ressaltando que estão em um ambiente familiar e seguro e que a saída da Organização não acaba com os laços afetivos construídos. Além disso, o estímulo e o registro de lembranças felizes aceleram e ressignificam a assimilação das memórias traumáticas, que precederam o acolhimento, resultando em uma visão positiva do futuro e em uma emancipação sensível e tranquila. “O Memórias e Afetos se enquadra como uma ferramenta de promoção humana e bem-estar social ao oferecer recursos para auxiliar crianças e adolescentes que perderam o cuidado parental a superar o seu passado de violações de direito. E isso é possível por meio do contato com registros de memórias presentes e dos afetos constituídos”, explica Regiane Maximiamo de Moraes, gerente regional da Aldeias Infantis SOS e responsável pelos serviços de Campinas, Limeira e Lorena.
A gestora acrescenta ainda que um exemplo dessas memórias positivas é a festa de emancipação e a entrega do enxoval, “que demonstram um processo sensível, gentil e carinhoso, do qual poderão se recordar como um ‘até breve’ humanizado, que prenuncia a possibilidade de um futuro feliz no qual todos acreditamos ser possível”, conclui Regiane.
Atuação em Campinas
A Aldeias Infantis SOS iniciou seus trabalhos em Campinas em 2009. Desde então, acolhe e protege crianças, adolescentes e jovens que perderam o cuidado parental. Atualmente, o programa cuida de 46 crianças e adolescentes, sendo 30 deles com idades superiores a 14 anos.
A Organização disponibiliza 17 profissionais no centro de acolhimento da cidade, entre técnicos, educadores e cuidadores treinados para atuar com os registros e edições do projeto “Memórias e Afetos”. A iniciativa terá a duração de dois anos e presenteará cada beneficiário com um foto-livro, imagens avulsas e um vídeo com os melhores momentos do período dos registros. “Do número total de crianças e adolescentes acolhidos no município, anualmente há uma parcela cada vez maior de adolescentes, o que nos coloca diante da necessidade da construção de estratégias eficazes para apoiá-los no processamento de suas experiências passadas, muitas das quais envolvem violação de direitos, considerando os desafios para a preparação para a vida adulta e para a emancipação do acolhimento”, complementa Regiane.
Sobre a Aldeias Infantis | A Aldeias Infantis SOS (SOS Children’s Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. A organização lidera o maior movimento de cuidado infantil do mundo e atua junto a meninos e meninas que perderam o cuidado parental ou estão em risco de perdê-lo, além de dar resposta a situações de emergência. Fundada na Áustria, em 1949, está presente em 137 países. No Brasil, atua há 55 anos e mantém mais de 80 projetos em 31 localidades de Norte ao Sul do país. Ao trabalhar junto com famílias em risco de se separar e fornecer cuidados alternativos para crianças e jovens que perderam o cuidado parental, a Aldeias Infantis SOS luta para que nenhuma criança cresça sozinha.
(Fonte: Máquina Cohn&Wolfe)