Os protagonistas de Bagdá Vive Em Mim costumam se reunir em um café para encarar juntos a diáspora existencial que vivem, marcada por uma saudade insaciável de seu país de origem e a consciência de que nunca mais se sentirão confortáveis lá. Esses personagens, criados pelo diretor e corroteirista Samir, expõem os grandes tabus da sociedade árabe: o ateísmo, o machismo e a homossexualidade.
O longa é ambientado em Londres, pouco antes do Natal, e gira em torno de Taufiq, poeta iraquiano e guarda noturno. O sobrinho de Taufiq, Nasseer, se volta ao islamismo radical – Yasin, um pregador extremista e seus seguidores parecem controlar o jovem. Taufiq fica contrariado – o comunista desaprova o fundamentalismo islâmico.
Taufiq busca conselhos com seus amigos no Café Abu Nawas, nomeado em homenagem a um dos maiores poetas de língua árabe. É lá que o escritor declama poesias e relembra com amigos comunistas seus antigos ideais. O café também abriga outros iraquianos em busca de liberdade; entre eles, a jovem Amal, que trabalha no local. Ela pediu asilo na Inglaterra como cristã perseguida, mas Amal na verdade estava fugindo de Ahmed, seu violento marido. Muhannad também procura refúgio no café. Ele deixou Bagdá para escapar da ameaça que sofria em seu país por ser gay.
“Os personagens lutam contra as regras tradicionais arcaicas de seu país de origem usando a liberdade que prevalece no país de acolhimento. A representação honesta de suas contradições e de suas lutas para superá-las tem o objetivo de criar empatia e conter a maré do discurso negativo predominante de exclusão. Vemos pessoas que têm arestas e falhas, mas com as quais nos familiarizamos, conhecemos seus sonhos e objetivos e torcemos por eles quando as coisas ficam difíceis”, define o diretor. “Embora a Internet agora dê a todos a oportunidade de saber sobre tudo, o avanço da proliferação das redes levou a um florescimento de preconceitos sobre «estranhos» e «outros». É quase impossível para muitas pessoas, mesmo liberais, imaginar que a maior parte do povo de um país islâmico tem tanto ou tão pouco a ver com religião quanto eles. Por outro lado, a pressão das forças religiosas no mundo árabe, tornaram-se tão fortes que obrigam os modernos e liberais a parar de se expressar, mesmo que vivam uma vida aberta”, continua Samir.
De acordo com os dados da Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), 4,7 milhões de iraquianos vivem no exílio. Eles vivem uma diáspora existencial marcada por uma saudade insaciável de seu país de origem e o conhecimento de que nunca mais se sentirão confortáveis lá.
Bagdá vive em mim estreia nos cinemas dia 2 de setembro.
Sobre o diretor e roteirista Samir | Nasceu em 1955 em Bagdá (Iraque) e, nos anos 1960, migrou com a família para a Suíça. Depois de estudar na Escola de Artes de Zurique, estagiou como tipógrafo. Em Zurique, no início dos anos 1980, foi ativista do movimento jovem radical. Seus primeiros trabalhos como autor e diretor ocorreram em 1982. Atualmente, Samir é conhecido pela singularidade de seus filmes. Seu caráter inovador chamou a atenção em vários festivais e deu a ele inúmeros prêmios. É autor de mais de 40 curtas e longas para cinema e televisão, entre eles Always & Forever (1991) e os documentários Iraqi Odyssey (2014) e Forget Baghdad (2002). Na década de 1990 também atuou como diretor de emissoras nacionais e estrangeiras. Em 1994, ele assumiu a Dschoint Ventschr Filmproduktion com o cineasta Werner Schweizer e a produtora Karin Koch. Com sede em Zurique, desenvolve novos talentos do cinema suíço. Além de seus próprios projetos como produtor e diretor independente, dirige regularmente peças de teatro e trabalhos na área de artes visuais.
Bagdá Vive Em Mim (Baghdad in My Shadow)
Suíça, Alemanha, Reino Unido, 2019, 109 min. Ficção, cor.
Direção: Samir
Roteiro: Furat Al Jamil e Samir
Produção: Joël Jent
Co-produção: Christine Kiauk, Herbert Schwering, Christine Alderson e Stina Werenfels
Direção de fotografia: Ngo The Chau
Edição: Jann Anderegg
Música: Walter Mair
Elenco: Haytham Abdulrazaq, Zahraa Ghandour, Waseem Abbas, Shervin Alenabi, Maxim Mehmet, Andrew Buchan e Kae Bahar
Distribuição: Arteplex Filmes
Sinopse: As histórias de vida de Taufiq, um escritor fracassado, de Amal, uma arquiteta se escondendo do marido, e do jovem Muhannad, gay, especialista em tecnologia, se cruzam no Abu Nawas, um café aconchegante e ponto de encontro popular para exilados iraquianos em Londres. Nasseer, sobrinho de Taufiq, instigado pelo pregador de uma mesquita islâmica radical, ataca seu tio, que desaprova o conservadorismo, e transforma a vida de todos os frequentadores do Abu Nawas.
Site: https://www.arteplexfilmes.com.br
Trailer: https://youtu.be/3HNMWJnfcVo
Instagram: @arteplexfilmes
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