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Dia Internacional do Livro: Brasil perdeu leitores nos últimos quatro anos

Brasil, por Kleber Patricio

Imagem de Free-Photos por Pixabay.

Com genial simplicidade, o poeta gaúcho Mário Quintana disse que “livros não mudam o mundo; quem muda o mundo são as pessoas; os livros só mudam as pessoas”. É fato: nenhuma nação se desenvolve sem apoio à sua literatura e esforço contínuo para construção de uma população de leitores. O mundo sabe disso, tanto que se comemora em 23 de novembro o Dia Internacional do Livro. A data se soma a outra, 23 de abril, Dia Mundial do Livro.

No caso brasileiro, parece que não se seu o devido valor à máxima de Quintana. O Brasil evoluiu enormemente nos últimos tempos em termos de alfabetização, mas ainda não é uma Nação que lê. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Instituto Pró-Livro e pelo Itaú Cultural, o país perdeu nos últimos quatro anos 4,6 milhões de leitores — ou seja, de 2015 a 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. Um total de 93 milhões de brasileiros, 48% da população, não leu nenhum livro, nem em parte, entre julho e setembro de 2020.

Além do problema histórico da falta de incentivo à leitura, a pesquisa confirmou uma suspeita óbvia: 66% dos entrevistados disseram preferir navegar na internet durante seu tempo livre e 62% afirmaram preencher essas horas com o WhatsApp. A preferência por mensagens breves pode ser explicada por outras constatações da sondagem: 4% disseram não saber ler; 19% informaram ler muito devagar; 13% afirmaram não ter concentração suficiente para ler e 9% não compreendem a maior parte do que leem. “As pessoas não estão usando seu tempo livre para leitura de literatura. A gente nota que a principal dificuldade apontada é o tempo para leitura e o tempo que sobra está sendo usado nas redes sociais”, avaliou Zoara Failla, coordenadora da pesquisa.

Da tragédia provocada pela pandemia do novo coronavírus é possível extrair um aspecto positivo. A permanência forçada em casa levou muita gente a comprar livros, físicos ou digitais. Entre junho e julho de 2020, a venda de livros no Brasil foi 6,4% maior que nos mesmos meses de 2019, segundo pesquisa feita pela Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros.