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Inhotim comemora recorde de público dos últimos sete anos com programação fortalecida de arte, natureza, música e educação

Brumadinho, por Kleber Patricio

Apenas depois da chuva (2024), de Rebeca Carapiá, no Instituto Inhotim. Foto: Ícaro Moreno.

Em 2024, o Instituto Inhotim alcançou recorde de visitação dos últimos sete anos, com mais de 335 mil pessoas visitantes no ano. Deste montante, quase 60% das entradas foram gratuitas por meio de programas de democratização do acesso ao museu e jardim botânico, como o Nosso Inhotim, Quarta-feira Gratuita e Domingo Gratuito, promovendo a experiência de arte, natureza e educação para diversos públicos.

À frente da presidência do Instituto Inhotim, Paula Azevedo trabalhou junto às equipes da instituição para cumprir uma agenda de consolidação do processo de institucionalização iniciado em 2022, fechando o ano de 2024 com uma programação fortalecida, tendo desenvolvido políticas de equidade e diversidade, compliance e acessibilidade.

Paulo Nazareth durante ativação de Esconjuro, na Galeria Praça. Foto: Daniela Paoliello.

“Encerramos 2024 com mais um marco no processo de institucionalização do Inhotim, fortalecendo a transparência na gestão e reafirmando nosso compromisso com a democratização do acesso — quase 60% das visitas ao Inhotim foram realizadas de forma gratuita. Neste ano, também revisitamos nossa missão, visão e valores, reafirmando o propósito de uma instituição que une arte, natureza e educação, dedicada a construir um legado de conhecimento e transformação com impacto local e global”, destaca Paula Azevedo, diretora-presidente do Instituto Inhotim.

Prospectando o futuro, o Inhotim tem se transformado, cada vez mais, em uma instituição perene e sustentável que valoriza a cultura e as pessoas. O Instituto é considerado uma referência em experimentação, pesquisa e formação em arte e natureza, com o objetivo de construir um legado de conhecimento.

Performance ‘O Barco’, de Grada Kilomba, na Galeria Galpão. Foto: Ícaro Moreno.

Entre os destaques do ano, foram inauguradas seis exposições temporárias de longa duração, atingindo um público de mais de 8 mil pessoas presentes nas datas das inaugurações. A programação pública da instituição também foi consolidada com novos programas, como o ‘O que é…?’ e o festival de música Jardim Sonoro.

Programação artística – inaugurações de abril e de outubro

Duas datas marcaram o calendário artístico do Instituto Inhotim em 2024, com artistas reconhecidos globalmente e exposições temporárias de longa duração com as inaugurações de abril e outubro. O acervo artístico do Inhotim vem ganhando ênfase, ao passo em que novos nomes são integrados, com comissionamentos e mostras inéditas. Todas as exposições inauguradas em 2024 ficam em cartaz até 2026.

Desde abril, Grada Kilomba ocupa a Galeria Galpão com a aclamada obra O Barco (2021), inédita no Brasil até então. Escultórico, performático e poético, o trabalho de Kilomba dispõe 134 blocos de madeira queimada em uma área de mais de 220m², estendendo-se por 32 metros de comprimento. A peça desenha a silhueta do fundo de uma grande embarcação, revelando a arqueologia do espaço criado no fundo dos barcos para acomodar os corpos de pessoas africanas escravizadas. Com participação de um grupo de 25 artistas originários de diferentes diásporas africanas, Grada Kilomba realizou três apresentações de uma performance no Inhotim durante o final de semana de abertura da exposição. Os bailarinos, percussionistas e cantores líricos performaram o poema O Barco para um público de aproximadamente 2 mil pessoas.

Homo sapiens sapiens (2005), de Pipilotti Rist, na Galeria Fonte. Foto: Ícaro Moreno.

Paulo Nazareth segue encantando o público em 2024 com sua exposição monográfica Esconjuro, que reúne trabalhos inéditos, novos arranjos e releituras de suas obras. A partir da Galeria Praça e ocupando também outros espaços do Inhotim, a mostra parte das relações entre história, território e deslocamentos, com modificações ao longo das estações do ano. Em 2024, as pessoas visitantes puderam contemplar as montagens referentes ao outono e à primavera. No próximo ano, a exposição passa por mais duas reformas, no verão e no inverno.

