Nem só de engenharia e arquitetura se faz o Novo Museu do Ipiranga. Além da modernização, restauração e ampliação do Edifício-Monumento, o público vai encontrar, em 2022, grande parte do seu acervo restaurado. Por meio de um programa de fomento artístico do Bank of America, dos Estados Unidos, o Museu do Ipiranga adquiriu o montante necessário para o restauro de nove quadros que residem no Salão Nobre, espaço de destaque da instituição, e a aplicação de verniz na tela Independência ou Morte, de Pedro Américo, cujo restauro foi realizado no próprio salão, devido à grande proporção da tela, e finalizado no primeiro semestre do ano passado.
O trabalho conta com uma equipe de dez profissionais e será iniciado ainda em julho; a previsão é de que dure dez meses, com a conclusão em maio de 2022. Está prevista, também, a produção de um livro com os bastidores do restauro e a história das obras. A operação inclui procedimentos como remoção de verniz, sujeira, preenchimento de perfurações, planificação, reentelagem, renovação de molduras e chassis, restauro de dourações, retoques e, por fim, aplicação de vernizes de proteção.
“O Museu do Ipiranga tem uma grande quantidade de obras que precisariam ser restauradas para a reabertura das exposições em 2022 (são 43 no total), com um custo total aproximado de 1,3 milhão de reais. No entanto, a sua concretização dependia efetivamente de verbas para a sua realização”, conta Rosaria Ono, diretora da instituição.
“Tínhamos, em nosso orçamento, cerca de 20% dessa verba garantida; portanto, a doação recebida do Bank of America foi importantíssima para contemplar o restauro de mais obras e também fundamentou um pleito de verba adicional do Museu à Universidade de São Paulo para que todas as obras pudessem ser restauradas”, conclui.
Espaço mais importante do Museu, o Salão Nobre, com seus 182 metros quadrados e mais de 10 metros de pé-direito, foi projetado para abrigar a tela de Pedro Américo, que figura o momento em que se anunciou a ruptura política com Portugal. O ambiente é o ponto culminante do chamado “Eixo Monumental”, que começa no saguão, no piso térreo, passa pelas escadarias, até chegar neste espaço, que fica no ponto mais central do edifício. Todo o acervo artístico do Eixo Monumental é patrimônio cultural tombado e será conservado em sua integridade na reabertura.
Em 1922, ano em que se comemorou o Centenário da Independência do país, o historiador e diretor do Museu na época, Afonso d’Escragnolle Taunay, encomendou diversas pinturas de história; dentre elas, as nove telas que passaram a ladear a de Pedro Américo. Realizadas pelo pintor brasileiro Oscar Pereira da Silva e pelo italiano Domenico Failutti, as pinturas retratam episódios políticos que antecederam a declaração de Independência e personagens que atuaram no processo de Independência. Entre esses personagens, estão o Imperador Pedro I de Bragança, diversos políticos e cenas icônicas, e duas personagens femininas – Leopoldina de Habsburg-Lorenz, primeira imperatriz do Brasil, e a combatente Maria Quitéria de Jesus, mulher que aderiu às tropas militares que expulsaram os portugueses da cidade de Salvador da Bahia. O conjunto de pinturas do Salão Nobre sofreu consideráveis desgastes ao longo de quase 100 anos de exibição. A restauração prevista permitirá que o ambiente tradicionalmente mais visitado do Museu do Ipiranga recupere a qualidade visual de seu acervo artístico de pinturas que integram o imaginário nacional e são conhecidas em todo o país.
“Esse patrocínio faz parte do programa chamado Bank of America Art Conservation Project, que demonstra nosso apoio estratégico à arte em todo o mundo e reflete parte de nossos compromissos em ambiental, social e governança (ESG). O objetivo do Bank of America, neste caso, é promover o Museu do Ipiranga, as obras em restauro e os seus artistas, e incentivar outras empresas a também contribuírem para conservação do riquíssimo patrimônio artístico e cultural que temos no Brasil e que carece de apoio financeiro”, afirma Thiago Fernandes, responsável pela área de Meio Ambiente, Social e de Governança do Bank of America (Bofa) na América Latina.
Museu do Ipiranga – USP | Fechado desde 2013, o Museu do Ipiranga é sede do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e seguiu em atividade com eventos, cursos, palestras e oficinas em diversos espaços da cidade. As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura. A gestão do Projeto Novo Museu do Ipiranga é feita de forma compartilhada pelo Comitê Gestor Museu do Ipiranga 2022, pela direção do Museu Paulista e pela Fundação de Apoio à USP (FUSP). As obras se iniciaram em outubro de 2019 e a expectativa é de que o museu seja reaberto em setembro de 2022 para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. Para mais informações sobre o restauro, acesse o site museudoipiranga2022.org.br.
O edifício, tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade.
As obras do Novo Museu do Ipiranga são financiadas via Lei de Incentivo à Cultura. Patrocinadores e parceiros: BNDES, Fundação Banco do Brasil, Vale, Bradesco, Caterpillar, Comgás, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, EDP, EMS, Itaú, Sabesp, Santander, Banco Safra, Honda, Raízen, Postos Ipiranga, Pinheiro Neto Advogados, Atlas Schindler e Novelis.