No projeto elaborado para a Rotas Brasileiras, nova feira da SP–Arte, a Galatea faz uma apresentação coletiva com obras e artistas brasileiros que trabalham com composições geométricas construídas a partir da trama, da grade, do grafismo e do monocromo.
A arte produzida no Brasil na segunda metade do século 20 foi marcada pelo protagonismo da abstração geométrica e do construtivismo, algo que moldou o rumo da história da arte brasileira de forma definitiva, com reflexos até os dias de hoje. Sendo o construtivismo brasileiro da década de 1950 ainda fortemente vinculado às vanguardas europeias que propiciaram seu surgimento, apenas na virada para a década de 1960 passou a acolher experimentações para além das geometrias, incorporando questões da vida cotidiana, da cultura e da realidade brasileira. Ainda assim, toda a rica e complexa produção artística indígena de base geométrica passou à margem dos interesses de grande parte dos artistas concretos e da crítica da época.
Partindo da possibilidade de diálogo e fricção entre a tradição geométrica de povos indígenas brasileiros e o concretismo que marcou a arte brasileira dos anos 1950, o projeto pretende apresentar trabalhos que lidam com abstrações, geometrias, tramas, grafismos e monocromos em suas composições, justapondo e relacionando formalmente artistas da segunda metade do século 20 com contemporâneos, passando também por artefatos indígenas dos povos Asurini, Baniwa, Juruna, Kadiweu, Kaiapó, Tukano e Waujá.
Para tanto, contará com obras de nomes como Abraham Palatnik, Aislan Pankararu, Alfredo Volpi, Aluísio Carvão, Bruno Baptistelli, Bu’ú Kennedy, Carol Cordeiro, Celso Renato, Décio Vieira, Frans Krajcberg, Ione Saldanha, Ivan Serpa, Jaider Esbell, Joaquim Tenreiro, Judith Lauand, Luiz Hermano, Lygia Clark, Marcos Coelho Benjamin, Mestre Didi, Mira Schendel, Montez Magno, Raymundo Collares, Rubem Ludolf, Rubem Valentim, Sergio Camargo, Tunga e Ubi Bava, entre outros.
A Galatea
Para propor um novo conceito de galeria de arte, três experientes profissionais do setor se reuniram para dar vida à Galatea. Antonia Bergamin, que cresceu rodeada de arte e esteve à frente por quase uma década como sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita, marchand e colecionador especialista em descobrir grandes obras em lugares improváveis; e Tomás Toledo, curador que contribuiu ativamente para a histórica renovação curatorial e institucional do MASP, de onde saiu recentemente como curador-chefe. O encontro dos três, que têm em comum um despertar precoce do gosto pela arte, promete agregar conhecimentos e visões complementares, para garantir a máxima excelência do trabalho.
Além de nomes já consagrados do cenário artístico nacional, o resgate de artistas históricos e a busca de novos talentos formam os principais pilares para a conexão de diversas frentes artísticas que os sócios da Galatea aspiram para suas realizações.
De artistas consolidados a novos talentos, do clássico ao contemporâneo, do canônico ao não-canônico, a Galetea se propõe como um ponto de convergência para criação de diálogos.
Além da conexão entre gêneros e períodos, a galeria também aposta na relação entre artistas, colecionadores e galeristas. De um lado, o respeito ao tempo criativo e o incentivo ao desenvolvimento profissional com acompanhamento curatorial. Do outro, a escuta e a transparência constante. Ao estreitar laços, com um olhar sensível ao que é importante para cada um, Galatea enaltece as relações que se criam em torno da arte — porque acredita que fazer isso também é enaltecer a arte em si.
Além da participação na SP-Arte agora em agosto, a Galatea irá participar de outras duas feiras neste semestre: da Independent 20th Century, em Nova Iorque, com uma apresentação solo de Chico da Silva; e da ArtRio, no Rio de Janeiro, com uma apresentação solo de Allan Weber.
Galatea ocupa um charmoso endereço na Rua Oscar Freire, 379, loja 1, nos Jardins, tradicional bairro de São Paulo.
Sobre os sócios:
Antonia Bergamin | Cresceu rodeada de arte, aprendendo desde cedo o toque, o volume e a potência de obras-primas da arte brasileira – como os Bichos de Lygia Clark ou as bandeirinhas e fachadas vibrantes de Alfredo Volpi. Filha de Jones Bergamin, um dos maiores marchands e colecionadores do país e diretor da tradicional casa de leilão Bolsa de Arte, Antonia parte desse legado para construir a sua própria contribuição ao mercado de arte brasileiro.
Formada em Administração pela PUC-Rio, assumiu, entre 2012 e 2021, a galeria Bergamin&Gomide, cujo foco voltava-se para artistas do pós-guerra nacionais e internacionais, onde era diretora e atuava, sobretudo, na área de vendas e gestão. A galeria rapidamente ganhou destaque e participou das mais importantes feiras de arte no Brasil e no exterior, como Art Basel, TEFAF e FIAC. Entre as principais exposições que organizou estão: Beuys (2016), Tudo joia (2016), Maria Leontina (2017), Mira Schendel: Sarrafos pretos e brancos (2018) e Paulo Roberto Leal (2018).
