Espaço que, de um ano para cá, passou a reunir tantas atividades de nossas vidas, a Casa Brasileira é o tema que norteia as ações do Museu do Ipiranga em parceria com o Wiki Movimento Brasil (WMB) em 2021. Serão cinco encontros com pesquisadores da área, que falarão sobre as linhas de pesquisa que desenvolvem no Museu, fornecendo ao público conhecimentos e caminhos para criar e aprimorar verbetes sobre o assunto na Wikipedia. Por meio do Wikiconcurso, até o dia 15 de maio, os editores concorrerão a prêmios de até R$2.500 em vale-compras no Submarino. Para saber mais, clique aqui.
“A Casa Brasileira é tema de pesquisa do Museu do Ipiranga há mais de 30 anos e estará presente nas exposições de reabertura, em 2022”, conta Vânia Carneiro de Carvalho, coordenadora do projeto de implantação das novas exposições e docente do Museu. Segundo a professora, este é um museu de História que estuda a sociedade brasileira a partir de sua dimensão material. “Partimos da premissa de que a nossa interação com a matéria é o que nos torna humanos, e o que constitui nossas identidades sociais e culturais”.
A professora é responsável projeto Processamento de Alimentos no Espaço Doméstico. São Paulo, 1860-1960, que reúne alunas de iniciação científica, mestrado e doutorado sob sua orientação. Em conjunto, desenvolveram com o WMB os cinco eixos que norteiam os encontros, bem como a lista de verbetes a serem desenvolvidos em cada um. São eles A Casa Moderna, Decoração e identidades feminina e masculina, Cozinha e suas coisas, Intérpretes da casa brasileira e Louça paulista.
As maratonas de edição acontecem às sextas-feiras, às 14h, via YouTube, com a presença da curadora nos dois primeiros e no penúltimo encontro. No terceiro, falará ao público o grupo de pesquisa e, no último, o historiador José Hermes Martins Pereira. Às 15h, via Google Meet, a equipe do WMB oferecerá um tutorial de como editar a Wikipédia, para que novos usuários possam contribuir facilmente com a plataforma. Não é necessário conhecimento prévio. Para mais informações sobre os eixos temáticos e inscrições, consulte a programação abaixo.
A Casa Moderna | 26/3, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
A casa moderna teve sua origem no século XIX, quando o espaço de morar deixou de ser um lugar de trabalho, produção de alimentos e práticas culturais e educacionais para se tornar um lugar de desenvolvimento da dimensão subjetiva dos integrantes da família nuclear burguesa. Para que isso acontecesse, a casa teve seus espaços especializados, sendo parte deles reservada a poucos – nascia a ideia de privacidade, de intimidade, de interioridade da casa e das pessoas. Conhecer e definir os espaços especializados da casa, bem como os objetos que constituem esses espaços, é uma maneira de conhecer o modo de funcionamento de nossa sociedade, bem como a história da habitação e construção civil no Brasil.
Decoração e identidades feminina e masculina | 23/4, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
A casa moderna é um lugar importante para o desenvolvimento das identidades individuais e sociais. Tais identidades não acontecem sem os marcadores de gênero; isto é, espaços e objetos da casa são elementos ativos na produção de noções ligadas ao gênero feminino e masculino. Ao vivenciar o mundo concreto da casa, somos convidados inconscientemente a seguir tradições e convenções culturais. Os modos dessa construção variam. No caso feminino, há uma forte conexão entre a ornamentação do corpo da mulher e a ornamentação dos objetos decorativos, o que torna a identidade feminina mais difusa do que a identidade masculina, constituída por objetos funcionais e associados ao prazer e conforto corporais. Definir os objetos a partir dessa perspectiva pode explicar muito sobre nossos valores e comportamentos.
Cozinha e suas coisas | 28/5, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
A história das cozinhas é pouco conhecida. Menos ainda são seus equipamentos e ferramentas. As atividades de trabalho empreendidas nas cozinhas trazem questões importantes sobre a convivência entre objetos tradicionais – manuais ou mecânicos – e objetos modernos – eletrificados. Conhecer esse universo de coisas que compõem a cozinha é o objetivo do grupo de pesquisa que estuda os acervos de cozinha do Museu Paulista. Há muitos objetos que precisam ser identificados, ter seus diversos nomes pesquisados, suas funções e períodos de uso estabelecidos. A consolidação de um repertório dos equipamentos e ferramentas de cozinha é algo necessário e que muito ajuda no avanço do conhecimento das casas brasileiras.
