A prova de que, quando uma mulher precisa sobreviver, ela é capaz de lutar contra todas as probabilidades. Ou um testemunho potente de como a resiliência humana pode vencer a adversidade? A viagem de Cilka, lançamento da Editora Planeta, cabe bem nas duas definições. Misturando realidade e ficção com a maestria que a levou ao topo da lista dos mais vendidos do New York Times, a escritora neozelandesa Heather Morris mostra, em seu segundo romance histórico publicado no Brasil, uma perspectiva feminina para um dos capítulos mais sombrios da humanidade, o Holocausto.
Sequência do best-seller O tatuador de Auschwitz, o livro é inspirado na história real de Cecilia Kovachova, uma jovem de 16 anos que foi feita prisioneira no campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau durante a Segunda Guerra Mundial. Em sua obra, Heather Morris a transforma na personagem Cilka, um símbolo de luta feminina que já aparece no primeiro livro e agora ganha o posto de protagonista. Afinal, se a filósofa alemã Hannah Arendt estava certa quando disse que “toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”, a protagonista deste livro é uma prova potente da resiliência da mulher contra todas as probabilidades.
A memória como reduto da História
Se muito já foi dito e escrito sobre o cotidiano desumano dos “campos de trabalho” (como os nazistas os chamavam, em uma tentativa de suavizar o que eles de fato eram), A viagem de Cilka mostra que há sempre uma faceta desconhecida em todo fato histórico e que, para fazer justiça à História com letra maiúscula, todas as histórias com letra minúscula são peças-chave. Neste caso, é a vida de uma menina no início de sua vida adulta, aprendendo dia após dia a sobreviver em um mundo de violências e injustiças.
Com seus cabelos compridos e vitalidade de adolescente, Cilka desperta a atenção dos nazistas por sua beleza e, por esse motivo, é separada das demais mulheres pelo oficial nazista Schwarzhuber, comandante do campo. Mais tarde, ela descobre que o que lhe parecia uma vantagem era na verdade a porta de entrada para uma série de castigos físicos, trabalhos forçados, violências psicológicas e abuso sexual.
O gênero feminino representa para Cilka uma prisão em dose dupla: ela não é somente prisioneira em sua condição de judia em pleno contexto de guerra e antissemitismo, mas também por ser mulher em um cenário de patriarcado, severa opressão e extrema submissão das mulheres.
O sofrimento oculto das mulheres prisioneiras
Anos depois, Cilka é libertada de Auschwitz, mas é acusada pelo exército russo de colaborar com os nazistas. Então, tem início mais uma etapa de horror na vida da protagonista, pois ela é levada para outro campo de concentração tão ou mais brutal, conhecido como Vorkuta, no frio inóspito da Sibéria. Porém, se as circunstâncias colocam novamente a resistência de Cilka à prova, ela descobre mais uma vez como contorná-las. Ao fazer amizade com uma médica, ela passa a cuidar dos presos enfermos e é surpreendida com a oportunidade de conhecer o amor de sua vida.
Com uma narrativa direta e objetiva, em que a reviravolta dá o tom de uma impressionante biografia de protagonismo feminino, A viagem de Cilka se coloca como uma história atemporal e universal. Ao retratar uma face pouco explorada do Holocausto – a rotina de repressão e violência das mulheres dentro dos campos a partir de uma perspectiva de gênero –, o livro oferece inúmeras e instigantes possibilidades de diálogo com a luta diária de milhares de mulheres por todo o mundo. Afinal, as mulheres de hoje podem não ter sua liberdade cerceada por oficiais nazistas, mas ainda se veem prisioneiras de diversas formas de opressão e precisam superar a si mesmas todos os dias para sobreviver e ter sua voz ouvida.
Sobre a autora
Nascida na Nova Zelândia, Heather Morris é autora do best-seller número 1 do The New York Times, o livro O tatuador de Auschwitz. É apaixonada por histórias de sobrevivência, esperança e resiliência. Em 2003, enquanto trabalhava em um grande hospital de Melbourne, na Austrália, Heather conheceu um senhor que “talvez tivesse uma história para contar”. Esse senhor era Lale Sokolov, o tatuador de Auschwitz e dessa convivência nasceu o romance, que continua um enorme sucesso de vendas, com mais de 4 milhões de exemplares vendidos no mundo. A viagem de Cilka é o segundo romance da autora. Para saber mais, acesse o site oficial da escritora.
Ficha técnica
A viagem de Cilka
Título original: Cilka’s Journey (2019)
Autor: Heather Morris
Assunto: Ficção; Auschwitz; Guerra Mundial
ISBN: 978-85-422-1906-7
Formato: 16 x 23
Páginas: 304
Preço: R$49,90.