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CAIXA Cultural São Paulo apresenta exposição ‘Cidadela’, da artista visual Maria Ezou

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Mônica Cardim.

No dia 7 de março, chega à CAIXA Cultural São PauloCidadela’, a exposição individual da artista visual Maria Ezou que convida o público para uma experiência imersiva no universo das infâncias, suas sensações e subjetividades. A Cidadela é uma instalação interativa que materializa uma cidade imaginária e biocêntrica, uma fortaleza onírica onde os seres humanos, seus corpos, as casas e o restante da natureza são partes de um mesmo sistema: harmônico e fantástico.

Ao chegar à exposição, o público se depara com um portal de entrada que se assemelha a uma trama de raízes aéreas de mangue e à silhueta de uma montanha. A estrutura, que leva o nome de ‘estufa’, tem suportes que guardam pequenos vasos biodegradáveis com matéria orgânica, sementes nativas do bioma original da cidade de São Paulo, a Mata Atlântica, e lápis e papel. Ali o público pode realizar suas primeiras interações com a obra, seja pelo plantio de mudas que serão destinadas à restauração ambiental ou realizando um autorretrato que integrará a galeria de novos ‘habitantes’ da Cidadela.

Ao adentrar um pouco mais, descortina-se a cidade formada por 15 ‘casas-corpos’ – esculturas feitas a partir do molde do tronco da própria artista, com diminutas janelas e portas em seu ventre que dão acesso a minimundos imaginários. No interior de cada ‘casa-corpo’, o olhar curioso se depara com uma dramaturgia particular, dialogando com um aspecto diferente da infância, interconectado com o fluxo dos corpos e suas distintas emoções, o cotidiano das casas e as dinâmicas da natureza. Para contar cada história, o cenário e objetos em miniatura são animados por autômatos mecânicos e eletrônicos, pela transição de luzes e pela trilha sonora individual de cada casa, além de estímulos auditivos como o som das águas, do vento, do pisar na terra e do crepitar do fogo. Cada ‘casa-corpo’ recebe também uma audiodescrição que promove a acessibilidade.

O fio condutor das obras são as artes têxteis, que Ezou intersecciona com o teatro de animação, a arte eletrônica, o audiovisual, a literatura, as musicalidades e os autômatos artesanais. Ela ainda emprega técnicas auxiliares como marcenaria, serralheria artesanal e colagem e, por fim, as conecta a saberes como mecânica do movimento, arquitetura vernacular, biologia e agroecologia. Assim, Maria tece o enredo que resulta na narrativa maior, o mundo sonhado da Cidadela.

Para proporcionar uma experiência plena às crianças, a expografia respeita as dimensões dos pequenos, e os minimundos são localizados na altura do olhar da criança. Para os adultos, o convite é para que experimentem a Cidadela a partir do ponto de vista dos pequenos. A exposição pretende reafirmar o corpo como espaço de autonomia e alteridade e, por isso, cada espectador escolhe sua trilha de visitação, descobrindo, em cada Casa, um universo particular e a temática inerente à infância daquela obra. Compõem a Cidadela as Casas Gestar, Infância, Memória, Amor, Raiva, Empatia, Espera, Afeto, Alegria, Proteção, Desafio, Preguiça, Liberdade, Medo e Tristeza.

Em Cidadela, o corpo de Maria Ezou é o corpo do universo. Raízes, corpo, montanha. Mulher-natureza guiada por mapas, casas e seus interiores – cartografias que apontam para a direção coletiva. Cartógrafa dos afetos, parte das espacialidades e mergulha nas infâncias como um ato político onde o caminhar coletivo é o único possível.

Hoje as obras de Ezou estão situadas no campo das artes visuais, da performance e da instalação, mas nos primeiros anos de sua trajetória produziu muitos trabalhos para o campo das artes cênicas e com teatros de grupo – assim aprendeu e aprimorou seu ofício na lógica da colaboração e coletividade. Em a Cidadela, essa dinâmica segue presente. As obras da exposição têm a concepção e realização individual de Maria Ezou, mas contam com a colaboração de outros artistas e mestres de diferentes ofícios, que, convidados por Maria, trouxeram sua especialidade para o processo de preparação das obras. Entre os 17 convidados, estão André Mehmari (produtor e intérprete musical), Heloisa Pires Lima (dramaturgia do movimento), Juliana Notari (dramaturgia do movimento), Mônica Cardim (fotografia artística), Leonardo Martinelli (composição musical), Willian Oliveira (desenvolvimento dos sistemas eletrônicos), Cristina Souto (desenho de luz), entre outros.

A exposição, que segue para a CAIXA Cultural Rio de Janeiro e Curitiba na sequência da temporada paulistana, integra o projeto homônimo, Cidadela, que, em diferentes formatos, já passou, desde 2019, por Minas Gerais, Brasília e São Paulo e Fortaleza, somando mais de 31.000 espectadores. Mais informações sobre o Projeto Cidadela.

Maria Ezou – artista visual para as infâncias

Premiada artista, performer e educadora, Maria Ezou é porta-voz do movimento das artes visuais para as infâncias e trabalha o universo onírico e fantástico contando histórias imersivas e sensoriais. Com Licenciatura em Educação Artística (Unesp), chegou a cursar parte do Bacharelado em Artes Plásticas (FAAP) e tem formação em Cenografia. Em uma infância de liberdade, experimentação e integralidade com a natureza, Maria foi uma criança curiosa e apaixonada pelo funcionamento das coisas, dos corpos, dos fluxos e dos lugares. Encantamentos que se tornaram estruturantes em sua obra.

