A montagem inédita de “Os Capuletos e os Montéquios”, ópera de Vincenzo Bellini, chega em abril ao palco do Theatro São Pedro. Com libreto de Felice Romani, a ópera não se baseia no famoso texto de Shakespeare, mas em uma fonte italiana da história, uma peça teatral de Luigi Scevola escrita em 1818. Estreada em 1830, no Teatro La Fenice, de Veneza, a obra é um dos maiores sucessos do compositor e tem como particularidade o fato de os dois protagonistas serem interpretados por mulheres: Giulietta por uma soprano, e Romeo por uma mezzo-soprano. Vincenzo Bellini (1801- 1835), conhecido por suas belas linhas melódicas, é considerado um dos maiores expoentes do bel-canto, ao lado de Gioachino Rossini e Gaetano Donizetti.
A produção inédita do Theatro São Pedro tem direção cênica de Antonio Araujo, fundador do Teatro da Vertigem e diretor artístico da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, iluminação de Guilherme Bonfanti, dramaturgismo de Antonio Duran e Silvia Fernandes, cenografia de André Cortez, coreografia de Cristian Duarte e visagismo de Tiça Camargo. A direção musical é de Alessandro Sangiorgi que comanda a Orquestra do Theatro São Pedro. A montagem conta ainda com a participação do Coral Jovem do Estado, grupo artístico de bolsistas da Emesp Tom Jobim.
No elenco, destaque para as cantoras Denise de Freitas e Carla Cottini, que interpretam, respectivamente, Romeo e Giulietta. Completam o elenco Aníbal Mancini (Teobaldo), Douglas Hann (Lorenzo) e Anderson Barbosa (Capelio). “Temos uma das histórias de amor mais conhecidas da humanidade; então, por que motivo vamos montá-la nos dias de hoje? Como essa história pode ser retomada e dialogar com novos sentidos nos tempos atuais? ”, questiona o diretor cênico Antonio Araujo. Para ele, compreender o sentido da montagem de um espetáculo nos dias atuais é um dos principais pontos de partida para a criação.
O diretor parte de dois eixos principais. Um deles atualiza a luta entre os tradicionais clãs dos Capuletos e Montéquios e ganha nova roupagem mostrando a rivalidade entre milícia e tráfico. O outro critica a visão patriarcal da sociedade e da própria ópera, com a presença de Giulietta cercada por figuras masculinas. “Giulietta é a única personagem feminina e ela é um objeto de troca, passando de mão em mão, do pai para o pretendente. Para criticar esse espaço e trazer um contraponto eu decidi manter o casal principal na figura de duas mulheres, mostrando a relação entre elas como um ponto de oposição a esse universo masculino”, conta o diretor. Além disso, a presença de um coro de atrizes, que fará participações pontuais na montagem, também estabelece um distanciamento crítico em relação a essa predominância dos homens na narrativa.
Alessandro Sangiorgi, diretor musical, destaca que o público pode esperar uma versão que passa pelas tradições de interpretação do passado, que é importante conhecer, associadas a uma visão mais moderna e contemporânea. “Para o trabalho com o elenco, parto de uma ideia mais definida, passando pela tradição e considerando sempre as ideias e características que cada um traz para os ensaios. Assim chegamos a uma unidade criativa”, afirma o maestro.
“Os Capuletos e Os Montéquios” estreou no dia 15 de abril. As récitas continuam em 17, 20, 22, 24, 27 e 29 de abril, com encerramento no dia 1º de maio, quartas e sextas, às 20h, e domingos, às 17h. Os ingressos custam de R$80 a R$15 (meia).
Transmissão ao vivo | A récita do dia 24 de abril, domingo, às 17h, terá transmissão gratuita pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro.
Bilheteria | Os ingressos para todos os espetáculos devem ser adquiridos exclusivamente pelo site, clicando aqui.
Serviço:
“Os Capuletos e os Montéquios”, de Vincenzo Bellini
Libreto de Felice Romani
Orquestra do Theatro São Pedro
Coral Jovem do Estado
Alessandro Sangiorgi, direção musical
Antonio Araujo, direção cênica
Guilherme Bonfanti, iluminação
Antonio Duran e Silvia Fernandes, dramaturgismo
André Cortez e Carol Bucek, cenografia
Cristian Duarte, coreografia
Tiça Camargo, visagismo
Elenco:
Denise de Freitas, mezzo-soprano (Romeo)
Carla Cottini, soprano (Giulietta)
Aníbal Mancini, tenor (Teobaldo)
Douglas Hann, barítono (Lorenzo)
Anderson Barbosa, baixo (Capelio)
Récitas: 15, 17, 20, 22, 24, 27, 29 de abril e 1 de maio
quartas e sextas às 20h, domingos às 17h
Local: Theatro São Pedro
Endereço: Rua Barra Funda, 171 – Barra Funda, São Paulo (SP)
Ingressos: R$80 (inteira) a R$15 (meia)
Plateia: R$80/ R$40 (meia)
1º Balcão: R$50/ R$25 (meia)
2º Balcão: R$30/R$15 (meia)
Classificação Indicativa: 16 anos
Theatro São Pedro
Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro, e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural, e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de “La Cenerentola”, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na diversidade, com títulos conhecidos do repertório tradicional e obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país. Agora o Theatro São Pedro inicia uma nova fase, respeitando sua própria história e atento aos novos desafios da arte, da cultura e da sociedade.
(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)