“Reflorestar o peito” – essa é a expressão (e obra) que Maré de Matos usa para compartilhar a necessidade que sente diante dos cenários histórico, social, político e ambiental da atualidade. A artista interpela desigualdades estruturais na língua da poesia na exposição individual “Mais valor que valia” a partir do dia 23 de fevereiro na Galeria Lume.
Tecido, bordado, fotografia, tinta, ferro, plástico, são parte da materialidade que carrega as simbologias das criações de Maré. A artista mineira denuncia a relação equivocada entre desenvolvimento e devastação que assola seu estado (MG) e o país. Nas obras que compõem a exposição, ela versa sobre a construção da ideia de valor articulada pelo capitalismo e as crises de valor que afetam a humanidade.
A invenção de valores formados no período colonial que impactam nos dias atuais é um dos pontos importantes de discussão e mensagem escancarada na produção dessa artista transdisciplinar.
Maré brinca seriamente com a semântica e a arte. “Mais nascimento que morte”, “Mais rio que resíduo”, “Mais montanha do que minério”, “Sertão Doce” (sobre a contaminação do Rio Doce por lama tóxica após rompimento das barragens em Mariana, Minas Gerais) e “Falar com estranhos” são títulos de obras que exemplificam o jogo de palavras e conceitos abordados pela artista. “Falo de uma bagunça cognitiva que nos desvincula de valores fundamentais, como a preservação da natureza, e proponho a conexão com recursos importantes, como a sensibilidade e a atenção. Não é sobre mim, é sobre paradigmas que afetam a humanidade”, declara Maré.
Sobre Maré de Matos | Maré de Matos é uma artista transdisciplinar. Natural de Governador Valadares (MG), da região do Vale do Rio Doce, é graduada em Artes Visuais na escola Guignard (UEMG) e mestre em Teoria Literária (UFPE). Atualmente, desenvolve o projeto-pesquisa “museu das emoções” no doutorado (USP). Exercita o tensionamento entre versão e verdade, história única e contra-narrativas polifônicas, poder e posição. Pesquisa representação e responsabilidade, imaginário e delírio da modernidade, invenção da raça e narrativa de si, subjetividade e pedagogias contra-coloniais. Seus trabalhos situam-se, sobretudo, na vizinhança entre os territórios da imagem e da palavra.
Sobre Galeria Lume
A Galeria Lume foi fundada em 2011 com a proposta de fomentar o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos ao lado de seus artistas e curadores convidados. Dirigida por Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo, a Lume se dedica a romper fronteiras entre diferentes disciplinas e linguagens, por meio de um modelo único e audacioso que reforça o papel de São Paulo como um hub cultural e cidade em franca efervescência criativa.
A galeria representa um seleto grupo de artistas estabelecidos e emergentes dedicado à introdução da arte em todas as suas mídias, voltados para a audiência nacional e internacional, por meio de um programa de exposições plural e associado a ideias que inspiram e impulsionam a discussão do espírito de época. Foca-se também no diálogo entre a produção de seus artistas e instituições, museus e coleções de relevância.
A presença ativa e orgânica da galeria no circuito resulta na difusão de suas propostas entre as mais importantes feiras de arte da atualidade, além de integrar e acompanhar também feiras alternativas. A galeria aposta na produção de publicações de seus artistas e realização de material para pesquisa e registro. Da mesma forma, a Lume se disponibiliza como espaço de reflexão e discussão. Recebe palestras, performances, seminários e apresentações artísticas de natureza diversa.
Serviço:
“Mais valor que valia”
Artista: Maré de Matos
Local: Galeria Lume
Abertura: 23 de fevereiro, das 17h às 22h
Período expositivo: até 26 de março de 2022
Horário: segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 11h às 15h
Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo (SP)
Entrada gratuita
Informações para o público: 55 (11) 4883-0351 e contato@galerialume.com.
(Fonte: a4&holofote comunicação)