Antonia Bergamin faz parte do comitê da ArtRio desde 2018, e em 2021 esteve no comitê da Independent Fair, em Nova York.
Conrado Mesquita | Muito jovem constrói sua coleção particular seguindo a rota dos leilões e endereços mais improváveis do Rio de Janeiro, onde já localizou pérolas de artistas como Lygia Pape, Mira Schendel, Cildo Meireles, Wanda Pimentel, Lygia Clark e Wilma Martins, entre outros. Filho do galerista Ronie Mesquita, Conrado cresceu sendo levado a tiracolo por seu pai para exposições, leilões e feiras de arte. Assim, leva à frente com muita paixão as lições que aprendeu de berço sobre o mercado de arte brasileiro.
Formado em Administração, atuou por 15 anos na Ronie Mesquita Galeria, especializada em arte brasileira e latino-americana da segunda metade do século 20. A galeria participou anualmente de feiras como SP-Arte e ArtRio, desde as suas primeiras edições. Entre os principais projetos e exposições em que esteve envolvido, estão Lothar Charoux, Ubi Bava, Raymundo Colares, Paulo Roberto Leal e um projeto solo em homenagem à artista Anna Maria Maiolino na feira The Armory Show, em Nova York, 2018.
Conrado e sua família contribuíram significativamente para a formação do acervo do MAR – Museu de Arte do Rio, em diálogo com o curador e amigo Paulo Herkenhoff, doando para a instituição cerca de 60 obras que formam o Fundo Cely, Ronie e Conrado Mesquita. É também patrono, com Camila Yunes, do MAM Rio e do MASP.
Tomás Toledo | Cultivou, desde muito jovem, seu gosto pela arte. Ainda adolescente, começou a estudar arte por conta própria – interessando-se por nomes como Lygia Clark, Hélio Oiticica, Tunga e Cildo Meireles. Tomás cursou Filosofia na PUC-SP com o intuito de embasar o seu discurso curatorial, tendo sempre o pensamento sobre a arte em seu horizonte. Entre 2013 e 2014, participou do Programa Independente da Escola São Paulo – PIESP, dirigido por Adriano Pedrosa e codirigido por Ana Paula Cohen.
Inicialmente, sua pesquisa curatorial girava em torno de discussões sobre arquitetura, história do Brasil e os reflexos traumáticos do período colonial na contemporaneidade. Tais assuntos foram articulados nas exposições Taipa-tapume (Galeria Leme, São Paulo, 2014) e Empresa colonial (Caixa Cultural, São Paulo, 2015).
Entre 2014 e 2022, trabalhou no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, nos últimos quatro anos como curador-chefe, participando ativamente da histórica renovação da instituição. No MASP co-curou importantes exposições como “A mão do povo brasileiro”, 1969/2016 (2016); “Tunga: o corpo em obras” (2017); “Miguel Rio Branco: nada levarei qundo morrer” (2017); “Emanoel Araújo, a ancestralidade dos símbolos: África-Brasil” (2018); “Histórias Afro-atlânticas” (MASP e Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2018); “Lina Bo Bardi: Habitat” (MASP, São Paulo e Museu Jumex, Cidade do México, 2019); “Anna Bella Geiger: Brasil nativo/Brasil alienígena” (MASP, São Paulo, 2019; “S.M.A.K., Ghent”, Bélgica, 2021); “Hélio Oiticica: a dança na minha experiência” (MASP, 2020 MAM-Rio, 2021); “Abdias Nascimento: um artista panamefricano” (2022) e “Volpi popular” (2022).
A mostra “Histórias afro-atlânticas”, que atualmente está em exibição na National Gallery, em Washington, ganhou, em 2018, o grande prêmio da crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA. Em 2021, o catálogo da exposição “Lina Bo Bardi: Habitat” ganhou o prêmio americano Alfred H. Barr Jr. Award for Smaller Museums, Libraries, Collections, and Exhibitions, da College Art Association of America – CAA.
Serviço:
Galatea /SP-Arte “Rotas Brasileiras”
24–28 agosto 2022
Horários de abertura: Qua-sáb, das 12h às 20h | Dom, das 11h às 19h
Local: ARCA, Av. Manuel Bandeira, 360 – Vila Leopoldina, São Paulo, SP
Entrada: R$50,00 (geral) R$25,00 (meia-entrada)
Meia-entrada para estudantes, portadores de deficiência e pessoas com mais de sessenta anos (necessária a apresentação de documento)
Crianças até dez anos não pagam entrada.
Compra de ingressos: exclusivamente online pelo link https://bilheteria.sp-arte.com/.
(Fonte: a4&holofote comunicação)