O renomado aquanauta, explorador de oceanos e ambientalista Fabien Cousteau anunciou em 22 de julho sua visão para o projeto Proteus, a estação de pesquisa científica subaquática mais avançada do mundo. Desenvolvido para atender às preocupações mais críticas da humanidade, como as descobertas medicinais, a sustentabilidade dos alimentos e os impactos das mudanças climáticas, o projeto do Fabien Cousteau Ocean Learning Center (FCOLC), foi concebido como uma versão da Estação Espacial Internacional. Será uma plataforma para colaboração global entre pesquisadores, acadêmicos, agências governamentais e grandes corporações ao redor do mundo para o avanço da ciência. “Como nosso sistema de suporte à vida, o oceano é indispensável para solucionar os maiores problemas do planeta. Os desafios criados pelas mudanças climáticas, o aumento do nível do mar e as tempestades extremas representam um risco de vários trilhões de dólares para a economia global”, afirmou Fabien Cousteau. Surpreendentemente, apesar de o oceano representar mais de 99% da vida na Terra, apenas 5% já foi explorado para pesquisas. “Proteus, considerado o primeiro de uma rede de habitats subaquáticos, será essencial para conduzir soluções significativas que protejam nosso futuro. O conhecimento que será descoberto debaixo d’água mudará para sempre a maneira como gerações de seres humanos vivem lá na superfície”, completa Cousteau.
Proteus estará localizado na ilha de Curaçao e a uma profundidade de 18 metros (60 pés), em uma região rica em biodiversidade e protegida do mar do Caribe. “Estamos muito satisfeitos por estar em casa para receber Proteus. Nosso incrível Mar do Caribe possui imensas riquezas ainda a serem totalmente descobertas. O potencial econômico de ter a primeira estação espacial subaquática localizada nas águas de Curaçao é enorme, da criação de novos empregos ao desenvolvimento do turismo”, manifestou Steven Martina, ministro do Desenvolvimento Econômico de Curaçao.
Proteus será quatro vezes maior do que qualquer estação subaquática existente e contará com modernos laboratórios, dormitórios e um tanque acoplado. Incluirá a primeira estufa submarina, permitindo o crescimento de alguns vegetais e marcará uma abordagem única para enfrentar alguns desafios que acompanham a vida subaquática, como não poder cozinhar com fogo. A plataforma será alimentada de forma sustentável por fontes híbridas, incluindo as energias eólica, solar e oceânica e terá uma instalação de produção de vídeo em grande escala para fornecer streaming ao vivo para programas educativos e a entrega de realidade aumentada e virtual para colaboradores ao redor do mundo.
Como a maior e mais avançada estação subaquática tecnologicamente já construída, Proteus concederá aos cientistas e aquanautas tempo suficiente para realizar mergulhos contínuos noturnos e diurnos para a coleta de dados. A plataforma possibilitará a descoberta de novas espécies de vida marinha, além de criar uma melhor compreensão de como as mudanças climáticas afetam o oceano, permitindo o teste de tecnologias avançadas para energia, aquicultura e exploração robótica. Proteus também permitirá que mergulhadores de saturação passem o dia inteiro realizando pesquisas no fundo do mar – a saturação permite ao homem viver, trabalhar e explorar grandes profundidades.
Os laboratórios de última geração facilitarão o processamento de amostras orgânicas que podem ser estudadas em tempo real, em vez de se degradarem rapidamente ou morrerem durante a árdua jornada até os laboratórios terrestres de superfície. A experimentação no local resultará em uma tubulação aprimorada para apoiar o desenvolvimento de novos tratamentos para câncer, antibióticos, vacinas e muito mais.
O design de Proteus foi co-concebido pelo renomado designer industrial Yves Béhar e sua empresa Fuseproject, que trabalhou com grandes empresas como Samsung, General Electric, Herman Miller e Prada. “O objetivo do projeto de Proteus é oferecer um serviço eficaz, confortável e com uma instalação atraente para pesquisadores, além de uma estrutura subaquática emocionante que acumule a mesma paixão pela exploração oceânica como a exploração espacial. A arquitetura espiral em Proteus abriga espaços sociais e de trabalho, bem como um estúdio de comunicação e um tanque submersível. Proteus é prático e um ícone que mudará a maneira como experimentamos a pesquisa oceânica”, salientou Béhar.
Proteus parte do sucesso monumental da Missão 31 (de 2014), quando Fabien Cousteau liderou cinco aquanautas na estação Aquarius, localizada a 15 quilômetros da costa de Florida Keys e a 100 metros de profundidade. Ele bateu o recorde que pertencia ao avô Jacques Cousteau (30 dias) e ficou 31 dias vivendo lá embaixo. Assim, realizou três anos de pesquisa em apenas um mês, resultando em 12 estudos científicos e 9.800 artigos acadêmicos publicados.
Os parceiros estratégicos do projeto Proteus são Northeastern University, Rutgers University e a Caribbean Research and Management of Biodiversity (CARMABI), além da Escola de Oceanografia da Rhode Island University.