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Selo SESC lança segundo EP da nova coletânea de “Viola Paulista”

São Paulo, por Kleber Patricio

Do Brasil sertanejo que canta e dança, seja em pracinhas e coretos do interior, shows nas capitais e até em salas de concerto, a viola é um movimento cultural. A viola está presente da música sertaneja caipira à sertaneja universitária, valorizando a cultura de quem mora no campo em toda a sua diversidade. Um instrumento muito popular no interior do país, em especial na região Centro-Sudeste. E, para traçar o mapa etnográfico do uso do instrumento no estado de São Paulo, o Selo SESC convidou o professor, músico, compositor e um dos principais pesquisadores de cultura popular e da viola caipira no país, Ivan Vilela. O projeto começou em 2018 com o lançamento da primeira edição de Viola Paulista (Selo SESC), que apresentou ao público as múltiplas sonoridades deste instrumento, em faixas instrumentais ou cantadas, com artistas e grupos muito diversos, mas que têm em comum a paixão pela história e pelo som da viola.

Agora em 2021, a gravadora do SESC São Paulo lança a segunda coletânea de Viola Paulista com a participação de 20 violeiros e violeiras que já têm uma carreira consolidada junto ao público e à cena musical. E no mapeamento de Vilela, os músicos selecionados abrangem todo o território do estado. São tocadores das regiões de Avaré, Bauru, Campinas, Piracicaba, São José do Rio Preto e Sorocaba.

Fernando Caselato. Foto: Paula Rocha.

O lançamento da segunda coletânea está dividido em cinco EPs. Cada um deles dá voz a diferentes sotaques do instrumento no estado. O primeiro, já disponível na internet, abrange as regiões de Bauru e São Carlos. Agora, o segundo EP abarca tocadores de Campinas e Piracicaba e chega às principais plataformas de streaming no dia 24 de fevereiro, incluindo na plataforma SESC Digital, que oferece o conteúdo de forma gratuita e sem necessidade de cadastro. Para ouvir, acesse aqui.

O segundo EP conta com a presença de violeiros que conciliam suas carreiras com a de professores em escolas de música, levando o ensino da viola caipira, um instrumento do mundo tradicional, a instituições onde a cultura da escrita e da erudição prevalecem. Um trabalho importante para a formação de futuros tocadores e de ampliação deste movimento cultural.

Fernando Caselato é professor no Conservatório de Ourinhos, cidade que fica na região oeste do estado e onde vive atualmente. Em Viola Paulista – Volume 2, ele toca sua composição autoral Chão Vermelho.

João Arruda. Foto: Paula Rocha.

Já o violeiro Zé Helder interpreta uma cantiga de tempos mais antigos, de resgate de uma sonoridade caipira. Em Do oco da viola ao borralho do fogão: a moda pós-rural, ele toca e canta na companhia de Fabrício Santos (violão e voz) e Guilherme Cordeiro (contrabaixo). Tido como um dos primeiros professores de conservatório de viola no Brasil, no final dos anos 1990, vive atualmente na capital paulista.

Natural de Mogi das Cruzes e atualmente morando em Campinas, onde há dez anos é diretor e regente da Orquestra Filarmônica de Violas, João Paulo Amaral começou na guitarra e logo migrou para a viola. Professor de viola na Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (Emesp Tom Jobim), na coletânea ele interpreta Linha motriz, uma peça instrumental de sua autoria.

Outro representante de Campinas é o violeiro João Arruda. Com sua viola de cabaça elaborada por Levi Ramiro – músico que está no EP 1 de Viola Paulista –, João Arruda é, talvez, um dos mais fiéis à musicalidade desenvolvida pelo violeiro, cantor e compositor mineiro Dércio Marques. E em Ayuna, ele traz as vertentes dessa música.

REPERTÓRIO EP 2

Chão Vermelho (Fernando Caselato)

Músicos: Fernando Caselato (viola)

Afinação: Cebolão em ré

Ayuna (João Arruda)

Músicos: João Arruda (viola)

Afinação: Rio abaixo

Linha Motriz (João Paulo Amaral)

Músicos: João Paulo Amaral (viola)

Afinação: Sobre-Requinta (Cebolina)

Do oco da viola ao borralho do fogão: a moda pós-rural (Zé Helder)

Músicos: Zé Helder (viola e voz), Fabrício Santos (violão e voz) e Guilherme Cordeiro (contrabaixo)

Afinação: Cebolão em mi

+ VIOLA PAULISTA

João Paulo Amaral. Foto: Caio Csermak.

