A programação do SescTV recebe Abril Indígena, com conteúdo especial de 2 a 30 de abril. Os destaques ficam por conta da exibição do documentário “Educação Escolar Indígena”, do Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena, e a série “Amazônia, Arqueologia da Floresta”.
Realizado desde 2019, o Abril Indígena foi idealizado pela área “Povos Indígenas”, do Programa Diversidade Cultural do SESC SP, que tem por objetivo valorizar e difundir a diversidade cultural desses povos no Brasil, especialmente por meio de atividades que suscitam espaços de protagonismo para indígenas – provenientes tanto de aldeias, comunidades e Terras Indígenas, quanto de contextos urbanos. “Essa ação em rede pretende colaborar para a desconstrução da ideia estereotipada do indígena selvagem e isolado, que vive em terras distantes incrustadas nas florestas, revelando a atualidade e a dimensão local de suas existências, resistências, demandas, saberes e fazeres”, explica Tatiana Amaral, assistente da Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC São Paulo.
Abrindo o Abril Indígena no dia 2 de abril, o SescTV exibe o filme “Educação Escolar Indígena”, dirigido por Camilo Tavares, sob consultoria da educadora Nieta Monte, especializada em educação indígena e consultora do MEC para a elaboração dos Parâmetros Curriculares da Educação Indígena. O documentário aborda os parâmetros e desafios para a educação escolar indígena no Brasil considerando tradições, história da etnia e confecção de artesanato na formação de crianças e jovens.
Já entre os dias 9 e 23 de abril serão exibidos os filmes que integram o Cine – Kurumin, que conta com 8 obras entre curtas e longas-metragens. Com curadoria da antropóloga Thais Britto, o festival tem como objetivo principal apoiar processos criativos dos povos nativos e promover a circulação das produções audiovisuais realizadas e produzidas por diretores e diretoras indígenas.
A animação “Mitos Indígenas em Travessia” abre a programação no dia 9, às 22h. O curta aborda seis histórias indígenas dos tempos antigos das etnias Kuikuro (Aldeia Afukuri, Terra Índígena Parque do Xingu, MG), Javaé (Aldeia São João, Terra Indígena Parque do Araguaia, Ilha do Bananal, TO) e Kadiwéu (Aldeia São João, Terra Indígena Kadiwéu, MG do Sul). Na sequência, será exibido o filme “As Hiper Mulheres”, que apresenta o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), em um momento de dor na comunidade.
No dia 16, o primeiro curta é “Kaapora, o Chamado das Matas”, em que a própria Kaapora e outros personagens espirituais conduzem a narrativa sobre a ligação dos Povos Indígenas com a Terra e sua Espiritualidade. Em seguida, às 22h20, o documentário “A Gente Luta mas Come Fruta” expõe o manejo agroflorestal realizado pelos Ashaninka da aldeia APIWTXA no rio Amônia, localizado no estado do Acre. “Nguné Elü, O dia em Que a Lua Menstruou” finaliza a programação deste dia, mostrando os acontecimentos na Aldeia Kuikuro, no Alto Xingu, durante um eclipse.
O curta “Agahü: o Sal do Xingu”, que retrata a importância do sal como uma ligação com o sagrado para a cosmologia dos povos do Xingu, abre o terceiro e último dia do Cine-Kurumin, 23 de abril, às 22h. Na sequência, é exibido o documentário “Pi’õnhitsi – Mulheres Xavante sem Nome”, sobre as dificuldades da realização do ritual de iniciação feminino na comunidade Xavante. Encerrando o festival, às 23h, “Má É Dami-Xina – Já me Transformei em Imagem” narra história de perda e renovação do povo Hunikui por meio das experiências compartilhadas pelos membros da comunidade.
A série “Amazônia, Arquiteturas da Floresta” – última atração do Abril Indígena – estreia no canal no dia 30 de abril. Com direção de Tatiana Toffoli e condução do arqueólogo Eduardo Góes Neves, a série, dividida em 4 episódios, acompanha as pesquisas realizadas no sítio arqueológico Monte Castelo, em Rondônia. Em parceria com os moradores da aldeia Palhau, da etnia Tupari, as escavações encontraram vestígios preservados por milênios entre camadas de conchas e terra. São restos de fauna, sementes de plantas, cerâmicas e ossos humanos, indícios de como viviam os povos da Amazônia há 4.000 anos.
Episódio 1 – A Terra dos Povos | Monte Castelo é um sambaqui fluvial, uma ilha artificial que foi construída e ocupada há pelo menos 6 mil anos. Localizado na bacia do rio Guaporé, em Rondônia, esse sítio foi escavado pela primeira vez pelo arqueólogo Eurico Miller na década de 80. Trinta anos mais tarde, foi relocalizado por uma equipe de arqueólogos e as escavações foram retomadas, dando início a uma nova etapa de descobertas surpreendentes.
Episódio 2 – As Conchas e os Ossos | Há 4 mil anos o clima da região mudou e novas camadas de conchas e terra foram adicionadas ao sítio. A equipe encontra muitos vestígios de um cemitério datado dessa época. Adornos e uma galhada de veado são encontrados junto aos ossos humanos. Os arqueólogos acompanham os Tupari até a antiga aldeia do Laranjal, local em que viviam e do qual tiveram que sair por causa da criação da Reserva Biológica do Guaporé, em 1983.
Episódio 3 – O Tabaco e a Cerveja | O sudoeste da Amazônia é uma região de grande diversidade natural e, talvez por essa razão, foi também um importante centro de domesticação de plantas. Os vestígios desse processo de domesticação e cultivo de plantas são encontrados nos sítios arqueológicos da região. Quando os Tupari abriram a aldeia Palhau, que está localizada sobre um sítio arqueológico, a mandioca dos antigos, usada para fazer chicha, brotou no solo. Muitas espécies aparecem espontaneamente na roça. O milho, por exemplo, cultivado há 6 mil anos, até hoje é plantado pelos Tupari numa demonstração de que o passado e o presente estão profundamente conectados na região.
Episódio 4 – Cemitério Bacabal | Neste episódio, novos sepultamentos são encontrados. A composição química das conchas que formam o sambaqui Monte Castelo ajudou a preservação de ossos e sementes. Através desses vestígios, é possível saber o que os antigos comiam e bebiam. Os ossos e os dentes humanos, as amostras de solo, as cerâmicas e objetos de pedra nos ajudam a contar a história de ocupação dessa região.
Serviço:
ABRIL INDÍGENA
Sábados, 22h
“Educação Escolar Indígena”
Direção: Camilo Tavares
Brasil, 2003, 52 min.
Sábado, 2/4, 22h
Sob demanda: 2/4
Classificação Indicativa: Livre.
Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena
Sob demanda: 9/4
Filmes:
“Mitos Indígenas em Travessia”
Dir.: Julia Vellutini & Wesley Rodrigues
Brasil, 2019, 21 min., animação
Sábado, 9/4, 22h
Classificação Indicativa: 10 anos.
“As Hiper Mulheres”
Dir.: Arlos Fausto, Leonardo Setted
Brasil, 2011, 80 min., documentário
Sábado, 9/4, 22h20
Classificação Indicativa: 10 anos.
“Kaapora, o Chamado das Matas”
Dir.: Olinda Muniz Wanderley – Yawar
Brasil, 2020, 20 min, docuficção
Sábado, 16/4, 22h
Classificação Indicativa: 12 anos.
“A Gente Luta mas Come Fruta”
Dir.: Wewito Piyõko
Brasil, 2006, 40 min, Documentário
Sábado, 16/4, 22h20
Classificação Indicativa: Livre.
“Nguné Elü, O Dia em que a Lua Menstruou”
Dir.: Maricá Kuikuro, Takumá Kuikuro
Brasil, 27 min., 2004, Documentário
Sábado, 16/4, 23h
Classificação Indicativa: Livre.
“Agahü: o Sal do Xingu”
Dir.: Takumã Kuikuro
Brasil, 2 min, 2020
Sábado, 23/4, 22h
Classificação Indicativa: Livre.
“Pi’õnhitsi – Mulheres Xavante sem Nome”
Dir.: Divino Tserewahú e Tiago Campos Torres
Brasil, 2009, 53 min, Documentário
Sábado, 23/4, 22h
Classificação Indicativa: Livre.
“Má É Dami-Xina – Já me Transformei em Imagem”
Dir.: Zezinho Yube.
Brasil, 2008, 32 min. Documentário
Sábado, 23/4, 23h
Classificação Indicativa: Livre.
Série “Amazônia, Arquiteturas da Floresta”
Episódio 1 – “A Terra dos Povos”
Episódio 2 – “As conchas e os ossos”
Episódio 3 – “O tabaco e a cerveja”
Episódio 4 – “Cemitério Bacabal”
Direção: Tatiana Toffoli
Produção: Elástica Filmes
Realização: SescTV
Estreia: 30/4, às 20h
Classificação indicativa: Livre.
Reapresentações: domingo, 1/5, 14h30; segunda, 2/5, 10h; terça, 3/5, 16h; quinta, 5/5, 14h30 e sexta, 6/5, 19h30. Disponível sob demanda no site a partir de 30/4.
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Sobre o SescTV | O SescTV é um canal de difusão cultural do SESC em São Paulo, distribuído gratuitamente, que tem como missão ampliar a ação do SESC para todo o Brasil. Sua programação é constituída por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com variadas expressões da música e da dança contemporânea. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e ideias da cultura brasileira em conexão com temas universais. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras linguagens artísticas também estão presentes na programação. Conheça o acervo no site.
(Fonte: Agência Lema)