O mundo está em processo de resgate em diversos aspectos. Se tratando de gastronomia, mais que nunca, vivemos em tempos de reeducação alimentar e de uma nova consciência que utiliza, de forma responsável e eficiente, os recursos naturais, como sobras, talos, folhas e cascas. O nome desse processo é reaproveitamento, onde nada é jogado fora – o alimento é tratado de maneira saudável desde o seu cultivo, feito de forma natural, respeitando o solo e o planeta, até a sua distribuição, chegando à mesa dos brasileiros.
Atualmente, percebe-se um número grande em práticas de desperdício em nosso país já no processo de colheita e transporte dos mesmos, quando os que não apresentam cores vibrantes e folhas vivas são automaticamente descartados. Entretanto, “São infinitas as técnicas e meios para utilizar os alimentos em sua totalidade, como cascas, polpas, sementes e talos. Onde e como? Em sua cozinha, aliando-os as frutas, verduras, e demais insumos de sua rotina de consumo”, sugere a personal chef Patrícia da Paz.
“Os talos de brócolis, couve, salsa e coentro podem ser utilizados em pratos como arroz colorido, saladas, farofas e sopas. Cascas de cebola, cenoura, chuchu e aparas de pimentão podem ser utilizados em caldos de legumes, substituindo os saborizantes industrializados. Cascas de batatas inglesa, doce ou salsa, por exemplo, podem ser fritos, ou assados e servidos de forma temperada, como chips”, afirma Patricia.
A maneira como os alimentos são manipulados pode interferir no reaproveitamento – dê preferência aos assados, à utilização de vapor e aos crus. Em sua maioria, as sobras podem ser congeladas se não forem para consumo imediato. “Importante entender que o processo é gradativo e torna-se natural a partir do momento em que entendemos o quanto talos, folhas e sementes possuem de nutrientes e vão muito além; geleias, doces, sobremesas, compotas e patês também podem surgir das cascas de beterraba, cenoura, abacaxi e melancia”, ensina a chef.
E, ainda, sementes como as de melão podem ser utilizadas para a produção do leite vegetal; sementes de girassol, na produção de óleos e sementes de abóbora, para petiscos e farinhas. Os óleos essenciais também são um benefício para a saúde e as cascas cítricas são muito utilizadas nesse processo. “Em nosso dia a dia, podemos deixar nossos pratos mais saborosos, coloridos e saudáveis somente utilizando o que anteriormente iria para o lixo. E, sobre o lixo, ele também pode ser transformado em energia vital para a natureza. Sabe o talinho da cebola? Isso, aquele mesmo, com fiozinhos de raiz – ele pode ser replantado, assim como os da cenoura, entre outros”, explica.
Se tudo já foi reaproveitado para consumo e então sobrar lascas e partes não consumíveis e digeríeis, ainda existe a compostagem, uma maneira muito eficaz e sustentável de manter a horta, em vasos ou na terra com nichos, sempre vigorosa. A partir de agora, você possui diversas possibilidades para tornar a responsabilidade alimentar cada dia mais presente em sua rotina e atrativa aos outros. O ato de alimentar-se é biológico, mas o processo pode ser muito mais saboroso e você ainda estará fazendo a sua parte pelo planeta, transformando o ciclo alimentar em algo eficiente e ecológico.