Depois de uma temporada de sucesso em 2020, Marcos Abranches retorna com o seu mais recente solo O Idiota, com direção de Sandro Borelli. As apresentações acontecem de 9 de março a 1º de abril, sempre às 20h30. Às terças e quintas, o público assiste ao vídeo do espetáculo, seguido do da exibição de vídeo arte que Gal Oppido fez a partir da obra; às quartas, a apresentação de Marcos acontece ao vivo e, além da exibição do vídeo arte, também é possível participar de um debate com o bailarino, o diretor Sandro Borelli e um convidado diferente a cada semana. O projeto O Idiota – Marcos Abranches Cia. ID 7658 foi contemplado no Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc nº 37/2020 de Produção e temporada de espetáculo de dança com apresentação online. As apresentações têm ingressos grátis, que podem ser reservados pelo Sympla.
Abranches, que assina a concepção dessa obra, costuma buscar apoio nas artes visuais para criar alguns de seus trabalhos. Nesse, ele partiu para o cinema e se inspirou em filmes como It e Coringa, que trazem palhaços extremamente perturbados e violentos, reflexos da sociedade onde vivem. “Sempre me interessou essa ligação do palhaço com o lado grotesco”.
Com a entrada de Sandro, o projeto ganhou forte apelo político, que se intensificou com a quarentena e o cenário do Brasil desde 2018. O diretor foi buscar inspiração em O Idiota, livro de Fiódor Dostoiévski. “O Estado vem criando cidadãos cada vez mais cerceados, emparedados e com censo crítico limitado. Um governo extremista como o que temos no poder tem interesse que essa prática continue a ser perpetuada. A polarização, a falta de informação, a proliferação de pessoas violentas e o domínio cada vez maior sobre o cidadão é sempre benéfico para um governante autoritário. Com a pandemia do Covid-19, o espetáculo acabou trazendo muito mais desse sentimento, já que todo o cenário nos tornou mais sensíveis às questões que buscávamos. Desde a estreia, isso não mudou; pelo contrário, se tornou mais intenso”, conta Sandro. Marcos completa esse pensamento e afirma que “O Idiota é um espelho subjetivo de uma sociedade manipulada por políticos inescrupulosos que, por seus desejos e interesses maiores, querem nos fazer acreditar em seus governos”.
Em cena, o público vê um Marcos muito diferente do que está acostumado. Segundo Sandro, “Marcos está mais focado na movimentação gestual. Ele personifica um cidadão perturbado por todo o barulho político do País, aparentando incoerência e repetindo citações absurdas que foram ditar por algumas figuras que fazem parte da atual gestão política”.
Durante as quatro semanas dessa temporada, Marcos e Sandro recebem um convidado por quarta-feira para debater temas ligados ao espetáculo e ao trabalho da dupla. No dia 10 março, a convidada é a professora e crítica de dança Helena Katz; Ivan Cabral, cofundador da Cia. de Teatro Os Satyros e diretor da SP Escola de Teatro, é o nome do dia 17 março; o artista Luís Ferron conversa com o público no dia 24 de março e o professor e filósofo Odilon José Roble encerra o ciclo de conversas no dia 31 de março.
Retomada de parceria | Sandro foi um dos principais incentivadores do início da carreira de Marcos, que achou que precisava alçar voos solos depois de um tempo. Agora, uma década e meia depois, eles retomam a parceria. Marcos comemora esse momento: “Sempre vi no Sandro uma águia em que todo pequeno pardal quer se inspirar para voar alto. Seus ensinamentos sempre foram voltados para encontrarmos significado naquilo que estivermos fazendo. Sandro insistiu e me orientou para a pesquisa e persistência nos treinamentos. Voltar a trabalhar com o Sandro é reconhecer que, no menor dos movimentos, é necessário entender o significado da dança. Sandro nos faz refletir a importância da pesquisa e da arte cênica e me mostra que é preciso internalizar o movimento antes de colocá-lo para fora”, conta o bailarino.
