Sob a curadoria de Marcelo Drummond, a mostra Fabricação Própria traz ao galpão SESC Pompeia, a partir do dia 14 de outubro, a abrangente e diversa produção artística empreendida por Lotus Lobo. Com obras históricas e inéditas, produzidas em diferentes suportes, materiais e novas formas de edição e impressão, a exposição compreende os 60 anos de produção da artista, que engloba seu acervo, bem como as formas de pensar a política das imagens no mundo contemporâneo.
A presente proposta busca apresentar, em estreito diálogo com o ambiente da antiga Fábrica da Pompeia (SESC Pompeia) e com o legado deixado pela arquiteta Lina Bo Bardi, o resgate e a preservação do importante acervo de matrizes litográficas, em pedra e zinco, provenientes da Estamparia Juiz de Fora, Minas Gerais, originárias das décadas de 1930-1960, com que Lotus articula sua vasta produção artística.
O recorte curatorial de Fabricação Própria destaca a experiência de Lotus em relação ao seu acervo e tem como objetivo dar visibilidade e acesso à produção da artista, demonstrando sua relação com a arte e seu histórico de atuação desde a década de 1960 até suas produções atuais.
A exposição reúne, pela primeira vez, a quase totalidade do conjunto de Maculaturas, chapas de acertos de impressão da Estamparia Juiz de Fora (MG), por Lotus apropriadas como obras a partir de 1970, dessa vez montadas na forma de um grande plano suspenso no espaço expositivo. Trabalhos importantes da artista são revisitados, como o caso de Água Limpa, obra inédita que retoma os lito-objetos premiados em 1969 na X Bienal de São Paulo. Outra remissão importante se trata da também inédita Albor, em que rememora obra marcante do ano de 1970: uma bobina de papel presa na parede de onde os espectadores podiam destacar e levar para casa fragmentos litografados.
Destacam-se também a participação de Lotus Lobo no histórico evento Do Corpo à Terra (1970), idealizado pelo crítico Frederico de Morais, e o trabalho Territórios (1969), ambos realizados em Belo Horizonte (MG), publicados no Guia de Mediação da mostra, onde se encontra também um encarte-obra inédito, intitulado Notas Marginais (2021).
Segundo o curador da exposição e artista visual Marcelo Drummond, “aqui se deixa à mostra a verdade material e construtiva do galpão que abrigou a antiga Indústria Brasileira de Embalagens (Ibesa), fabricante de tambores metálicos que hoje dá lugar ao SESC Pompeia e acolhe com familiaridade a fábrica movente de Lotus Lobo”.
Nascida em Belo Horizonte, Lotus entrou em contato, a partir de 1969, com a produção de embalagens em folha de flandres da Estamparia Juiz de Fora (MG), onde coletou matrizes das primeiras décadas do século XX, e, a partir daí, por meio da apropriação e manipulação de imagens, produziu obras que desvelam o caráter criativo dos ambientes fabris, convidando o público a também experimentar novas possibilidades de leitura.
A reunião e o deslocamento desses objetos são formas de dar visibilidade a sua composição, evidenciando autorias, especificidades regionais e temporalidades. É justamente a partir de uma proposta de interrupção e inversão do ciclo de vida habitual de tais itens que se constitui o trabalho artístico e de pesquisa de Lotus Lobo. “Para além de proteger do esquecimento um certo passado, a exposição Fabricação própria dialoga com as lembranças de outros tempos e lugares que insistem em permanecer no imaginário, mesmo à revelia dos sujeitos. Para o SESC, a apresentação de trabalhos de arte contemporânea, associada à divulgação de um acervo que remonta aos primórdios do design nacional, sugere que as memórias entrelaçam revelação e preservação, elaboração e ressignificação permanente”, comenta Danilo Santos de Miranda, diretor do SESC São Paulo.
Algumas das obras que compõem a mostra são Transformação/Mutação/Transformação-Mutação, 1968/2016; Maculaturas, 1970; Manteiga comum, 2018; Noir à monter (Tupy), 1969-2021 e Pilha (Levante), 2021.