Inaugurada também no mês de abril, a mostra coletiva Ensaios sobre paisagem discute a relação entre arte e natureza, com os artistas Aislan Pankararu, Ana Cláudia Almeida, Castiel Vitorino Brasileiro e Zé Carlos Garcia, na Galeria Lago. Os trabalhos expostos trazem reflexões que atravessam a pauta global dedicada às discussões, à pesquisa e aos efeitos das mudanças climáticas, além de abordar temas como ancestralidade, artificialidade, tempo, metamorfose e arqueologia.

Mais três exposições de artistas mulheres compõem o ano artístico no Inhotim desde outubro: Pipilotti Rist, com a exibição da instalação imersiva Homo sapiens sapiens (2005), na Galeria Fonte, com vídeo gravado nos jardins do Inhotim há 20 anos e exibido somente agora pela primeira vez na instituição; a obra comissionada Apenas depois da chuva (2024), de Rebeca Carapiá, instalada no Lago True Rouge; e a individual Tangolomango, de Rivane Neuenschwander, na Galeria Mata. Cada uma das mostras oferece uma visão única sobre relações entre arte, natureza, corpo e política, a partir de repertórios distintos da arte contemporânea, eixos basilares do programa artístico do Inhotim, que tem a criação como foco de sua atuação.

Educação

Destaque botânico no Inhotim. Foto: Daniela Paoliello.

Na área de Educação, 11 projetos que buscam trazer uma educação dialógica foram realizados em 2024: Nosso Inhotim, Ateliê Circulante, Encontros com Inhotim, Inhotim Para Todos, Descentralizando o Acesso, LAB Inhotim, Jovens Agentes Ambientais, Residências Pedagógicas, Saberes e Memórias, Bem-estar Inhotim e as Visitas Temáticas. Esses programas visam incentivar temas essenciais à vida em comunidade e aproximar as pessoas da arte e da natureza, sempre com o olhar no desenvolvimento humano e na formação do pensamento crítico. Foram atendidas mais de 41 mil pessoas, um crescimento de 44% em relação a 2023.

Outro destaque do ano foi o lançamento do livro O que o nosso povo contou, primeira edição do selo Saberes e Memórias. Na publicação, narrativas e arquivos foram costurados para consolidar um conteúdo com uma perspectiva culturalmente significativa para as comunidades quilombolas de Ribeirão, Marinhos, Rodrigues e Sapé e para outras comunidades quilombolas e remanescentes de quilombo brasileiras.

Natureza

‘O que é o tempo?’ com Anelis Assumpção. Foto: Giselle Dietze.

2024 foi um ano de mais êxitos para a área de Natureza, que conquistou duas novas certificações ambientais: o Selo Ouro no Programa Brasileiro GHG Protocol e o selo BGCI Accredited Garden. O último é emitido pelo Botanic Gardens Conservation Internation, sendo o Inhotim o primeiro jardim botânico do Brasil a receber o selo de credenciamento da maior rede de jardins botânicos do mundo. Para obter a certificação, o Inhotim foi avaliado em critérios que abrangem: liderança, gestão de coleções, fitotecnia, educação ambiental, ações de conservação, pesquisa científica, equipe especializada, parcerias institucionais e práticas de sustentabilidade. A obtenção deste selo certifica que o Instituto opera segundo os mais altos padrões internacionais para jardins botânicos, além de ser um recurso que distingue jardins botânicos de outros tipos de jardins e reconhece instituições que colaboram para a conservação da flora.

O Banco de Sementes do Inhotim, espaço dedicado ao armazenamento de sementes em câmaras frias por longos períodos, alcançou a marca de 508 mil sementes de espécies nativas armazenadas, representando um aumento de 27% em relação a 2023. O material é útil para a manutenção dos jardins do Instituto Inhotim e para ações de restauração ecológica, reintrodução na natureza, projetos públicos de arborização e pesquisas científicas. Outra ação recorrente da equipe de Natureza do Inhotim é o empenho no resgate botânico. Em 2024, mais de 1000 plantas foram resgatadas em áreas de mineração, de forma a contribuir com a preservação da biodiversidade, o equilíbrio ecológico e a proteção de espécies ameaçadas de extinção.

