Diante da urgência da redução dos gases do efeito estufa por todos os países e povos, objetivo do Acordo de Paris e tema da COP 26, o Museu Brasileiro de Escultura e da Ecologia (MuBE) inaugura a mostra coletiva Por um sopro de fúria e esperança no próximo dia 30. A exposição, que se inicia em paralelo à conferência da ONU em Glasgow (Escócia), reúne trabalhos de mais de 160 participantes, dentre artistas, ativistas, ambientalistas, cientistas, pesquisadores e escritores, que apresentam obras, livros, pesquisas e registros de lutas em prol da proteção e da regeneração do meio ambiente. A abertura da exposição será marcada pela publicação de um Manifesto de Declaração de Emergência Climática, que tem como signatários importantes especialistas em mudanças climáticas, como Carlos Nobre, José Marengo e Andrea Santos.
Com curadoria de Galciani Neves (curadora chefe do MuBE) e Natalie Unterstell (especialista em políticas públicas e mudanças climáticas e membro da Comissão Ambiental do MuBE), a exposição escancara os impactos das mudanças climáticas e seus desdobramentos sociais, históricos, políticos e ambientais que têm potencial de redesenhar o território e a economia do Brasil e do mundo. De acordo com Galciani, a curadoria propõe “uma mostra que prima pela escuta a diversas cosmovisões que observam e projetam eventos climáticos extremos, escassez crônica de água, avanço do mar sobre as costas, diminuição da produtividade de alimentos, extinção de espécies, refugiados climáticos e desaparecimento de povos e culturas”.
A mostra será dividida em duas etapas: na primeira, entre os dias 30/10 e 14/11, uma grande instalação cenográfica criada por Ary Perez e Flavia Velloso inundará a área interna do museu para emular os efeitos adversos que as mudanças climáticas trarão com o irreversível aumento do nível do oceano e a alteração no regime das chuvas, redesenhando a geografia tal qual a conhecemos e refletindo um dos pensamentos da mostra. Na segunda fase, a partir do dia 20/11, com a grande sala pós-inundação, novas obras serão adicionadas ao espaço expositivo, como as pinturas do grupo Santa Helena e uma gravura de Goeldi, completando a mostra que vai até o dia 30 de janeiro de 2022 e conta com participação de nomes como Cildo Meireles, Tunga, Alfredo Jaar, Leda Catunda, Solange Pessoa, Claudia Andujar, Denilson Baniwa, Isael Maxakali, Marcia Muria, Regina José Galindo e Fernando Limberger, dentre outros.
A intenção da exposição é de natureza educativa: construir elos e diálogos entre as reflexões, pesquisas e trabalhos de artistas, ambientalistas, cientistas e ativistas, em sua maioria brasileiros e latino-americanos. São cinco questões fundamentais para o debate, usadas também como eixos conceituais para a espacialização das obras no MuBE: águas, queimadas e desmatamento, redesenho geográfico, crítica aos modelos de desenvolvimento intensivos em carbono e ações para a transição .
A mostra posiciona-se criticamente diante desta situação alarmante e que coloca a sociedade em um imenso desafio: realizar uma transição rápida para uma economia limpa e criar capacidade para se adaptar ao mundo mais quente e ao clima mais instável. “No que diz respeito à transição para baixo carbono, compreendemos que é fundamental compartilhar obras artísticas e projetos que estimulem engajamentos, ações e atitudes alinhados com a urgência climática em nosso cotidiano como sociedade. São propostas reflexões sobre oportunidades e mudanças positivas em curso, como o declínio da poluição do ar a partir da eletrificação veicular”, reforça Natalie Unterstell.
A água usada na instalação da primeira fase não será fornecida pela Sabesp, não influenciando o abastecimento das casas e comércio em São Paulo. Seu fornecimento toma partido do sistema de captação de água da chuva por meio do piso elevado de concreto da área externa do Museu, parte do projeto visionário e consciente de Paulo Mendes da Rocha para o MuBE. Ao ser desmontada, toda a água da instalação entrará no sistema de captação do museu, sendo guardada e posteriormente reutilizada.
Sobre o Museu Brasileiro de Escultura e da Ecologia | O MuBE, Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia, foi criado a partir da concessão do terreno situado entre a Avenida Europa e a Rua Alemanha pela Prefeitura de São Paulo à SAM – Sociedade dos Amigos dos Museus, no ano de 1986, para a sua construção.
Para a escolha do projeto do prédio do Museu, foi realizado um concurso vencido por Paulo Mendes da Rocha. Nascia então o MuBE e seu prédio, que é um marco da arquitetura mundial e que conta também com o jardim projetado por Roberto Burle Marx.
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Serviço:
Exposição Por um sopro de fúria e esperança
Local: MuBE – Rua Alemanha 221, Jd Europa, São Paulo/SP
Data: 30/10/2021 a 30/1/2022
Horário de funcionamento do museu: quarta-feira a domingo, de 11h às 17h
Visitas apenas sob agendamento prévio no site: https://www.mube.space
(Fonte: Agora Comunica)