Sobre Lotus Lobo | Lotus Lobo nasceu em Belo Horizonte em 1943. Vive e trabalha na capital mineira, onde graduou-se na Escola Guignard, da UEMG, em Artes Plásticas. Na França, estudou na École Superieure des Art et Industries Graphiques Estienne e na École D’Arts Plastiques et Sciences D’Art de L’Université de Paris. Foi professora de litografia na UEMG e na UFMG em intervalos entre 1966 a 1993. Estas tantas experiências artísticas, inauguradas nos anos 1960, foram seminais na construção discursiva de Lotus Lobo e ainda reverberam na sua produção contemporânea. Na carreira da artista, convém destacar a sua participação na X Bienal de São Paulo (1969), quando recebeu o Prêmio Itamaraty ao exibir três objetos-gravuras (lito-objetos) manipuláveis pelo público. Nota-se, ainda, sua participação na emblemática manifestação Do corpo a terra (1970), organizada pelo crítico de arte Frederico Morais e realizada no Parque Municipal de Belo Horizonte, onde Lotus propôs a intervenção Plantação.
Vale mencionar sua participação em mostras individuais e coletivas, nacionais e internacionais, entre elas: Gráfico Grafia, Museu de Arte da Pampulha / Museu Abílio Barreto – Belo Horizonte, 2021; Território Gravado – Galeria Superfície – São Paulo, 2019; Litografia Lotus Lobo – Galeria de arte do Minas Tênis Clube – BH – MG, 2018; da Estamparia Litográfica – Lotus Lobo – Caixa Cultural – Brasília – DF 2018; Lobo – Galeria Mendes Wood – São Paulo – SP, 2017; Constelação – Galeria Manoel Macedo Arte, Belo Horizonte, MG, 2016; SP ARTE – Feira Internacional de arte de São Paulo – Pavilhão da Bienal SP – SP, 2017/2016; Marca Registrada, Centro Cultural Usiminas, Ipatinga, MG. 2007 e Palácio das Artes – Belo Horizonte, MG, 2006; Brazilian Contemporary Prints, Conferência e Mostra de Gravura Brasileira – Gallery of The Saint John’s College, Santa Fé, New Mexico, EUA, 1986; Brazilian Contemporary Prints – Gallery Tate Student Center, University of Georgia, EUA 1987; Ninth British International Print Bienale – Bradford 1986; V Bienal del Grabado Latino Americano – Porto Rico, 1981; Arte Agora MAM – Rio de Janeiro, 1976; Bienal de Tóquio, 1972 e Pré-Bienal de Paris MAM – Rio de Janeiro, 1969.
Orientações de segurança para visitantes
O SESC São Paulo retoma, de maneira gradual e somente por agendamento prévio online, a visitação gratuita e presencial a exposições em suas unidades na capital, na Grande São Paulo, no interior e no litoral. Para tanto, foram estabelecidos protocolos de atendimento em acordo com as recomendações de segurança do governo estadual e da prefeitura municipal.
Para diminuição do risco de contágio e propagação do novo coronavírus, conforme as orientações do poder público, foram estabelecidos rígidos processos de higienização dos ambientes e adotados suportes com álcool em gel nas entradas e saídas dos espaços.
A entrada na unidade será permitida apenas após confirmação do agendamento feito no app Credencial SESC SP ou no portal do SESC São Paulo. A utilização de máscara cobrindo boca e nariz durante toda a visita, assim como a medição de temperatura dos visitantes na entrada da unidade serão obrigatórias. Não será permitida a entrada de acompanhantes sem agendamento.
Serviço:
Fabricação Própria – Lotus Lobo
Local: SESC Pompeia (Galpão)
Curadoria: Marcelo Drummond
Período expositivo: 14 de outubro de 2021 a 30 de janeiro de 2022
Funcionamento: terça a sexta, das 14h às 20h. Sábado, domingo e feriado, das 11h30 às 17h30.
Agendamento de visitas: sescsp.org.br/exposicoes, sescsp.org.br/pompeia ou pelo app Credencial SESC SP
Classificação indicativa: Livre
Grátis
SESC Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo/SP
Local não dispõe de estacionamento próprio. Para mais informações, acesse o portal: sescsp.org.br/pompeia.
(Fonte: Assessoria de comunicação/SESC Pompeia)