Uma pesquisa encontrou pela primeira vez no Parque Estadual do Utinga, em Belém, no Pará, cinco espécies de plantas da família Melastomataceae, a mesma da quaresmeira – árvore de flores coloridas comum em jardins brasileiros. Os dados estão em artigo publicado nesta terça (29) no periódico ‘Paubrasilia’ por pesquisadores de instituições como Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade do Estado do Pará e Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
As espécies verificadas são Leandra micropetala, Miconia affinis, Miconia argyrophylla, Miconia punctata e Pterolepis glomerata. Esta última é também um novo registro para o estado do Pará. A família Melastomataceae inclui plantas que se destacam em jardins e paisagismo no Brasil. No entanto, também compreende espécies de ervas, arbustos, árvores e lianas (plantas trepadeiras), adaptadas a diferentes condições ambientais.
Além dessas cinco espécies, os pesquisadores identificaram outras 22 da família Melastomataceae, totalizando 27 espécies distribuídas em 13 gêneros no Parque Estadual do Utinga. No estudo, que teve início em 2017, a equipe utilizou técnicas de coleta e herborização de material botânico, análise de amostras, registros fotográficos e ilustrações científicas para identificar com precisão as espécies presentes, comparando-as com exemplares em coleções de herbários.
O Parque Estadual do Utinga é uma área de interesse para preservação e educação ambiental, constituindo um dos maiores fragmentos florestais urbanos no norte do Brasil. Além de receber milhares de visitantes todos os anos, o parque fornece diversos serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima e o abastecimento de água para quase 2 milhões de habitantes da capital paraense, com os dois lagos reservatórios de água que abriga.
Júlia Meirelles, pesquisadora do INMA e autora do artigo, explica que os estudos de flora são essenciais para documentar a biodiversidade dos biomas brasileiros. Segundo ela, os levantamentos na Amazônia ainda são mais escassos do que em relação à Mata Atlântica, cujas espécies são mais bem documentadas. “Embora algumas espécies de Melastomataceae ocorram tanto na Amazônia quanto na Mata Atlântica, há gêneros que são exclusivos da Amazônia. Essa documentação é fundamental para ampliar o conhecimento e apoiar a conservação”, ressalta a cientista.
O trabalho indica que muitas espécies de Melastomataceae são pioneiras em áreas perturbadas e podem ajudar na recuperação de regiões degradadas, além de contribuir para a formação de novos pesquisadores que participaram do levantamento. “Além disso, a descoberta de novas ocorrências de plantas contribui para o conhecimento científico da Amazônia e pode influenciar políticas de manejo e proteção de ecossistemas”, explica Meirelles. As próximas etapas da pesquisa consistem em realizar novas expedições para obter mais dados sobre a floração, frutificação e distribuição dessas espécies, além de estudos genéticos para entender melhor a evolução dessas plantas.
(Fonte: Instituto Nacional da Mata Atlântica/Agência Bori)