Programação pública – Seminário Internacional Transmutar e ‘O que é…?’

O programa ‘O que é…?’ teve sua estreia em 2024 com o objetivo de instigar o público com perguntas que propõem novos pontos de vista em torno da relação entre Arte, Natureza e Educação, pilares estruturantes da programação do Inhotim. Os formatos propostos para a programação variam entre conferências, shows, performances, oficinas, visitas e espetáculos de dança, oferecendo toda a potência interdisciplinar do Inhotim para o público em uma vivência única. Em 2024, o programa contemplou as perguntas: ‘O que é um sonho?’, ‘O que é transmutar?’, ‘O que é um rio?’, ‘O que é uma pedra?’, ‘O que é uma planta?’ e ‘O que é o tempo?’, e reuniu convidados especiais como Ricardo Aleixo, Anelis Assumpção, Sidarta Ribeiro, Ava Rocha, Brigitte Baptiste, UÝRA e Emanuele Coccia. Todas as questões abordadas no projeto são amplas, de formulação simples, mas capazes de gerar uma infinidade de respostas e abrir caminhos para novos imaginários.

Show dos Titãs no Domingo Gratuito Inhotim. Foto: Daniela Paoliello.

Também em 2024 o Inhotim promoveu a primeira edição do Seminário Internacional Transmutar: modos de estar no mundo, gestos que conservam a vida, que reuniu pesquisadores e profissionais de diversas partes do Brasil e do mundo para formar uma rede de produção de conhecimentos em torno de temas relevantes para a vida na Terra hoje. A programação envolveu conferências, debates e situações artísticas, com vozes de diferentes áreas do conhecimento, e teve curadoria de várias áreas do Inhotim, como Educação, Curadoria Artística e Curadoria Botânica. Entre os convidados, o evento recebeu personalidades como Jota Mombaça, Elizabeth Povinelli, Stefano Harney, Gladys Tzul Tzul, Japira Pataxó e Labô Young.

Anoitecer Inhotim  

A terceira edição do Anoitecer Inhotim, festa de arrecadação de fundos organizada pelo Instituto Inhotim e patrocinada pela Gucci, foi realizada na noite de 31 de agosto de 2024, com uma programação especial para os amantes da arte, da música e da gastronomia. Cerca de 400 convidados puderam experienciar um coquetel exclusivo de Agnes Farkasvölgyi, ao som dos músicos da Orquestra Inhotim, e se surpreenderam com a encantadora obra Balé Literal [Jacu] (2019-2024), de Laura Lima, instalada no Jardim Sombra e Água Fresca. O jantar com menu de Mazzô França Pinto aconteceu em uma grande tenda montada ao lado da obra Elevazione (2000-2001), de Giuseppe Penone, com show de Amaro Freitas e Zé Manoel. A festa contou ainda com discotecagens dos DJs Ademar Britto e Nepal, no rooftop da Galeria Cosmococa, e show dos Titãs. Em consonância com a política de ampliação do acesso ao museu, uma das ações basilares da gestão atual do Inhotim, o museu recebeu no dia 1º de setembro, domingo, 3715 visitantes que puderam aproveitar uma programação gratuita com o DJ Ademar Britto e show da banda Titãs, em palco montado próximo da obra externa Invenção da cor, penetrável Magic Square #5, De Luxe (1977), de Hélio Oiticica, uma das mais simbólicas obras do Inhotim. Amaro Freitas e Zé Manoel também se apresentaram de forma gratuita para o público visitante, com o já consagrado show em homenagem ao disco Clube da Esquina (1963). O Anoitecer Inhotim de 2024 contou com selo carbono neutro, seguindo a norma NBR ISO 20121, conjunto de diretrizes internacionalmente reconhecidas para a gestão sustentável de eventos, promovendo práticas sociais responsáveis. Com o Anoitecer Inhotim 2024, o valor arrecadado para a instituição foi de R$3,2 milhões.