Volume II | Retrato dos violeiros e violeiras profissionais com carreiras artísticas consolidadas, com discos gravados e de um público cativo que acompanham os seus trabalhos. A lista dos artistas que compõem esta segunda coletânea é bem diversificada e vai de Enúbio Queiroz e Zeca Collares, ao multi-instrumentista Neymar Dias, que também transita no repertório clássico e transcreveu parte da obra original de Bach (1685-1750) para a viola caipira, só para citar alguns exemplos. Destaque também para a presença de duas violeiras, Adriana Farias e Juliana Andrade, representantes de um crescente protagonismo feminino no mundo da viola. O primeiro EP, já disponível na internet, traz gravações de Adriana Farias, Arnaldo Freitas, da dupla Cláudio Lacerda e Rodrigo Zanc e de Levi Ramiro, músicos de Bauru e região.

Próximos lançamentos

3 de março

EP 3 com Ricardo Anastácio, Zeca Collares, Fernando Deghi e Ricardo Vignini

10 de março

EP 4 – com Enúbio Queiroz, Juliana Andrade, Fábio Miranda e Márcio Freitas

17 de março

EP 5 com Lauri da Viola, Wilson Teixeira, Neymar Dias e Júlio Santin

Zé Helder. Foto: Paula Rocha.

Volume I | Com 19 faixas, a primeira coletânea, lançada em junho de 2018, traz o retrato artístico de violeiros de diferentes regiões do estado. Mescla jovens músicos que são as novas apostas do instrumento e outros de carreira estabelecida, mas que não obtiveram até aqui o devido reconhecimento pelos seus trabalhos. O repertório mostra a diversidade do instrumento, com gravações autênticas de obras mais ligadas ao universo da música caipira, chegando até a música contemporânea composta para viola. Participaram os violeiros Bob Vieira, Bruno Sanches, Fabíola Mirella e Sérgio Penna, Gil Fererich, Jackson Ricarte, Leandro de Abreu, Moreno Overá, Neto Stéfani, Osni Ribeiro, Reinaldo Toledo, Renato Gagliardi, Ricardo Matsuda e Patricia Gatti, Ronaldo Sabino, Rodrigo Nali e Rafael Schimidt, Vinícius Alves, Zé Guerreiro Quarteto, José Gustavo Julião, Trio Tamoyo e Zé Márcio.

Ficha técnica: Viola Paulista – Volume II

Curadoria e direção musical: Ivan Vilela

Produção executiva: Paula Rocha e Caio Csermak – Arueira Expressões Brasileiras

Gravação: Maurício Cajueiro

Mixagem: Ivan Vilela e Maurício Cajueiro

Masterização: Homero Lotito

Assistente de gravação: Pedro Henrique Florio

Estúdio: Cajueiro Áudio (Campinas, SP)

Fotografia e vídeo: Paula Rocha e Caio Csermak

Ivan Vilela – curador e diretor musical | A história de Ivan Vilela com a música começou aos 11 anos de idade, quando o pai lhe presenteou com um violão. Músico e pesquisador, é doutor em Psicologia Social (USP), Mestre em Composição Musical (Unicamp) e professor na Faculdade de Música da Universidade de São Paulo (USP), onde leciona História da Música Popular Brasileira, Viola Brasileira, Rítmica e Percepção Musical. Desde 2018 é pesquisador do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) da Universidade de Aveiro, Portugal. Durante os estudos no curso de Composição Musical, Ivan Vilela desenvolveu uma crescente identificação com a cultura popular e a viola caipira. Com seus trabalhos de composição e interpretação, foi indicado a importantes prêmios da música brasileira. Desde 1996 o músico faz apresentações no exterior, tendo tocado em países como Alemanha, França, Portugal, Itália, Inglaterra e Espanha. Lançou mais de uma dezena de álbuns, dentre eles, o CD Dez Cordas, em que primeiro utiliza a técnica de mão direita inovadora que criou para tocar individualmente todas as dez cordas da viola. É autor do livro Cantando a Própria História – Música Caipira e Enraizamento (Edusp, 2013).

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