O Balé da Cidade de São Paulo, com direção artística de Alejandro Ahmed, inicia sua nova temporada de apresentações no palco do Theatro Municipal de São Paulo com a remontagem ‘Horizonte+’, de concepção e coreografia de Beatriz Sano e Eduardo Fukushima, criada a partir da relação entre as práticas corporais asiáticas e a filosofia oriental. Partindo de uma pesquisa sobre o movimento com corpos que operam em perspectivas diferentes, a obra trabalha com o universo artístico de Tomie Ohtake.
Na mesma noite será apresentada a peça inédita ‘Piedad Salvaje’, da artista cubana Judith Sánchez Ruíz, cujo trabalho é norteado por questões como casualidade e complexidade humana, improvisação, comunidade e ativismo. As apresentações acontecem nos dias 7, 8, 9, 11, 12, 13, 14 e 15 de junho e os ingressos variam de R$12 a R$87 (inteira), com classificação livre e 80 minutos com intervalo.
Horizonte+
A coreografia ‘Horizonte+’ foi criada a partir da partitura coreográfica, a princípio, feita e dançada por pelos dois coreógrafos paulistas Beatriz Sano e Eduardo Fukushima com música ao vivo do baterista Chico Leibholz. A peça foi composta na relação entre as práticas corporais asiáticas que os artistas vêm estudando e o universo de criação da artista visual nipo-brasileira Tomie Ohtake (1913–2015).
Ohtake é reconhecida por suas pinturas abstratas e geométricas e, também, pelas suas esculturas pendulares de cores vibrantes e escalas diversas. Para os 32 bailarinos do Balé da Cidade de São Paulo, foi possível alargar a escala da peça original somando e diversificando a partitura coreográfica. A obra acontece na paisagem horizontal dos corpos, que oscilam entre arranjos geométricos imperfeitos, formando espaços vazios. A trilha sonora foi composta simultaneamente à criação da partitura coreográfica e é executada ao vivo por Chico Leibholz. Repetições e variações são acentuadas e fazem vibrar, não só a pele das paredes da Sala de Espetáculo. “Transformamos essa coreografia para os vários corpos do Balé da Cidade. Essa criação fez um diálogo e teve um ponto de partida, que é o universo de criação da artista visual Tomie Ohtake, conhecida pelas suas formas geométricas, suas escalas, suas linhas, pelas esculturas e pelo balanço de esculturas pequenas. E é neste lugar entre o vazio, o círculo, a forma e imperfeição que vamos trabalhar com os corpos do Balé da Cidade”, afirmam os coreógrafos Beatriz Sano e Eduardo Fukushima.
A peça é resultado de um edital para coreógrafos lançado pela primeira vez também em 2023. O edital visa fomentar novas colaborações com coreógrafos que não necessariamente tenham coreografado grandes companhias anteriormente e a proposta da dupla foi escolhida por uma banca formada por representantes dos bailarinos, o diretor artístico Alejandro Ahmed e a integrante do comitê curatorial do Theatro Municipal de São Paulo, Ana Teixeira.
Piedad Salvaje
A artista Judith Sánchez Ruíz, ex-integrante da renomada companhia de dança norte-americana Trisha Brown Dance Company (2006-2009), faz a estreia mundial da coreografia ‘Piedad Salvaje’ no palco do Theatro Municipal. O espetáculo tem direção musical e composição original de Maria Beraldo.
A peça reconhece a importância das curvas, fases, alianças e padrões recorrentes em suas representações. Inspirada nas ideias de Henri Lefebvre (1901–1991), filósofo, sociólogo e geógrafo francês conhecido por sua crítica marxista da vida cotidiana, pela reflexão sobre o direito à cidade e sobre a produção do espaço social, Judith utiliza o espaço como meio de controle, uma vez que é um instrumento político poderoso na nossa sociedade.
A obra fabula como se dançaria a vida no fim do mundo e o absurdo que se criou em torno dos humanos. Em cena estarão 17 intérpretes, trazendo como base a técnica ‘breaking the house’, desenvolvida pela própria Judith, que trabalha com a ideia de quebrar os próprios hábitos do corpo e que parte de uma base de improvisação.
A coreografia traz estruturas como esqueletos que corroem, destilam e se dissolvem como o tempo e o espaço através de visões de danças. Corpos frisados, criaturas que viajam transportadas em grupos em constante relocação. Uma viagem finita busca por identidade, propósito e sentido do agora. Sabendo o quão homogêneo é o pensamento das pessoas, nesta peça as pessoas vivem flutuando, quanto mais longe do chão melhor. “Meu trabalho é a descoberta da natureza na arte. Piedad Salvaje é um hino ao sacrifício humano. A obra evoca uma fisicalidade da nossa existência”, conclui Judith Sánchez Ruíz.
Serviço:
Balé da Cidade de São Paulo
Alejandro Ahmed, direção artística
Piedad Salvaje (estreia) e Horizonte +
7/6/2024 • 20h • sexta-feira
8/6/2024 • 17h • sábado
9/6/2024 • 17h • domingo
11/6/2024 • 20h • terça-feira
12/6/2024 • 20h • quarta-feira
13/6/2024 • 20h • quinta-feira
14/6/2024 • 20h • sexta-feira
15/6/2024 • 17h • sábado
Piedad Salvaje (estreia)
Judith Sánchez Ruíz, coreografia
Maria Beraldo, direção musical e composição original
Grissel Piguillen, design de luz
Vinicius Cardoso, cenografia
Karin Serafin, figurino
Horizonte +
Beatriz Sano e Eduardo Fukushima, concepção e coreografia
Chico Leibholz, composição musical e performance ao vivo
Hideki Matsuka, luz e espaço cênico
Júlia Rocha, dramaturgia
Patrícia Savoy, assistente de iluminação
Vinícius Cardoso, assistente de projeto do espaço cênico
IRRITA – Rita Comparato, figurino.
(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)