Jardim Sonoro

Show de Paulinho da Viola no festival Jardim Sonoro. Foto: Daniela Paoliello.

Outra estreia marcante do ano no Inhotim foi a primeira edição do Jardim Sonoro, festival de música com curadoria da própria instituição, que foi realizado em julho e recebeu cerca de 9 mil pessoas em três dias de programação. O valor dos ingressos foi referente ao preço da entrada no Inhotim — R$50 (inteira) e R$25 (meia entrada). O público se reuniu para experenciar shows de artistas nacionais e internacionais como Paulinho da Viola (Brasil), Sambas do Absurdo, com Juçara Marçal, Gui Amabis, Rodrigo Campos e Regis Damasceno (Brasil), Ballaké Sissoko & Vincent Segal (Mali/França), Joshua Abrams & Natural Information Society (Estados Unidos), Kham Meslien (França), Zoh Amba (Estados Unidos), Kalaf Epalanga (Angola) e Aguidavi do Jêje (Brasil). O Festival Jardim Sonoro contou com três palcos espalhados pelo parque, oito shows com artistas de quatro continentes. Apresentações inéditas no Brasil estiveram ao lado de espetáculos que celebraram a música popular brasileira.

Pessoas que fazem o Inhotim

Funcionando de quarta a sexta-feira, além dos sábados, domingos e feriados — e nos meses de janeiro e julho também às terças-feiras — o Inhotim recebe o seu público visitante em um ambiente cuidadosamente organizado e limpo. Por sua grande dimensão física, são muitas pessoas envolvidas que trabalham diariamente para fazer do Inhotim um lugar único no mundo. Das mais de 500 pessoas contratadas pela instituição, 168 integram a equipe de atendimento ao público. São 71 postos de trabalho, nos quais os funcionários e funcionárias ficam distribuídos entre 24 galerias, 29 obras externas e 36 carrinhos de transporte interno. Nas áreas verdes e jardim botânico, 84 pessoas cuidam de cerca de 38 hectares de jardins e paisagismo exuberante. Ao todo, o Inhotim tem uma área de visitação de 144 hectares. Na manutenção das edificações, 43 pessoas cuidam de 58 edificações — entre galerias e prédios administrativos. É a equipe de engenharia e manutenção a responsável pelas 11 subestações de energia e 64 quilômetros de tubulações — irrigação, água potável e esgoto. Na limpeza, 36 pessoas cuidam da limpeza e higienização das edificações, totalizando 130 banheiros e 150 lixeiras espalhadas pelo parque.

Diretoria Instituto Inhotim

Paula Azevedo – Diretora-presidente

Júlia Rebouças – Diretora artística

Gleyce Heitor – Diretora de Educação

Luciana Zanini – Diretora de Finanças, Pessoas e Estratégia (CFO)

Felipe Paz – Diretor de Relações Institucionais

Alita Mariah – Diretora de Infraestrutura e Operações

Patricia Schmidt – Compliance Officer & Diretora de Riscos e Controles

INFORMAÇÕES GERAIS – INSTITUTO INHOTIM  

Horários de visitação:  de quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Nos meses de janeiro e julho, o Inhotim funciona também às terças.

Entrada: Inteira: R$50,00* | Meia-entrada**: R$25,00

*A partir de janeiro de 2025, valores atualizados: Inteira: R$60,00 | Meia-entrada: R$30,00.

**Veja as regras de meia-entrada no site: www.inhotim.org.br/visite/ingressos/.

Entrada gratuita

Inhotim Gratuito: acesse o guia especial sobre a gratuidade no Inhotim

Moradores e moradoras de Brumadinho cadastrados no programa Nosso Inhotim; Amigos do Inhotim; Crianças de 0 a 5 anos

Quarta Gratuita Inhotim: todas as quartas-feiras são gratuitas

Domingo Gratuito: último domingo do mês é gratuito.

Localização: O Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR-381 – sentido BH/SP. Também é possível chegar ao Inhotim pela BR-040 (aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 – sentido BH/Rio, na entrada para o Retiro do Chalé.  

(Com Amanda Viana/Instituto Inhotim)