No início de julho deste ano, Filipe Masetti Leite, de Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo, se tornou o primeiro brasileiro a percorrer a América a cavalo, partindo de Ushuaia, na Argentina, a Fairbanks, no Alasca. A jornada se dividiu em três viagens. Na primeira, de Calgary, no Canadá, a Barretos, no Brasil, ele percorreu 16 mil quilômetros. Na segunda, de Barretos, no Brasil, a Ushuaia, na Argentina, foram cerca de 7,5 mil quilômetros. E a última e mais recente, de Fairbanks, no Alasca, a Calgary, no Canadá, teve 3,5 mil quilômetros percorridos.
Nesta longa aventura, Filipe e seus cavalos passaram por inúmeros desafios e dificuldades no percurso, como ursos pardos, temperaturas diversas – entre calor intenso de 45 graus e frio abaixo de 15 graus negativos –, cartéis de drogas, estradas completamente vazias, desertos, rios, montanhas, neve, florestas e, claro, muitos imprevistos. Persistente, cruzou países em trechos nem sempre fáceis de percorrer, beirando abismos e passando ao lado de caminhões a 120 km/h. Chegou a presenciar um homem tentando assassinar a esposa e dormiu até em casa de narcotraficante.
A primeira jornada se tornou um livro chamado Cavaleiro das Américas, publicado pela editora HarperCollins Brasil. A obra, que virou best seller, ficou por mais de 13 semanas na lista de livros de não ficção mais vendidos no Brasil e irá originar um filme e um documentário com previsão de lançamento para 2021. Essa obra também foi publicada em inglês pela editora Ex Parte Press, do Canadá. Já a segunda jornada foi contada no segundo livro, publicado em inglês, pela mesma editora, neste ano. Ambos ficaram na lista de obras mais vendidas no Canadá.
O sonho de percorrer a América a cavalo vem desde criança, quando o brasileiro escutava do pai a história quase mítica de um homem que cavalgou da Argentina até Nova York para provar que os crioulos são os cavalos mais resistentes do mundo. As cenas dessa odisseia eram narradas de geração em geração na família de Filipe até que, já adulto, ele descobriu o homem real por trás de seu herói: o professor suíço Aime Tschiffely, que realizou essa jornada na década de 1920. Inspirado pela ousadia e determinação dele, Filipe nunca se esqueceu do sonho de menino de fazer a sua própria expedição.
Embaixador do Calgary Stampede, um dos maiores rodeios do mundo, Filipe foi homenageado com duas estátuas para celebrar a jornada, uma no Parque do Peão de Barretos e outra no Parque de Exposição de Londrina. O primeiro par de botas usadas na primeira viagem está exposto no museu Bata Shoe Museum, em Toronto, no Canadá. Com a jornada, ele também já ajudou a arrecadar mais de 60 mil reais em doações para o Hospital de Câncer de Barretos, em que ele é voluntário e ajuda a alertar sobre o diagnóstico precoce do câncer infantil. Filipe também roda o Brasil dando palestras em escolas e outras instituições.
Filipe Masetti Leite é jornalista, escritor, palestrante, caubói e aventureiro. Formado em jornalismo pela Ryverson University de Toronto, ele já fez trabalhos para a TV Omni, a rádio CBC e Globo Internacional. É escritor e autor do livro Cavaleiro das Américas, que narra detalhes da primeira viagem de Filipe de Calgary, no Canadá, a Barretos, em São Paulo. O segundo livro, que narra a segunda viagem, de Barretos, em São Paulo, a Ushuaia, na Argentina, foi publicado em inglês no Canadá e em breve deve ser publicado em português, no Brasil.