Filha de mãe arquiteta, entrou em contato com a arquitetura vernacular muito cedo e, ainda criança, viajou com a família pela América Latina, quando conheceu as cosmogonias inca e maia. O avô lhe transmitiu a paixão pelos autômatos, em seu “incrível quarto de invenções”. A cozinha de sua avó materna foi uma de suas primeiras inspirações para as manualidades artísticas e a máquina de costura, de sua outra avó, daria vida às suas primeiras criações têxteis. Ezou dialoga com o biocentrismo ancestral de seu país e continente e é possível identificar em sua obra o corpo biocêntrico, as espacialidades e seus fluxos, além do aspecto político. De modo não óbvio, reverencia aspectos culturais comuns aos povos originários do Brasil e da América Latina e revisita saberes desses povos para propor um diálogo das esperanças. A lida com o tecido, entremeada com o fazer artístico – lógica presente em culturas latino-americanas – é um dos exemplos em sua obra.

Os campos de atuação de Maria Ezou são as artes visuais, a performance e a instalação, com a presença recorrente de autômatos e objetos sensíveis. Ela respeita os tempos e o corpo expandido e integral das infâncias, por isso desenvolve obras analógicas e na escala das crianças. A artista das infâncias decoloniais, contempla diferentes contextos das infâncias. Entre seus trabalhos estão: Projeto Cidadela [Exposições: Cidadela-Corpo – Sesc Pompeia (2022), Cidadela Fotos – Circulação Minas Gerais, Brasília e São Paulo (2023), Cidadela – CAIXA Cultural Fortaleza, 2023/24]; Quadro bordado ‘Janelas do Céu’- vencedor do Contrastes MAB FAAP (2003); Performance ‘Fauna InFesta’ – exposição Augusto de Campos, no Sesc Pompéia (2016); Direção de arte dos espetáculos ‘A Ciranda do Villa’ – indicado aos prêmios FEMSA e Cooperativa Paulista de Teatro; ‘Os Saltimbancos’, (2008) – indicado ao prêmio FMSA (2008); ‘O Príncipe Feliz’ – premiado pelo 13º Festival Cultura Inglesa (2009); ‘Grandes Pequeninos’ – Indicado ao Grammy Latino de Música (2010); ‘Mário e os Marias’, premiado pelo APCA de Melhor Espetáculo de Rua para Crianças (2012) e ‘Coágulo’ – performance videoarte premiada no RUMOS Itaú Cultural (2021).

Ficha técnica

Exposição Cidadela

Maria Ezou – Concepção e realização

Colaboradores convidados:

Mônica Cardim – Fotografia casa Memória

Heloisa Pires Lima – Dramaturgia do movimento e textos do Site

Juliana Notari – Dramaturgia do movimento e textos do Site

Gabriela Zuquim – Consultoria ambiental

Leonardo Martinelli – Composição musical

André Mehmari – Produção e intérprete musical

Marina Quintanilha – Animação da Casa Memória

Eduardo Salzane – Consultoria de arte mecânica

Willian Oliveira – Desenvolvimento dos sistemas eletrônicos

Cristina Souto – Desenho de Luz

Fábio Luiz Souza Gomes e Joseane Natali Domingos – Serralheria

Rager Luan – Modelagem das peças em fibra de vidro

Alê Noguchi – Modelagem das peças em bambu

Rita De Cassia Martins – Confecção das roupas das Casas

Mônica Cristina Rocha – Confecção casulos

Joana Bertolini De Araújo – Estagiária assistente

Wanessa Costa – Estagiária assistente

Itinerância CAIXA Cultural

CAIXA – Realização

Maria Ezou – Idealização e Direção Artística

Débora Bruno – Produção Executiva

Plano Nacional ‘Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis’ MST – Plantio Estufa

Nany Gottardi – Locomotiva Cultural – Assessoria de Imprensa

Caia Gusmão Ferrer – Equipe educativa | Coordenação

Coralina De Sordi – Equipe educativa

Murilo Yasmin Soares – Equipe educativa

Mônica Cardim – Fotos de Divulgação

Ana Muriel – Artes Gráficas

Laura Corcuera – Assessoria de comunicação

Kelly Gonçalves – Studio Âmago Mkt– Assessoria de redes sociais

Bruno José – Ilustração site

Alves Tegam – Transportadora

Rogerio Gonzaga – Cenotécnico e Montagem

Douglas Campos – Eletricista.

Serviço:

Exposição Cidadela

Local: CAIXA Cultural São Paulo

Endereço: Praça da Sé, 111 – Centro – próximo à estação Sé do Metrô

Data: de 7 de março a 4 de maio de 2025 | terça a domingo, das 8h às 19h

Classificação indicativa: livre

Entrada franca

Agendamentos para grupos e escolas: e-mail

Acessibilidade: A exposição conta com o recurso de audiodescrição e acesso para pessoa com deficiência

Informações: (11) 3321-4400 ou acesse o site

Patrocínio: CAIXA e Governo Federal.

(Com Nany Gottardi/Locomotiva Cultural)