Intérpretes da casa brasileira | 18/6, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
O Brasil conta com um elenco importante de obras sobre as moradias brasileiras. Essas obras se desenvolveram pioneiramente entre os arquitetos, interessados nas configurações espaciais dos interiores domésticos. Foram eles que primeiro procuraram definir as tipologias de casas, estudaram a atuação de construtores e descreveram as configurações de espaços internos da moradia associados às suas funções produtivas e sociais. Outra vertente, a dos historiadores, se dedicou a compreender os tipos de objetos próprios das casas. Produziram estudos tradicionais sobre mobiliário, estudos sobre a riqueza e costumes das famílias por meio dos inventários e, mais recentemente, estudos sobre os objetos da casa e suas relações com a vida psíquica, social e cultural de seus moradores.
É ainda importante mapear obras e revistas de época, que são fontes documentais de grande valia para o conhecimento das casas. Os manuais de economia doméstica, de orientação feminina, puericultura e etiqueta trazem inúmeras informações sobre os objetos da casa e seus espaços, seus modos de funcionamento e os valores e sentidos associados a essa materialidade. A estas obras somam-se as revistas de época,a que trazem artigos e anúncios sobre decoração, sobre inúmeros objetos pertencentes ao espaço doméstico, além de receitas e crônicas sobre a vida doméstica.
Louça paulista | 9/7, sexta-feira, às 14h | Inscrições: clique aqui
Todas as casas têm um lugar de encontro. Refeições, festas e visitas seguem regras que variam dependendo do grupo e classe sociais, mas compartilham da mesma intenção: consolidar os vínculos entre as pessoas. A louça desempenha um papel fundamental ao materializar a importância dessas ocasiões, servindo de ferramenta para o estabelecimento de divisões e vínculos sociais. Por meio do uso das louças, um morador mostra ao outro a sua “educação”, o seu gosto, os seus valores. No século 19, os serviços de porcelana importados da Europa se tornaram um dos mais importantes sinais de opulência e sofisticação. Os ornamentos, as dourações, os brasões e monogramas materializaram o requinte que as elites enriquecidas almejavam. Enquanto os caros serviços de porcelana decorada eram adquiridos pelas elites, as camadas médias e populares consumiam serviços mais baratos, mas também ornamentados. Mesmo com simplicidade, a função era a mesma: sinalizar as refeições e ocasiões especiais. Ao longo do século 20, as indústrias produziram serviços de café, chá e jantar para diversos tipos de público. Fábricas de porcelana estabelecidas no Brasil comercializavam similares das porcelanas europeias, enquanto outras indústrias criaram conjuntos com matérias-primas mais acessíveis.
Museu do Ipiranga e Wikipédia | Em parceria, o Wiki Movimento Brasil (WMB) e o Museu do Ipiranga traçaram um plano digital para aumentar a presença do acervo da instituição na Internet. O plano inclui maratonas de edição, que em 2020 resultaram em mais de 2.500 edições de aprimoramento de verbetes, com mais de 2,6 milhões de visualizações. No mesmo ano, o Wikiconcurso angariou 862 inscritos, adicionando 1,3 milhões de bytes na plataforma. Além disso, foram carregados 2.958 arquivos no Wikimedia Commons.
A iniciativa integra o Museu a um movimento global ao qual se unem instituições culturais, bibliotecas e arquivos de vários países. Dessa maneira, a instituição também adere a práticas de conhecimento aberto e licenças livres e, com isso, deve atingir públicos mais diversificados e fomentar novas parcerias. O plano inclui, ainda, ações estratégicas para dar visibilidade a grupos menos presentes na plataforma, como mulheres, negros e indígenas. A iniciativa tem a parceria da Fundação Banco do Brasil.
Museu do Ipiranga – USP | Fechado desde 2013, o Museu do Ipiranga é sede do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e seguiu em atividade com eventos, cursos, palestras e oficinas em diversos espaços da cidade. As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura. A gestão do Projeto Novo Museu do Ipiranga é feita de forma compartilhada pelo Comitê Gestor Museu do Ipiranga 2022, pela direção do Museu Paulista e pela Fundação de Apoio à USP (FUSP). As obras se iniciaram em outubro de 2019 e a expectativa é de que o museu seja reaberto em setembro de 2022 para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. Para mais informações sobre o restauro, acesse o site museudoipiranga2022.org.br.
O edifício, tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade.
As obras do Novo Museu do Ipiranga são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura. Patrocinadores e parceiros: BNDES, Fundação Banco do Brasil, Vale, Bradesco, Caterpillar, Comgás, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, EDP, EMS, Itaú, Sabesp, Banco Safra, Honda, Postos Ipiranga, Pinheiro Neto Advogados e Atlas Schindler.