Uma história do pensamento da arte, que visa abrir caminho para novos raciocínios e instigar o público à reflexão – esse é o fio que conduz 50 Duetos – 50 anos da Fundação Edson Queiroz, exposição que celebra os 50 anos da Fundação Edson Queiroz, instituição sediada na Universidade de Fortaleza (Unifor). Com curadoria de Denise Mattar, a mostra reúne mais de 100 obras de diferentes artistas, períodos e técnicas, trabalhos emblemáticos que perpassam o século 17 à Arte Contemporânea, organizados em pares e dispostos lado a lado a partir de conexões diversas, desde paralelismo visuais, afinidades temáticas e eletivas, até mesmo suas oposições.
A mostra terá abertura no dia 23 de março, de forma virtual, por meio de transmissão ao vivo, às 19h, nos canais da Unifor no Instagram (@UniforComunica ) e no Facebook (/UniforOficial), e fica em cartaz no espaço físico da Fundação até 23 de dezembro. “Vale comemorar com esta exposição, que aporta no Espaço Cultural Unifor em um ano desafiador, quando a arte se torna ainda mais essencial diante do ímpeto de afirmação da vida, apesar de tudo. Vem dela o poder terapêutico e o olhar sensível que devem se derramar sobre o mundo. E é esse espírito de união, entrelaçamentos e diálogo proposto em 50 Duetos com que irão se deparar os espectadores que se colocarem diante dos pares de obras expostos”, reflete Lenise Queiroz Rocha, presidente da Fundação Edson Queiroz.
“Em celebração a seus 50 anos, a Fundação Edson Queiroz apresenta a exposição 50 Duetos, que reforça sua filosofia de aliar as iniciativas culturais à missão de educar com excelência. A mostra apresenta conexões nunca antes feitas com obras da Coleção Fundação Edson Queiroz, suscitando debates que permeiam diversas áreas do conhecimento. Imperdível tanto para a comunidade acadêmica quanto para o público apreciador de arte”, destaca o vice-reitor de Extensão da Universidade de Fortaleza, professor Randal Pompeu.
A exposição | 50 Duetos traz ao público uma disposição inédita de obras de importantes artistas da história da arte que integram o acervo da Fundação, dentre os quais: Antonio Bandeira, Anita Malfatti, Almeida Júnior, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Bonaventura Peeters, Candido Portinari, Cícero Dias, Cristiano Mascaro, De Fiori, Djanira da Motta e Silva, Di Cavalcanti, Fernando Botero, Félix-Émile Taunay, Iberê Camargo, Ismael Nery, Irmãos Campana, Frans Krajcberg, Geraldo de Barros, Leda Catunda, León Ferrari, Luiz Hermano, Mariana Palma, Maria Martins, Maciej Babinski, Mira Schendel, Pedro Alexandrino, Raoul Dufy ,Sebastião Salgado, Sérgio Helle, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake e Victor Brecheret, entre outros. “Minha proposta curatorial tem muito a ver com os tempos de hoje, com o mundo atual, onde as coisas vão se conectando de formas diferentes, onde as pessoas têm necessidade de uma visualização mais rápida. Vamos contar uma história da arte, só que, em vez de contar de forma cronológica, mostraremos uma história do pensamento da arte”, explica Denise Mattar .
Abrindo a exposição, um conjunto de litografias do icônico artista espanhol Salvador Dalí dialoga com escultura do austríaco-brasileiro Xico Stockinger, considerado um dos principais escultores modernos, a partir do tema Dom Quixote. A série de litografias de Dalí, intitulada Dom Quichotte, foi realizada na década de 1950 inspirada em trechos selecionados do emblemático livro homônimo de Miguel Cervantes, enquanto a obra de Stockinger, que integra sua série de Guerreiros, foi criada em 1970 como um protesto velado à ditadura que pairava sob o Brasil. Nestes trabalhos, o artista recorria com frequência a arquétipos, sendo Dom Quixote o mais famoso entre eles.
No duo formado por obras de Belmiro de Almeida e João Câmara, a curadora chama a atenção do visitante para a semelhança visual e da composição das telas. Trata-se de Figuras femininas (c. 1900), tela construída de forma quase impressionista por Belmiro, e Langueur do Outono (1989), do contemporâneo João Câmara. O dueto traz um QR Code que leva o visitante até um depoimento em vídeo de João Câmara, no qual o artista fala sobre a obra exposta, trabalho da série O Tango em Maracorday (1989), na qual ele recria, à sua maneira, a saga do assassinato do revolucionário francês Jean Paul Marat por Charlotte Corday.
Também de irrefutável semelhança, está o dueto composto por autorretratos de Ismael Nery e Iberê Camargo, que dialogam tanto pela aparência física das figuras retratadas, quanto na densidade dos personagens.
A melancolia, tema que tem sido, ao longo dos séculos, uma grande inspiração para as artes, conduz o dueto formado por Lasar Segall e Vik Muniz. Com o tema A Melancolia Expressionista, a exposição traz a emblemática tela Duas Amigas (1914), do pintor lituano Segall, artista que ajudou a mudar a cena de arte paulistana – e nacional –, ao lado da obra Melancholy (2008), de Vik, expoente da Geração 80, com reconhecimento internacional.
Sob a ótica da poética do cotidiano, a mostra traz lado a lado obra da série Ambiente Virtual I (2001), da artista carioca Adriana Varejão, com a infogravura ACQUA XLVII (2013) de Sérgio Helle, artista cearense há mais de três décadas em plena atividade, que mescla ferramentas digitais às tradicionais técnicas da pintura.
Alfredo Volpi e José Guedes são conectados na exposição pelo domínio singular das cores, da textura e do espaço pictórico. Os pigmentos e a Explosão das Cores permeiam, ainda, o duo composto por trabalhos de Eliseu Visconti e Luiz Sacilotto.
Cada dueto é acompanhado de textos especialmente concebidos para mostra, acompanhados de referências e links sugeridos por meio do uso de QRCodes, áudios, vídeos e músicas que explicitam a conexão elencada pela curadora. São desde vídeos de artistas vivos que compõem a exposição comentando seus trabalhos e também o que acharam da conexão estabelecida no dueto, até textos que a curadora já escreveu sobre os artistas e links para catálogos que a Fundação Edson Queiroz editou, mas que estão, fisicamente, esgotados.
Fundação Edson Queiroz | Instituição genuinamente cearense, a Fundação Edson Queiroz se orgulha por promover a décadas o desenvolvimento social, educacional e cultural do Estado e da região Nordeste. Criada em 26 de março de 1971, a Fundação foi uma das formas encontradas pelo industrial Edson Queiroz de retribuir, em forma de responsabilidade social, tudo o que a sua terra já lhe concedera. O maior entre os projetos sociais encampados pela Fundação se materializou na Universidade de Fortaleza, a Unifor.
Inaugurado em 1988, o Espaço Cultural Unifor é um dos mais importantes instrumentos de disseminação da arte no Brasil. Por meio do acesso gratuito às exposições, promove renovação e democratização do conhecimento das identidades artísticas, históricas e culturais do país. O espaço já abrigou mostras exclusivas, nacionais e internacionais, como Rembrandt, Candido Portinari, Miró, Beatriz Milhazes, Antonio Bandeira, Vik Muniz e Burle Marx.
Serviço:
50 Duetos – 50 anos da Fundação Edson Queiroz
Local: Fundação Edson Queiroz | Unifor
Curadoria: Denise Mattar
Período expositivo: até 23 de dezembro.