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“Boicote aos produtos brasileiros que possam vir do desmatamento vai aumentar imediatamente”, afirma especialista

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Mariana Carvalho.

Nesta terça-feira (17/8), Marcelo Tas conversa no #Provoca com Paulo Artaxo, um dos principais especialistas em mudanças climáticas do mundo, sobre os resultados do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) divulgado recentemente. A edição inédita vai ao ar às 22h, na TV Cultura.

Artaxo fala que não pode existir estratégia de país para país. “Caiu a ficha de que o planeta é um só. Nós somos habitantes não do Brasil, somos habitantes de um planeta. O que um americano faz do ponto de vista de emissão de gás de efeito estufa afeta um índio que está no Alto do Rio Negro e que nunca viu a cara de um homem branco”, diz.

Sobre o relatório do IPCC, o especialista comenta que é preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa, desde 2020, em 7% ao ano até 2050. “No ano passado, com a Covid-19, a redução foi de 6,7%. Seria como ter uma pandemia todo ano fazendo lockdown, parar transporte aéreo internacional. E a partir de 2050 ter emissões negativas, ou seja, plantar árvore e remover CO2 da atmosfera”, explica.

No bate-papo com Tas, Artaxo diz também que o Centro-Oeste tem uma previsão especifica de redução drástica da precipitação de chuva. “E se nós continuarmos o desmatamento da Amazônia, esta previsão se agravará porque muito do vapor d’agua que cai como chuva na região vem da Amazônia. Portanto, é uma decisão que o País tem que tomar”.

Pessoas competentes fizeram o Brasil ser essa potência no agro e têm que entender que é preciso mudar o modelo, diz Tas na edição, e questiona: como mudar? Que modelo é esse? “Eu conversei com o presidente da JBS recentemente. Ele perguntou o que eu faria. Falei que sairia da região interface entre o Cerrado e a Amazônia. Vai criar gado no Sul do Brasil, no Uruguai ou na Argentina. Porque são as regiões onde vai aumentar a precipitação, onde provavelmente a produtividade agrícola vai aumentar. Agora, independente disso, a questão do boicote aos produtos brasileiros que possam vir do desmatamento vai aumentar imediatamente e já começou”, afirma Paulo.