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Campinas recebe “O Mistério de Irma Vap” neste final de semana

Campinas, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Sucesso de público e crítica, a comédia besteirol “O Mistério de Irma Vap” será apresentada em Campinas, no Teatro Oficina do Estudante Iguatemi, nos dias 12 e 13 de março – sábado, 21h e domingo, 18h. Os protagonistas são os atores Luis Miranda e Mateus Solano nesta montagem adaptada e dirigida pelo encenador Jorge Farjalla a partir do texto de Charles Ludlam. Em Campinas, a peça tem patrocínio da Seguros Unimed. A produção e realização são da Bricabraque Produções e Palco7 Produções.

Os ingressos custam R$120,00 (inteira) e R$60,00 (meia) na plateia e R$150,00 (inteira) e R$75,00 (meia) na plateia Premium. Os ingressos estão à venda no site www.ingressodigital.com e na bilheteria no Teatro. Informações pelo telefone (19) 3294-3166. O Teatro Oficina do Estudante Iguatemi Campinas fica no 3º piso do Shopping Iguatemi Campinas (Av. Iguatemi, 777, Vila Brandina).

Sobre a peça

A trama original se passa em um lugar remoto da Inglaterra e conta a história de Lady Enid, a nova esposa do excêntrico Lord Edgar. Ela tem que se adaptar a viver em uma mansão mal-assombrada pelo fantasma da primeira esposa de seu marido, Irma Vap, um lugar onde o filho do casal foi morto por um lobisomem. Na casa, há uma governanta que assume a posição de rival da recém-chegada. Para retomar o amor de seu marido, Lady Enid come o pão que o diabo amassou e pratica peripécias divertidas. Em cena, os dois atores interpretam os vários personagens, entre humanos e assombrações.

O texto foi montado pela primeira vez em 1984 em um pequeno teatro em Greenwich Village, em Nova York, nos Estados Unidos, pela companhia Ridiculous Theatrical Company, do próprio Charles Ludlam. Ele fez uma paródia dos clássicos e inspirou-se em um gênero da Inglaterra Vitoriana chamado “penny dreadful” (que pode ser traduzido como terror a tostão) para criar um novo tipo de comédia, o melodrama vitoriano. Diferente da história original, a versão é situada em um trem fantasma de um parque de diversões macabro. “Usamos como referência os filmes de terror, como ‘Pague para Entrar, Reze para Sair’, de Tobe Hooper; ‘Rebecca’, de Alfred Hitchcock, e a estética dos anos 80. Mergulhamos também no universo do videoclipe de ‘Thriller’, de Michael Jackson, que foi dirigido pelo cineasta John Landis, uma referência do que é um filme de horror. Além disso, a obra também tem várias citações de Shakespeare, principalmente de Hamlet. Desfragmentamos todas as camadas do texto para ver o que estava por trás dele e ressignificar a obra”, conta o diretor e encenador Jorge Farjalla.

A primeira e icônica montagem brasileira do texto, com direção da saudosa atriz Marília Pera e atuação de Ney Latorraca e Marco Nanini, estreou em 1986 e ficou em cartaz durante 11 anos consecutivos, o que garantiu ao texto o registro no livro Guiness World Records. A peça ficou marcada na história do teatro por uma espécie de gincana de troca de figurinos por Nanini e Latorraca. O espetáculo, ainda segundo o diretor, tem a proposta de expor aos olhos do público essa troca de roupas e enfatizar ainda mais o texto e o trabalho do ator. “Nós teatralizamos a troca de roupas. Eu quero mostrar para o espectador o teatro como uma grande ilusão e o ator como um grande mago, que pode criar tudo na frente do público e fazê-lo acreditar naquela situação. Quero que a plateia sinta o trabalho dos atores e como eles vão dividir esses personagens em um jogo de espelhos. O próprio texto de Ludlam sugere o jogo teatral e tentamos enfatizar ao máximo a questão dos atores como um duplo”, comenta.

Essa encenação ousada só é possível graças ao talento de Luis Miranda e Mateus Solano. “Os dois são de uma genialidade, uma elegância artística. Eles têm, juntos, uma energia maravilhosa. Estou muito grato por tê-los comigo e por partilhar algo tão sagrado para mim, que é o fazer teatral”, acrescenta.

