Um verdadeiro tesouro muito perto de Goiânia ainda permanece desconhecido para a maior parte da população. A Floresta Nacional (Flona) de Silvânia, localizada a apenas 73 quilômetros da capital, é um dos principais santuários de preservação e visitação do bioma cerrado, sendo uma das duas áreas de preservação em Goiás elevadas à categoria de Floresta Nacional (a outra é a Flona de Mata Grande, no município de São Domingos, região norte do estado). Atualmente sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a floresta está aberta à visitação agendada.
Em 1948, a área onde está hoje a Flona ainda era uma fazenda de propriedade particular de um morador da região. No ano seguinte, por proposta do deputado federal Galeno Paranhos, o governo federal criou ali o Horto Florestal de Silvânia, liberando verba para a aquisição da fazenda. Desde então, a área de 486 hectares se tornou um dos principais locais de estudo sobre o cerrado, sendo alçada à categoria de Floresta Nacional em 2001, ainda sob gestão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Nas paisagens naturais, repletas de exemplares da flora típica da região, é possível encontrar pequi, baru, ipê, bacupari, jacarandá, bálsamo, cagaita e angico, entre outros símbolos do cerrado goiano. Entre os destaques da fauna presentes na unidade de conservação, estão espécies ameaçadas de extinção, como o gato-do-mato, o lobo-guará e o tamanduá-bandeira. Essa farta riqueza natural goiana é digna de ser lembrada e celebrada neste Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado em 22 de maio.
Atualmente, a Flona de Silvânia tem duas vocações principais bem definidas: pesquisa e visitação. De acordo com Pedro Vilela, engenheiro florestal e assessor da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás (Seapa), esta é uma das principais características de uma Floresta Nacional.
Para visitar, pesquisar e preservar | “Existem unidades de conservação que se destinam somente à preservação, com pesquisas restritas, e outras que são direcionadas à exploração e visitação. As Flonas têm por objetivo combinar a visitação e a pesquisa. Então, podemos dizer que uma grande característica dessas unidades é a interação com o público. Logo, são muito importantes por entregarem uma vivência mais profunda das pessoas de centros urbanos com a natureza em grandes áreas preservadas. As Flonas propiciam uma grande ligação entre pessoas e a natureza”, avalia Pedro Vilela.
Outro destaque da Flona de Silvânia é a estrutura aberta a estudiosos do cerrado, com biblioteca com mais de 500 títulos sobre fauna, flora e ecologia, alojamentos para pesquisadores e casa de apoio. Para os visitantes, a principal atração é a grande quantidade de trilhas, tanto para caminhantes quanto para ciclistas. Uma delas, de cerca de um quilômetro, é ideal para famílias com crianças e idosos, enquanto outra, de 2,5 quilômetros de extensão, proporciona um passeio por uma área com vegetação mais densa e mata mais fechada.
A área de lazer e visitação da Flona também oferece mesas, bancos e sanitários, além de pontos de energia elétrica para grupos de turistas, pessoas da comunidade, estudantes e pesquisadores. Há ainda um mirante, que proporciona uma vista ampla de toda a região, um viveiro com mudas de espécies nativas, um pequeno lago artificial e algumas pontes – tudo sinalizado para enriquecer a experiência dos visitantes. De acordo com Pedro Vilela, essa característica de estar aberta ao público é fundamental para despertar nas pessoas o interesse em conhecer e valorizar o cerrado, bioma que, segundo ele, ainda precisa ser mais reconhecido no Brasil. “Com certeza, o cerrado ainda carece de valorização e reconhecimento, que precisa ser mais estudado e mais preservado. Por se tratar de bioma riquíssimo, com grande diversidade, o cerrado cumpre uma função ecológica muito importante em todo o ecossistema do país, com trânsito de muitas espécies. No mundo inteiro, não existe um bioma de savana tão rico e diverso como o nosso cerrado. Acredito que quanto mais pessoas visitarem a Flona de Silvânia, mais aumenta a vontade de pedir aos órgãos responsáveis a expansão e a melhoria dessa e de outras unidades de conservação”, defende o engenheiro florestal.
Durante a pandemia do novo coronavírus, as unidades de conservação sob gestão do ICMBio permaneceram fechadas entre março e agosto de 2020, passando por uma reabertura gradual a partir de então. Atualmente, a Flona tem seguido os protocolos de segurança sanitária estabelecidos pelo município de Silvânia e não permite a visitação de grupos com muitas pessoas. O acesso à Flona de Silvânia a partir de Goiânia se dá por meio da GO-330, que faz interligação com a GO-010. A visitação é gratuita e recomenda-se aos interessados que entrem antecipadamente em contato com a administração da unidade, pelo telefone (62) 99221-4407 ou o e-mail florestasilvania.go@icmbio.gov.br, para que o passeio possa ocorrer sem imprevistos.