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Sinfônica da Unicamp se apresenta em patrimônios históricos

Campinas, por Kleber Patricio

Apresentações contam com a participação dos grupos de câmara da OSU Quinteto de Metais e Quinteto de Sopros. foto Marília Vasconcellos.

Apresentações contam com a participação dos grupos de câmara da OSU Quinteto de Metais e Quinteto de Sopros. Foto: Marília Vasconcellos.

Desvendar os patrimônios históricos de Campinas através de um passeio musical pelos mais diversos gêneros e formações é a proposta do projeto Identidade, Música e Arquitetura, realizado em parceria entre a Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) e o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Ao longo do ano, uma série de concertos comentados irá ocupar alguns dos importantes patrimônios da cidade.

O concerto de abertura, intitulado Ecos de palhetas e pistões, acontece na próxima quarta-feira (16), às 19 h, na Capela Santa Cruz, com entrada gratuita. O mesmo programa será interpretado na Casa do Lago (Unicamp), na quinta (17).

Entre os artistas convidados da temporada, um elenco representativo com os regentes Leonardo Panigada (que atua no emblemático projeto de educação musical venezuelano El Sistema), Karl Martin, Felipe Senna, Paulo Tiné, Knut Andreas, Alessandro Borgomanero, Isaac Kerr e os solistas Léa Freire (flauta), Lucca Soares, Daniel de Souza Filho e Bruno Demarchi (trompa), Artur Huf (violino), Antônio Del Claro (violoncelo) e Emerson di Biasi (viola). O repertório destaca, ainda, participações do Coro Contemporâneo de Campinas, Coral Unicamp Zíper na Boca, Ópera Studio Unicamp e Collegium Vocale Campinas.

As apresentações terão as participações de dois grupos de câmara da OSU: o Quinteto de Metais (Samuel Brisolla, trompete; Oscarindo Roque Filho, trompete; Silvio Batista, trompa; João José Leite, trombone; Paulo César da Silva, tuba) e o Quinteto de Sopros (Rogério Peruchi, flauta; João Carlos Goehring, oboé; Cleyton Tomazela, clarinete; Bruno Lopes Demarque, trompa; Francisco J. F. Amstalden, fagote). No repertório, obras de Carl Nielsen, J. S. Bach e Henry Purcell, entre outras.

O projeto surgiu do desejo de ocupar os patrimônios históricos da cidade com combinações instrumentais e repertórios variados e, dessa maneira, conhecê-los através de história e experimentação acústica de cada local. “Sabe-se que tanto uma cidade quanto uma obra de arte carecem de olhares – breves ou longos, porém atentos – para que possa se perpetuar. Nossos patrimônios arquitetônicos, carregados de história e detalhes desconhecidos pela maioria do povo campineiro, estão há anos estacionados no mesmo local como verdadeiros personagens urbanos. No entanto, assim como acontece com a música de concerto, poucos de seus descendentes se lembram de dedicar um momento para visitá-los e apreciá-los com o devido tempo”, afirma Cinthia Alireti, regente titular da OSU. “Esses diálogos entre história e modernidade, estilos e tradição, sons e espaços, chegam a Campinas como novas tintas e restauros, permitindo que uma edificação histórica cative novamente os olhos dos passantes e reabra portas para os pequenos universos urbanos que nos esquecemos de enxergar”, conclui.

Durante o ano, o público poderá acompanhar o projeto em outros pontos da cidade. Na Capela da Santa Casa, o Virtuosismo e religiosidade nas obras de J. S. Bach será a atração de maio, com regência e solo do violinista Artur Huf. Em junho, quem estiver circulando pelo centro da cidade, poderá apreciar os vários grupos de câmara da Sinfônica da Unicamp interpretando obras em vários pontos históricos, ao mesmo tempo.

Sobre a Capela Santa Cruz

Fachada da Capela Santa Cruz, onde acontece o concerto de abertura do projeto 'Identidade, Música e Arquitetura'. Foto: Acervo IAB.

Fachada da Capela Santa Cruz, onde acontece o concerto de abertura do projeto ‘Identidade, Música e Arquitetura’. Foto: Acervo IAB.

Com área bruta de 450 m² e também conhecida como Casa São Domingos, a Capela de Santa Cruz reúne elementos da chamada modernização pombalina – trazidos ao Brasil por engenheiros militares condicionados pelas obras de reconstrução de Lisboa -, mesclados às regras de composição do neoclássico histórico introduzido no Rio de Janeiro pela Missão Francesa. Estes elementos estão presentes na edificação de taipa de pilão com janelas de vergas curvas e molduras em “peito de pomba” sobre as envasaduras recurvadas, mas que também assume aspectos neoclássicos em sua fachada com frontão e nas janelas e portas em arco pleno. O edifício conta também com um muro frontal com trabalhos em tijolos no modelo ferroviário.

Utilizada originalmente como uma capela de devoção comunitária, a Capela Santa Cruz é considerada um raro exemplar de arquitetura urbana de transição entre o colonial e o ecletismo, com um estilo pombalino neoclassicizante regionalizado.

Serviço

Projeto Identidade, Música e Arquitetura

Programa Ecos de palhetas e pistões. Com Quinteto de Metais e Quinteto de Sopros da Orquestra Sinfônica da Unicamp

Quando e onde:

Quarta, 16 de março, 19 h, na Capela Santa Cruz (Rua Santa Cruz, s/nº, Cambuí, Campinas)

Quinta, 17 de março, 19 h, Casa do Lago (Unicamp)

Entrada gratuita.