As mulheres são as protagonistas da cultura holandesa. Essa é a avaliação de Douwtje Van, descendente dos imigrantes holandeses que chegaram a Carambeí, no Paraná – e ela própria é um exemplo desse protagonismo. Além de adorar conversar sobre a história da Holanda, Douwtje está à frente da Cooperativa Paranaense de Turismo (Cooptur), justamente uma área que é fundamental para a cultura holandesa. “A manutenção da cultura holandesa pelo turismo é extremamente importante. É dessa forma que conseguimos passar para as pessoas quem nós somos, o que é a cidade de Carambeí e quem foi o grupo que chegou em 1911”, destaca.
Douwtje conta que, em 1911, um grupo de sete famílias holandesas chegou à região dos Campos Gerais paranaense. Ela destaca como as mulheres da época eram fortes. “Elas eram verdadeiras guerreiras, tinham muitos filhos e ajudavam em tudo”, comenta. Douwtje salienta que existe um tripé para a conservação da cultura: a fé, a educação e o trabalho. “As mulheres têm um papel muito importante para manter a família unida na igreja, na escola e no cooperativismo”, explica.
Para Albertine Bronkhorst, que faz parte da diretoria do Museu Imigrante Holandês, em Arapoti, desde 2005, a valorização da cultura holandesa passa por detalhes muitas vezes não tão perceptíveis. Ela diz que, apesar de muitas pessoas lembrarem-se do folclore, da dança e das comidas típicas quando se fala em cultura, há outros pontos a se observar. “Tem valores culturais que são invisíveis, que eu acho mais importante para passar as próximas gerações do que as festas em si”, explica. Ela dá o exemplo da língua holandesa. Albertine acredita que manter o idioma de seus pais e avós é fundamental para a conservação dos hábitos da Holanda. “A aula de holandês na escola tem um papel importante para manter a cultura viva”, salienta.
E é nessa proximidade com as novas gerações que a importância da mulher na preservação da cultura se mostra ainda mais relevante. São elas que educam e que convivem mais tempo com as crianças. Os homens, geralmente, estão presentes nas lavouras e não participam do dia a dia dos filhos. “Principalmente para manter a língua, as mulheres são fundamentais”, explica.
Para a coordenadora do Global Integration da Associação Cultural Brasil-Holanda, Marina van der Vinne, a tradição se mantém nas colônias holandesas do Paraná em grande parte pelo cuidado das mulheres. “Em Arapoti, Carambeí e Castrolanda temos núcleos femininos fortes, que prezam pela manutenção da nossa cultura e, principalmente, dos valores que herdamos das famílias holandesas”, finaliza.
Sobre a ACBH | A Associação Cultural Brasil-Holanda (ACBH) é uma organização formada por holandeses e descendentes de holandeses no Brasil, oriundos de diversas colônias. Visa preservar o patrimônio histórico artístico e cultural holandês e brasileiro para a posteridade. Também quer incentivar, desenvolver e divulgar as várias formas de expressão cultural. Mais informações: https://www.acbh.com.br/.