Em O Idiota, Sandro diz que encontrou um Marcos mais aberto para testar coisas novas. “Quando estreamos, vi que o tempo parado do espetáculo nos fez dar mais força para o que o público vê em cena. Assim que for seguro, com certeza iremos trazer esse espetáculo para o palco. Agora, já ganhamos um dia ao vivo, mas queremos levar esse espetáculo para o palco, com público, assim que o momento nos permitir. O Marcos está trazendo uma riqueza e potência de movimento muito grande para o palco. Em um momento como esse, ter um artista como ele trazendo algo tão político é dar uma enorme voz para minorias e para a arte periférica”, afirma.
Vídeo arte – Gal Oppido | Gal Oppido parte das premissas do espetáculo para produzir o seu vídeo arte, que repete o forte tom político e visceral da montagem de dança. “A ideia é que eu tenha uma leitura minha do projeto, feito a partir de uma troca com o Marcos e o Sandro. O conceito vai muito em cima do que estamos passando, mostrando esse momento de instabilidade de convívio e também sociopolítico, trazendo também minhas críticas e visões pessoais para esse período”, explica Gal Oppido.
Sobre Marcos Abranches | Marcos Abranches inicia sua trajetória como artista independente em 2007 trabalhando como coletivo artístico que agrega artistas de diversas linguagens. Traz no seu cerne as experiências de ter atuado na Cia. FAR 15, atuando nos espetáculos Senhor dos Anjos, Jardim de Tântalo e Metamorfose, de Franz Kafka, trabalhos dirigidos e coreografados por Sandro Borelli. O coletivo de artistas criados por Marcos, inicialmente, se chamava Vidança Cia., mas, desde 2017, o grupo passou a ser chamado de Marcos Abranches & Cia. Principais obras de seu repertório: Formas de Ver, Via de Regra, Corpo Sobre Tela, Canto dos Malditos e O Grito. Marcos Abranches venceu o VIII Prêmio Denilto Gomes de Dança, da Cooperativa Paulista de Dança, de 2020, na categoria “Intérprete” pelo Canto dos Malditos e O Idiota.
Serviço:
O Idiota
De 9 de março a 1º de abril, às 20h30 – Terças e quintas, exibição da vídeo dança O Idiota e da vídeo arte inspirada na obra de Gal Oppido. Quartas, apresentação do espetáculo ao vivo, segundo do vídeo arte de Gal Oppido e bate-papo com Sandro Borelli, Marcos Abranches e convidados. Local: Zoom. Reserva de ingressos pelo link do Sympla (https://www.sympla.com.br/marcosabranchesecia)
Capacidade da sala virtual: 60 pessoas
Duração – 90 minutos. Classificação etária: 18 anos.
Ficha técnica espetáculo
Concepção e Direção Geral – Marcos Abranches
Direção Artística e Coreográfica – Sandro Borelli
Intérprete Criador – Marcos Abranches
Vídeo arte e fotos – Gal Oppido
Desenho de Luz – Sandro Borelli
Trilha Sonora – Pedro Simples
Colaboradores – Caio Franzolin e Ricardo Neves
Preparação corporal: Jorge Garcia, Mariana Muniz, Pedro Penuela, Ricardo Neves e Sandro Borelli
Registro em vídeo espetáculo na íntegra – Alex Merino
Assistente de Produção – Maria Julia Tóffuli
Direção de Produção – Solange Borelli/ Radar Cultural Gestão e Projetos
Divulgação Social Mídia: Renato Fernandes
Ficha técnica vídeo arte O Idiota (feito a partir de performance de Marcos Abranches, com direção de Sandro Borelli)
Direção, cinematografia e câmera – Gal Oppido
Texto – Adriano Nunes
Edição e trilha – Nikolas Chacon
Voz – Rubens Caribé
Áudio em cena – Pedro Borelli.
Facebook Marcos Abranches e Cia: https://www.facebook.com/MarcosAbrancheseCia
Instagram: https://www.instagram.com/abranchesmarcos/.