Elementos cênicos

O cenário de Marco Lima é um trem fantasma, com o carrinho utilizado de forma manual, artesanal e mecânica. Tudo construído com madeira, ferro e materiais simples. As luzes do cenário piscam e as portas abrem e fecham. Na montagem, os quatro atores “vodus contrarregras” fazem a movimentação do cenário. Todo o palco está aberto, mostrando a caixa cênica, sem bambolinas, sem rotundas, revelando o maquinário do teatro e não escondendo nada. “O cenário foi inspirado no filme de terror dos anos 80 ‘Pague para Entrar, Reze para Sair’. É todo teatralizado”, detalha Marco Lima.

O figurino de Karen Brusttolin é todo feito a mão por uma equipe composta por sapateiro, chapeleiro, costureira, bordadeira, designer de adereços e envelhecimento. O tecido utilizado foi o jeans, para dar um ar contemporâneo.  São sete trocas de roupa, referências e universos diferentes que transitam desde a era medieval até David Bowie. “Temos trocas de roupas muito rápidas. O diretor optou por revelar essas mudanças ao público. Pensei que este figurino deveria ser feito em camadas, criei a roupa ‘base’, como bonecos de vodu. Depois disso fui lapidando cada roupa pensando nas necessidades de cada ator, para que essas trocas pudessem acontecer com fluidez”, conta Karen.

A iluminação de César Pivetti é quase uma personagem. São vários efeitos, 300 movimentos de luz. “Procurei usar algumas tonalidades que remetessem ao clima de trem fantasma e escolhi dois tons de lavanda. Posicionei as máquinas de fumaça, criando um pântano. Com os refletores de chão e com toda a possibilidade de cenografia, conseguimos criar essa região pantanosa”, comenta César. A trilha musical é quase cinematográfica e pontua as cenas e as ações dos atores. As escolhas foram feitas em cima da opção do diretor de ambientar a peça no trem fantasma. Apesar do clima de terror, o humor está tanto na caricatura de cenário, figurino, atuação dos atores, quanto na música. “Então, essa caricatura do terror, da tensão, do suspense, traz consigo o humor, porque fica às vezes tão bizarro, que torna a coisa engraçada”, finaliza o diretor musical Gilson Fukushima.

Sobre Jorge Farjalla

Criador da Cia. Guerreiro, sua pesquisa em teatro é ligada ao universo de Antonin Artaud, Bertolt Brecht e Constantin Stanislaviski, tendo como ápice suas montagens sobre as obras míticas de Nelson Rodrigues: “Álbum de Família”, “Anjo Negro”, “Senhora dos Afogados” e “Dorotéia”. Idealizou a Escola de Teatro da sua Cia. inaugurada em 2010, no Rio de Janeiro, onde ofereceu oficinas e cursos de Teatro, Cinema e TV. Dirigiu e atuou no projeto sobre a obra de Dante Alighieri “A Divina Comédia”, encenando “Dante’s Inferno” e “Dante’s Purgatório”. Dirigiu “Vou Deixar o Amor Pra Outra Vida”, de Rodrigo Monteiro, que foi encenado em apartamentos residenciais no bairro de Copacabana.

Em 2016, dirigiu “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, em comemoração aos 60 anos de carreira de Rosamaria Murtinho, com Leticia Spiller e grande elenco. No mesmo ano, dirigiu “Antes do Café”, de Eugene O’Neill, aclamado pela crítica como um dos espetáculos mais dramáticos do ano. Dirigiu Antônia Fontenelle no monólogo “#Sincericídio”. Em 2018, dirigiu “Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues, com Alexia Dechamps, João Vitti, Rafael Vitti, Leticia Birkheuer e grande elenco, no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, sendo indicado ao Prêmio Shell de Melhor Figurino com sua assinatura. Ainda no primeiro semestre, dirigiu “Vou Deixar de Ser Feliz Por Medo de Ficar Triste?”, de Yuri Ribeiro, com Paula Burlamaqui, Vitor Thiré e grande elenco no Teatro das Artes no Rio de Janeiro, sendo indicado como Melhor Diretor ao Prêmio Botequim Cultural, foi o grande vencedor do Prêmio FITA 2018 como Melhor Diretor, Melhor Figurinista e Melhor Espetáculo.

Serviço:

“O Mistério de Irma Vap”

Dia 12 e 13, sábado e domingo, às 21h/18h

Ingressos de R$60,00 a R$150,00

Classificação etária: 12 anos

Local: 3º Piso do Shopping Iguatemi Campinas (Av. Iguatemi, 777, Vila Brandina), em Campinas

Vendas: Bilheterias do Teatro e no site www.ingressodigital.com

Informações pelo telefone (19) 3294-3166.

(Fonte: Ateliê da Notícia)