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Single póstumo “Meu Guri”, de Elza Soares, terá lançamento em 22/4

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Denise Ricardo.

Elza Soares (1930-2022) segue viva em suas canções e no legado eterno de sua contribuição para a cultura brasileira. Ela dizia que “um país que não reconhece seus negros em vida é um país póstumo”. Ela, que por décadas passadas foi barrada em hotéis de luxo, aos 91 anos reinou no Theatro Municipal de São Paulo cantando ao lado de um pianista negro. O registro, feito nos dias 17 e 18 de janeiro de 2022 (Elza faleceu dois dias depois), traz um álbum visual documental com linguagem cinematográfica com o patrocínio de Natura Musical.

Do material, está sendo lançado também um clipe, gravado na sala onde agora acontece a exposição “Contramemória”, parte da programação do centenário do movimento Modernista no Brasil. No vídeo inédito, a cantora dialoga – a partir de seu corpo, performance, músicas, vestes e adereços – com a própria estrutura do Theatro, tensionando assim a formalidade e o estilo neoacadêmico da construção. Quem for conferir a exposição, em cartaz até 5 de junho, poderá ver o clipe de “Meu Guri” por meio de um QR Code. O clipe tem direção geral de Pedro Loureiro e direção cinematográfica de Cassius Cordeiro, sócio fundador e diretor da produtora Broders e um dos idealizadores do projeto “Elza ao vivo no Municipal”. Cordeiro, que já havia trabalhado com Elza, tem no currículo a cinebiografia musical de outros nomes da música popular brasileira, como Alcione, João Donato, Gilberto Gil, Toquinho, Caetano Veloso e Milton Nascimento.

O lançamento oficial do single digital de “Meu Guri” se dará no dia 22 de abril e, do clipe, no dia 25 pela Deck/Natura Musical. A música, de Chico Buarque e cantada por Elza, abre o álbum e DVD “Elza ao Vivo no Municipal”, que será lançado no dia 13 de maio. Elza é acompanhada do pianista Fábio Leandro e canta com a propriedade de quem perdeu um filho para a fome, como ela mesma dizia, os versos:

“Quando seu moço nasceu meu rebento não era o momento dele rebentar

Já foi nascendo com cara de fome, eu não tinha nem nome pra lhe dar

Como fui levando não sei lhe explicar, fui assim levando ele a me levar

E na sua meninice ele um dia me disse que chegava lá

Olha aí

Olha aí

Olha aí ai o meu guri olha aí”.

Capa do single.

O registro “Elza ao vivo no Municipal” foi selecionado pelo programa Natura Musical por meio de Edital, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Juçara Marçal, Kunumi MC e Rico Dalasam. Ao longo de 16 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 140 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar e Jards Macalé. “Este projeto, assim como os demais selecionados pelo edital Natura Musical, tem a potência de gerar impacto positivo no ecossistema onde está inserido. Isso se traduz em ações de inclusão, sustentabilidade, apoio à diversidade e educação. São pilares fundamentais para as mudanças que desejamos vivenciar no mundo”, afirma Fernanda Paiva, head of Global Cultural Branding.

Ficha Técnica do clipe “Meu Guri”

Direção: Cassius Cordeiro

Direção-geral: Pedro Loureiro

Direção de produção: Dani Godoy e Débora Ribeiro de Lima

Direção musical: Rafael Ramos.

Sobre “Contramemória”

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, anuncia uma ação histórica no Theatro Municipal. O espaço, que foi palco da Semana de Arte Moderna há 100 anos, promove, pela primeira vez desde 1922, uma exposição de grande porte: “Contramemória”, com curadoria de Jaime Lauriano, Lilia Moritz Schwarcz e Pedro Meira Monteiro. A abertura acontece dia 18 de abril, com visitas guiadas pelos curadores, e o acesso é gratuito.

O intuito da exposição é reler e traduzir criticamente a Semana de 22 e o seu ambiente cultural e político. Para isso, serão expostas tanto obras contemporâneas quanto as do Acervo Modernista do Centro Cultural São Paulo (CCSP). O choque produzido entre essas duas vertentes desnuda os silêncios e as ambiguidades presentes na hoje canônica Semana de Arte Moderna, agora revista por novos olhares, histórias e protagonismos, muito mais plurais. As ideias e visões de uma maioria masculina, branca e abastada do passado, em contraste com artistas negros, indígenas, trans, mulheres e de várias gerações.

Foto: Denise Ricardo.

Serão exibidas obras de artistas contemporâneos como Ailton Krenak, Denilson Baniwa, Daiara Tukano, O Bastardo, Adriana Varejão, Raphael Escobar, Bertone Balduino, Ana Elisa Egreja, Lídia Lisbôa, Mídia Ninja e Val Souza. Essas obras estarão lado a lado com os quadros de Anita Malfatti. Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti e Flávio de Carvalho, entre outros. “A exposição traz para o Theatro Municipal, símbolo da Semana de 22, quem ficou de fora: as mulheres, os negros, os indígenas”, afirma a secretária Aline Torres. “Estamos ressignificando o espaço, o conceito de modernismo, e introduzindo e valorizando novos protagonistas, artistas que não estariam na Semana de 22 há um século”.

“Em 1922, o Theatro Municipal abriu, pela primeira vez, suas portas para uma exposição de arte. Passados 100 anos, a mostra Contramemória ocupa novamente o edifício. Por isso o debate e fricção com obras produzidas naquele contexto é direto, bem como a releitura depois de um século”, afirma Lilia Moritz Schwarcz. “Ao lado dos trabalhos modernistas estão agora obras de artistas contemporâneos, sobretudo negros, mulheres e indígenas. O resultado é uma invasão decolonial.”

“Uma das inspirações da exposição é a releitura da Semana de Arte Moderna proposta por Emicida em AmarElo, filme em que o Theatro Municipal figura como espaço de uma memória que se irradia do centro de São Paulo a suas periferias, e de lá ao resto do país e ao mundo todo”, comenta Pedro Meira Monteiro. “’Contramemória’ pretende recuperar os caminhos de uma memória rota, de modo a recolocar, no centro, o que ficou fora dele.”

“Em ‘Contramemória’, retiramos a aura revolucionária da famigerada ‘Semana de Arte Moderna de 1922’, reposicionando, criticamente, a importância da exposição que aconteceu em São Paulo”, afirma Jaime Lauriano. “Com isso, pretendemos descentralizar os debates em torno dos modernismos brasileiros, contribuindo, assim, com os necessários tensionamentos provocados pela produção de artistas negres, indígenas e de gêneros contra hegemônicos.”

Sobre Natura Musical

Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$174,5 milhões no patrocínio de mais de 518 projetos – entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento às cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2020, o edital do Natura Musical selecionou 43 projetos em todo o Brasil e promoveu mais de 300 produtos e experiências musicais, entre lançamentos de álbuns, clipes, festivais digitais, oficinas e conferências. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, com uma programação contínua de shows, performances, bate-papos e conteúdos exclusivos.

Serviço:

“Contramemória”

Data: de 18 de abril a 5 de junho

Horário: terça-feira a sexta-feira, 11h às 17h e sábado e domingo, 10h às 15h

Local: Theatro Municipal – Salão Nobre | Praça Ramos de Azevedo s/nº | Centro

Ingressos: retirada dos ingressos gratuitos pelo site. Limite de 2 ingressos por pessoa

Gratuito.

(Fonte: Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo)