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Viver próximo a áreas verdes reduz chance de transtornos mentais, sugere estudo

Brasil, por Kleber Patricio

O Parque Ecológico de Indaiatuba. Foto: Giuliano Miranda.

Pessoas que moram perto de áreas arborizadas têm menos chances de desenvolver transtornos mentais comuns, como ansiedade, estresse e quadros leves de depressão. Além disso, o bem-estar de pessoas de baixa renda é influenciado por um maior uso de parques, jardins privados, praças públicas e outros tipos de vegetação urbana em relação a pessoas de alta renda. Esse foi o resultado de estudo feito por pesquisadores do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, publicado na Revista de Saúde Pública em setembro de 2019.

Os pesquisadores analisaram dados de 2.584 funcionários técnico-administrativos que moram na cidade do Rio de Janeiro e avaliaram o nível de saúde mental a partir da aplicação questionários baseados no General Health Questionnaire, indicador usado por profissionais da saúde para detectar transtornos psiquiátricos não severos, como ansiedade e sintomas somáticos. Essas informações foram cruzadas com dados sobre a exposição a áreas verdes a partir de imagens feitas por sensoriamento remoto por satélite. O sexo dos indivíduos, a idade, a renda mensal líquida e a prática de atividades físicas também foram considerados.

Mais pobres se beneficiam mais

A renda mensal dos indivíduos teve um papel importante na relação entre saúde mental e área verde. Para os pesquisadores, populações com menos renda tendem a ter maior dependência das condições da vizinhança, já que não têm as mesmas oportunidades de lazer das classes mais altas. O alívio do estresse e outros sintomas de transtornos mentais comuns parece estar associado à capacidade das áreas arborizadas de diminuir a fadiga e o estado de vigilância da mente das pessoas. Além disso, essas áreas tornam o ambiente mais agradável ao reduzir a poluição do ar e os efeitos de calor das cidades.

Políticas públicas de planejamento urbano que incluam e preservem áreas verdes em bairros de periferia de cidades brasileiras podem beneficiar o bem-estar psicológico de seus moradores. A taxa de transtornos mentais comuns é alta em centros urbanos do Brasil. Segundo pesquisa realizada em 2014, mais de 50% da população atendida em unidades de saúde da família do Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre sofrem com sintomas de ansiedade, estresse e depressão.

Essa é a primeira investigação sobre o impacto do meio ambiente urbano na saúde mental realizada na cidade do Rio de Janeiro – a maioria dos estudos da área se foca em populações de países de alta renda. Para a pesquisadora Patrícia Amado Barreto, o próximo passo será aumentar a consistência destes estudos com análises mais sofisticadas que incluem analisar tipos de áreas verdes que podem trazer mais benefícios e se a biodiversidade tem algum papel nesta relação.

(Fonte: Agência Bori)