Relembrar no fim do ano é uma das atitudes que mais fazemos, ou seja, repensamos em tudo que passou e fazemos novas metas. Nos encontramos com o passado. E um dos maiores filmes que traz a perspectiva de reencontro com si mesmo, para mim, é o Nuovo Cinema Paradiso.
Que o cinema tem um potencial mágico de despertar sensações, nós já sabemos. Mas existem alguns filmes que conseguem entregar o que há de melhor, tanto da sétima arte quanto da vida, e um exemplo maravilhoso disso é esse longa.
O filme, que completa 31 anos de seu lançamento no Brasil, foi dirigido por Giuseppe Tornatore e conta com a música tema inesquecível, homônima ao filme, de Ennio Morricone. Talvez, Cine Paradiso tenha sido um enorme sucesso por conta de sua proximidade com a realidade. A narrativa, que apresenta a história de Salvatore (ou Toto), interpretado por Jacques Perrin na vida adulta e por Salvatore Cascio, enquanto criança, é uma espécie de alter ego de Tornatore.
Assim como o cineasta, Salvatore é da Sicília, Itália, e como um diretor consagrado, vive em Roma longe de sua terra natal e de suas origens. É a partir de um telefonema triste de sua mãe que Salvatore retorna à Sicília para reviver seu passado. Apesar de a ideia parecer bastante clichê, a narrativa, produção e interpretação surpreendem.
No pós Segunda Guerra Mundial, anos antes da televisão, poucas coisas parecem ser boas, e na pequena cidade italiana, o grande evento é o Cinema Paradiso. É com a doce perspectiva de Totó que entendemos a magia que as grandes telas têm para uma criança. A amizade entre Alfredo, projecionista do cinema, e de Totó é arrebatadora e cativante.
Como em toda boa narrativa, há o contraponto da realidade; enquanto Totó se desenvolve e amadurece em diversos e talvez os mais importantes momentos de sua vida, a modernização derruba a magia do cinema. Ao mesmo tempo em que nos ensina inúmeras lições valiosas, Cine Paradiso faz um convite à sua própria reflexão, do passado, de saudades e a importância que há em um reencontro.
Entre os cortes censurados pelo padre da cidade, nem cena de beijo era permitida, Alfredo e Totó constroem lembranças até mesmo do que nunca viram. Bem como compensam suas frustrações da vida em uma tela com máquinas que projetam sonhos.
Cinema Paradiso, entre uma construção de um personagem e seu caminho para a introspecção após reviravoltas da vida e referências mais antigas, como Charlie Chaplin, se torna um tratado de amor sobre o cinema e demonstra a forma transformadora que essa arte impacta a vida das pessoas.
É impossível assistir ao filme sem se conectar. Revolucionário por trazer a magia do cinema diretamente para nossos corações, o longa é também necessário ao momento que vivenciamos.
Sobre o cineasta: O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual. Faz parte do júri de festivais internacionais de cinema e pesquisa temas relacionados às novas tecnologias de mídia, como a realidade virtual e o futuro do cinema. Daniel também tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas. É mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos. Atualmente, cursa doutorado na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. Recentemente, seu filme Bullies foi premiado em NewPort Beach como melhor curta infantil, no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e prêmio especial do júri. O Ticket for Success, também do cineasta, foi selecionado no Animamundi e ganhou de melhor curta internacional pelo Moondance International Film Festival.
(Fonte: Enxame de Comunicação)