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Teatro Clara Nunes recebe obra de Aline Bei para o Flamenco Contemporâneo

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Fotos: Cicero Rodrigues.

Da literatura para o palco carioca, da obra de Aline Bei para o Flamenco. Essa é a primeira adaptação para a dança que o segundo livro da escritora premiada recebe – seu primeiro livro, o best-seller ‘o peso do pássaro morto’, ganhou versão teatral. Dessa vez, a obra ‘Pequena Coreografia do Adeus’ – a ‘pequena’, como carinhosamente é chamada – ganhará versão com música e dança flamenca. O projeto, que teve a maior pontuação para a Mostra de Dança do Edital SESI Firjan 2024, fará única apresentação no Rio, no dia 2 de outubro, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea.

O desafio de não só realizar todas as camadas ao mesmo tempo, da dramaturgia (Elissandro de Aquino), coreografia (Ale Kalaf) e cenário (Claudio Partes) até chegar à trilha sonora (Marcelo Valezi), mas o de trabalhar com uma equipe em diversos pontos do país/mundo. Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paris são os destinos/lares dos artistas que colaborativamente estão no projeto. Os encontros aconteceram por meio das plataformas digitais e de forma presencial mesclando Rio e São Paulo.

A ideia nasceu de uma parceria entre a produtora Viramundo e a Enclave Cia de Dança que aborda, no seu campo de investigação, a dança flamenca. Daí os projetos ‘Aboio’ (que trouxe referências da Cultura Popular) e ‘Lorca: quando a poesia encontra a dança’ (mesclando literatura e dança). Ao se depararem com a escrita de Aline Bei, nasceu o desejo de levar para o palco o que é do campo da literatura.

Diretamente de Paris, Maíra Pedroso já está no Rio para dançar ‘Pequena Coreografia do Adeus’. Ela, que é uma das idealizadoras do projeto, reflete a necessidade de pesquisar corpo e dança em diálogo com a obra de Aline. “É um livro de uma profundidade imensa que toca nessa tessitura da vida, daquilo que nos compõe, das relações familiares e das feridas que nos habitam que ora nos estruturam e ora nos desestruturam”, explica Maíra.

Mais que uma busca estética e lapidada, a montagem apresenta o interesse pela força bruta, inacabada, em processo. “Cortes bruscos, gestos em rompantes a fazer vento, faísca, fogo e água. Uma dança como processo para se chegar a esse lugar do sacrifício. Na arena, os bailarinos serão simultaneamente o toureiro e o touro. Apenas um (sobre)viverá a esse embate. Impossível viver sem ter o sangue do outro, seja animal ou humano”, é o que explica Elissandro de Aquino, que assina a dramaturgia e a direção geral do espetáculo.

O trabalho de construção do espetáculo foi feito de pontos distantes: Julie no Rio, Carlinhos em São Paulo e Maíra em Paris. Todos têm formação clássica e uma sólida trajetória pelo Flamenco, o que facilita a imersão e os jogos de cena. Em comum, uma busca pela originalidade, pela invenção, pela desconstrução. Lugar fértil para o trabalho de direção de movimento e coreografias de Ale Kalaf. A trilha foi desenvolvida pelo diretor musical Marcelo Valezi que, além de cantes tradicionais da Espanha, explorou outras sonoridades incluindo no repertório Beethoven, Milton Nascimento e Marisa Monte. O campo plástico de levar a palavra ao palco foi concebido pela artista e pesquisadora em artes visuais e artes do som Ana Emerich – em seu trabalho, a palavra assume texturas, gradações, relevos com a vozes de Ana Kfouri, Ale Kalaf, Maria Ceiça e da própria autora, Aline Bei. Tudo isso capitaneado pela produtora Viramundo, que tem no seu portfólio importantes projetos com literatura com autoras como Carolina Maria de Jesus, Cecília Meireles, Fernando Pessoa e Maya Angelou.

Sinopse | Projeto inédito de dança Flamenca: Patrimônio Imaterial pela Unesco. Em cena, uma casa que nos provoca a (não) relação entre pai, mãe e filha. Há algum lugar de afeto, intimidade e de espontaneidade? Qual o ponto inicial para esse tão almejado encontro interno? O corpo de baile se aventura nessa tentativa de se encontrar e de, por meio dessa experiência, fazer faísca, som, vento, fogo e água. Uma dança para se chegar ao rito. Lugar de sacrifício e de celebração aos mortos e vivos.

Ficha Técnica

Texto Original: Aline Bei

Com: Carlos Rowload, Julie Coelho e Maíra Pedroso

Dramaturgia e Direção Geral: Elissandro de Aquino

Coreografia e Direção de Movimento: Ale Kalaf

Direção Musical: Marcelo Valezi

Arte Sonora: Ana Emerich

Narração Off: Ale Kalaf, Ana Kfouri e Maria Ceiça

Cenografia a partir da instalação artística “memórias e ilusões das casas”: Claudio Partes

Figurino: Margo Margot

Iluminação: Miló Martins

Preparador Corporal/Quedas: Toni Rodrigues

Fotografia: Cicero Rodrigues

Assistência de Direção: Maíra Pedroso

Músico Convidado: Luciano Camara

Assessoria de Imprensa: Alexandre Aquino e Cláudia Tisato

Bailarina Stand-in: Kathya Valeska

Captação e Mixagem: Rafael Régis e Felipe Dutra

Operação de Iuz: Rafael Turatti

Operação de Som: Alexandre Oliveira

Direção de Produção: Thales Huebra

Realização: Enclave Cia de Dança e Viramundo.

Serviço:

Obra de Aline Bei para o flamenco contemporâneo

Pequena Coreografia do Adeus – única apresentação

Data: 2 de outubro – quarta-feira | Horário: 20h

Local: Teatro Clara Nunes – Shopping da Gávea

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52

Ingressos disponíveis na plataforma Sympla

Telefone: (21) 2274-9696

Sympla Bileto – Sympla

Plateia: R$120,00 – R$60,00 | Balcão: R$100,00 – R$50,00

Instagram: @coreografiadoadeusflamenco

Classificação: 14 anos

Duração: 60 minutos.

(Fonte: Com Claudia Tisato)