Notícias sobre arte, cultura, turismo, gastronomia, lazer e sustentabilidade

Desenho é a linguagem da nova mostra do Instituto Pavão Cultural

Campinas, por Kleber Patricio

Obra do arquiteto Paulo de Tarso Oliva Barreto, conhecido como PTBarreto, que faz parte da mostra, Foto: divulgação.

Dar protagonismo ao traço, valorizando representações gráficas que remetem aos primórdios da comunicação humana e constituem a base das artes visuais – essa é a proposta da mostra DESENHO?, que abre ao público no dia 10 de agosto e fica em cartaz até 5 de outubro no Instituto Pavão Cultural, em Barão Geraldo, Campinas. A exposição inclui trabalhos dos membros de dois coletivos – Urban Sketchers e #Nudesenho – e de quadrinistas, arquitetos e desenhistas que adotam a linguagem em diferentes técnicas e variados temas. No total, 19 artistas assinam a exposição.

Será exposta ainda uma série de cinco reproduções de Flávio de Carvalho que integra o livro 32 desenhos – Jeito de ver mulher + Série Trágica, da coleção particular dos curadores do Pavão, Teresa Mas e Mário Braga, também arquitetos. A publicação é rara: foi editada apenas uma vez em 1967, com tiragem de apenas 500 exemplares. “Resolvemos incluir as reproduções como homenagem a esse artista tão importante para a história da arte no Brasil, para os arquitetos e para o desenho em particular”, comenta Teresa.

Painel do coletivo paulistano #Nudesenhos. Foto: divulgação.

A arquiteta acrescenta que uma pintura original de Flavio de Carvalho, Autorretrato, é a obra de abertura da exposição Tinta sobre Tinta: acervo do MAM no Instituto CPFL, que entra em cartaz essa semana e tem o projeto expográfico assinado pela equipe do Pavão. “O desenho às vezes é tratado como algo menor, mas acreditamos que é a base de tudo. Como representação, pode ser considerado uma das primeiras manifestações humanas: imaginar, planejar e registrar uma ideia. Como registro gráfico, é a expressão de algo que nos impressionou e o desejo de comunicar essa impressão para além do próprio gesto ou da comunicação oral”, analisa Teresa.

A seleção de DESENHO?, segundo a curadora, foi tão abrangente o quanto possível, considerando-se a amplitude da linguagem e procurou desmistificar a questão do “saber desenhar”, abrindo aos visitantes perspectivas de conhecimento e prática por meio das visitas educativas, vivências e oficinas com educadores e os artistas.

Pelas paredes, o público poderá conferir originais e reproduções em diferentes formatos e suportes, a maioria em tamanhos A4 (20 x 30 cm) e A3 (30 x 40 cm) – inclusive sketchbook, os cadernos de estudos dos autores. Parte dos desenhos estará disponível para venda (os expostos só poderão ser retirados após a mostra, mas haverá impressões para pronta entrega, assim como alguns livros dos artistas).

Coletivos 

Obra de Flavio Ricardo Melo, do Urban Sketchers. Foto: divulgação.

O coletivo Urban Sketchers – que faz parte de uma rede mundial, tem vários grupos pelo Brasil e, em Campinas foi formado em 2018 – participa com desenhos da paisagem urbana que visam, por intermédio da arte, aproximar as pessoas da cidade em que vivem, proporcionando a observação de espaços fundamentais para a compreensão da história e cultura locais que na agitação do dia-a-dia passam desapercebidos. Seus integrantes são os arquitetos Flávio Ricardo Melo e Fernanda Bonon, a artista plástica Letícia Lanza, o psicólogo e desenhista Kleberson Moreth e a desenhista amadora Vivian Hackbart. O Urban Sketchers fará um de seus encontros mensais no Pavão, em data a ser definida, com participação livre e gratuita.

O segundo coletivo participante é o paulistano #Nudesenhos, também formado em 2018.  Com oito membros, seu propósito é o desenho do corpo humano baseado na observação de modelos vivos, expondo diferentes formas de olhar e expressar a beleza e a singularidade ao retratar curvas, cores e volumes de homens e mulheres. Como parte da programação relativa à mostra, o coletivo virá a Campinas para mediar uma sessão de desenho de modelo vivo no local. A atividade, voltada especialmente a estudantes de desenho e desenhistas, será paga e restrita a maiores de 18 anos (mais informações serão divulgadas nas redes sociais do Pavão, confira no quadro abaixo).

São integrantes do #Nudesenhos a desenhista industrial Beatriz Sayão, o arquiteto e designer gráfico Guen Yokoyama, a desenhista Irmgard Shanner e os arquitetos José Roberto Marinho Bueno, Ana Guitián Ruiz, Lêda Brandão, Lúcia Carvalho e Solange Villanueva Renault.

Quadrinhos

Trabalho de Didi Mamushka (pseudônimo de Beatriz Linhares) que faz parte da mostra. Foto: divulgação.

Mario Cau e Didi Mamushka (pseudônimo de Beatriz Linhares) são artistas visuais formados pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que têm nos quadrinhos sua forma de expressão. Ela vai expor sequências das histórias Alice falava outra língua e Princesa, com temática feminista e de denúncia social. Cau levará ao Pavão livros e sketchbooks variados, além de desenhos originais da HQ Terapia, que trata dos questionamentos existenciais e autodescobertas de um universitário no divã do analista. Ilustrada por ele e com roteiro de Rob Gordon e Marina Kurcis, Terapia tem dois troféus HQMIX.

Arquitetos desenhistas  

Os quatro demais participantes da exposição DESENHO? são arquitetos formados pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (FAU-USP). A arte de DaniloZ, como assina o arquiteto Danilo Bressiani Zamboni, é o (cada vez mais raro) desenho arquitetônico a mão livre. Atuando profissionalmente como ilustrador no escritório do renomado arquiteto paulistano Isay Weinfeld, ele exporá imagens com a chamada “perspectiva explodida”, que exibem edificações em todos os seus detalhes internos e tridimensionalidade.

O arquiteto Paulo de Tarso Oliva Barreto, conhecido como PTBarreto, é também artista plástico e apresenta obras produzidas em meio digital. Portador de restrições motoras, ele expõe no Pavão variados trabalhos em que se destaca uma série com mulheres desenhadas com caneta touch fixada às bases dos dedos da mão.

Trabalho de Beá Meira, que faz parte da exposição. Foto: divulgação.

Beá Meira, arquiteta, ilustradora e autora de livros didáticos sobre Educação Artística, levará obras que retratam sua profunda preocupação com questões socioambientais, veiculadas em seu site Cadernos da Bea. Já a arquiteta Sílvia Bressiani, adepta do estudo da marcação do tempo em diversas culturas, participará com uma obra inusitada: um calendário maia desenhado a giz em lousa, que será atualizado no decorrer dos dois meses da exposição. A ideia, segundo a artista, é desvendar “uma porção de tempo que logo se apaga para começar novamente”.

Serviço:  

Mostra coletiva DESENHO?   

Entrada gratuita

Indicação etária: 14 anos

Data e horários: de 10 de agosto a 5 de outubro de 2019, de quarta à sábado, das 14h às 20h.

Local: Instituto Pavão Cultural, Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708, Cidade Universitária, Barão Geraldo, Campinas, SP. Telefone (19) 3397-0040 (atendimento das 14h às 20h).

A mostra contará com atividades interativas envolvendo os artistas e relativas à temática; a programação será divulgada semanalmente nas redes sociais do Pavão: @pavão cultural no Facebook e no Instagram.